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sábado, abril 13, 2013

Três. Charles Fonseca.

TRÊS
Charles Fonseca

Às três? Não, as três? Também não. Uma de cada vez. E em épocas diferentes. A primeira gostava da clínica dos grandes animais. Um corpo escultural. Era empregada de uma estatal mas só ia lá de vez em quando. Namorava um estudante de medicina que já se encontra no além. Mas no aquém perdeu a distinta pra outro colega. Por que mesmo não sei. Era risonha a morena. Olhar engateado, ronronava, baixinho. Mas era muito diversificada nos seus passeios. E o pobre do estudante não tinha meios de bancar os divertimentos. Assim é que exatamente onde há um marco comemorativo da chegada dos portugueses ao Brasil, ao luar, praia deserta, a lua solitária, o marulhar das ondas, vestida como veio ao mundo, o veio em mel, o chegante muito respeitoso que tinha leve tendência para a esquerda, muito trabalhador, ao ponto de chorar quando cumpria bem o seu destino, o seu trabalho que aliás nem dava trabalho, nem tinha trabalho, um tracadalho. Alta madrugada, outro lual, balaustrada do Farol da Barra, barra pesada, a lua encantada, muito miau. Corredor da Vitória, beira da ribanceira que dá pra Baia de Todos os Santos a relva revolta, a veste solta, a mesma história. Sempre às horas caladas da noite. Frente à escola, não tinha problema, bairro Ondina, aqui menina. Dia seguinte o professor lhe parabenizou pelo desempenho. Que fazia ele àquelas horas ermas?

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