FILHOS DA RUA
Aline de Mello Brandão
A rama da manhã que acaso enredo
traz nua a alma do sol, trama e segredo.
A rua inteira acorda seus conflitos:
motores, tosses, carros, novos gritos
na boca armada, enfim, bebendo a taça
entredormida entre o sono e a sede
velando esta cidade onde boceja
o cidadão comum, o empresário,
a verdureira, o padeiro, o vigário,
os armazéns e as portas de oferendas
as percentagens expostas em suas vendas
num ensaio vivo de outra escravidão.
A esperança sofreu seu desmame
no estalar das bolas de sabão.
Precocemente foi-se a ama de leite,
foi com o marujo, no sonho cruzado
e a mãe de parto, ah...esta nem pensa
que o filho vende nos limões da feira,
sacolas feito pão-de-cada-dia
e os picolés da prostituição,
cheirando a cola, junto à podridão.
Filha da rua, esta pariu o anjinho
feto afogado / era bonitinho
na escadaria - pedra do alagado.
O seio vaza, o leite insinuado.
Traz nua a alma do sol, trama e segredo,
a rama da manhã que acaso enredo.
sexta-feira, janeiro 25, 2013
Filhos da rua. Aline de Mello Brandão.
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