domingo, dezembro 02, 2012

Chuva de vento. Mauro Mota.

CHUVA DE VENTO
Mauro Mota

De que distância

chega essa chuva
de asas, tangida
pela ventania?

Vem de que tempo?

Noturna agora
a chuva morta
bate na porta.

(As biqueiras da infância, as lavadeiras

correm, tiram as roupas do varal,
relinchos do cavalo na campina,
tangerinas e banhos no quintal,
potes gorgolejando, tanajuras,
os gansos, a lagoa, o milharal.)

De onde vem essa

chuva trazida
na ventania?

Que rosas fez abrir?

Que cabelos molhou?

Estendo-lhe a mão: a chuva fria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário