A CALÇA RASGADA
Charles Fonseca
Precisava de segunda via da carteira de motorista. Por motivo outro saí do Estado em que estava o fui ao outro de onde viera. Passagem de retorno comprada para daí a duas horas, véspera de feriado. Fim de tarde e precisava do documento assinado pela diretora. Calor, muito calor. De bermuda tentei entrar na sala da dita. Fui barrado. De bermuda não pode, disse-me a recepcionista vestida de mini saia. Saia por ai, falou sutilmente, ao lado tem uma sala em reforma; sugiro que consiga alguma calça com algum operário... Fui às pressas ao local mas só encontrei o chefe da equipe que generosamente me emprestou a dita, rasgada, suja de cal, cimento, riscada aleatoriamente. Um primor. Vesti sobre a bermuda aquela imunda, voltei e, agora sim, o senhor pode entrar. Pedi desculpas à diretora e expliquei-lhe o motivo de estar tão mal vestido perante ela. Olhou-me e acanhadamente me deu o documento assinado. Oh, Salvador!
domingo, dezembro 23, 2012
A calça rasgada. Charles Fonseca. Prosa
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