SEREIA
Marcia Tigani
Repousa no mar um'esperança
na verde cor das ondas e das velas.
Umas aves silenciosas e opacas
desvendam mistérios da superfície
das águas ,em múltiplas aquarelas.
Adormecida(ou morta) está à espera
de luz e do ar da primavera.
Surge silenciosa e bela,na vastidão
do horizonte,em promontórios
e nas rochas calcificadas da paixão.
São sinuosas as formas desta fêmea
antes morta,enregelada,ou esquecida.
Desperta do sonho essa quimera
e se colocam lânguidos e desejosos
os fartos seios da donzela.
Conhecida d'outros tempos,d'outras eras
num templo de beleza chamado juventude,
a que passa breve,qual divino estro
e no cio da tarde dormece à espera,
expondo assim a dor da finitude.
E ainda que meu corpo anoiteça ,
cada estrofe e cada verso do poema,
tira-me das águas , lava-me a areia
o mar revolto dos meus velhos sonhos
e me devolve o desejo rubro de sereia.
domingo, novembro 18, 2012
Sereia. Marcia Tigani.
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