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sábado, junho 02, 2012

Duas almas

DUAS ALMAS
Alceu Wamosy

Ó tu que vens de longe, ó tu, que vens cansada, 
Entra, e, sob este teto encontrarás carinho: 
Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho, 
Vives sozinha sempre, e nunca foste amada... 

A neve anda a branquear, lividamente, a estrada, 
E a minha alcova tem a tepidez de um ninho, 
Entra, ao menos até que as curvas do caminho 
Se banhem no esplendor nascente da alvorada. 

E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa, 
Essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua, 
Podes partir de novo, ó nômade formosa! 

Já não serei tão só, nem irás tão sozinha. 
Há de ficar comigo uma saudade tua... 
Hás de levar contigo uma saudade minha...

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