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sexta-feira, maio 25, 2012

A meu pai morto. Augusto dos Anjos.

A MEU PAI MORTO 
Augusto dos Anjos 

Madrugada de Treze de janeiro. 
Rezo, sonhando, o ofício da agonia. 
Meu Pai nessa hora junto a mim morria 
Sem um gemido, assim como um cordeiro! 

E eu nem lhe ouvi o alento derradeiro! 
Quando acordei, cuidei que ele dormia, 
E disse à minha Mãe que me dizia: 
«Acorda-o»! deixa-o, Mãe, dormir primeiro! 

E saí para ver a Natureza! 
Em tudo o mesmo abismo de beleza, 
Nem uma névoa no estrelado véu... 

Mas pareceu-me, entre as estrelas flóreas, 
Como Elias, num carro azul de glórias, 
Ver a alma de meu Pai subindo ao Céu!

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