Massarandupió.

Foi em Massarandupió. Na praia uma profusão de biquinis, sungas, fio dental, calções, etc. Multicores. A luz dourada do sol bronzeava os corpos ou os acobreava conforme a origem racial de cada um. Ao meu lado duas mulheres. Uma recém conhecida, suando em bicas, sessentona, retinta. A outra, cinquentona. Súbito, o convite para irmos à praia vizinha, só para nudistas. Quem tem coragem de ir? Os três.
Primeira barreira, uma fileira de bandeirolas fincadas na areia. Depois uma segunda barreira, semelhante. A terceira, quando levantei os olhos, um homem alto e corpulento, nú.
Pasmo, naturalmente ele nos disse que já estávamos na praia dos nudistas e eles quando queriam ir à praia de onde viemos vestia uma sunga. Convidou-nos a ficarmos como todos. Nus.
- Não seja por isso! Tirei a bermuda e a sunga. A sexagenária, mais que depressa, também. A outra acompanhante recusou-se terminantemente a nos imitar, ela tão liberal se dizia e fazia.
Aos poucos fomos cercados por meninos, velhas e moças, uma linda. A minha defesa era só pensar em idéias elevadas... Nada abaixo dos olhos de todos, especialmente da bela que conversava naturalmente comigo, eu beirando os sessenta. Ela, os vinte. Pra minha felicidade apareceu um colega cardiologista do grupo me convidando a voltar sempre por ali. A plateia perto sorrindo e batendo palmas para nós. Acanhado, nunca fui tão aplaudido, corri em desabalada carreira para o oceano que me agasalhou em suas águas mornas. Fazer xixi naquele momento era uma necessidade imperiosa. Vicariante, talvez... E o mar me esperava e eu nada conseguia. Agora já era um desejo doloroso. Nada. Só houve um jeito. Saí em disparada daquele ambiente tão livre de pudores até um coqueiro mais distante e ali irriguei o coitado sob um sol escaldante. Que alívio!