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sexta-feira, abril 27, 2012

Delírio

DELÍRIO 
Olavo Bilac 

Nua, mas para o amor não cabe o pejo 
Na minha a sua boca eu comprimia. 
E, em frêmitos carnais, ela dizia: 
- Mais abaixo, meu bem, quero o teu beijo! 

Na inconsciência bruta do meu desejo 
Fremente, a minha boca obedecia, 
E os seus seios, tão rígidos mordia, 
Fazendo-a arrepiar em doce arpejo. 

Em suspiros de gozos infinitos 
Disse-me ela, ainda quase em grito: 
- Mais abaixo, meu bem! - num frenesi. 

No seu ventre pousei a minha boca, 
- Mais abaixo, meu bem! - disse ela, louca, 
Moralistas, perdoai! Obedeci...

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