sexta-feira, março 09, 2012

A dor da separação

Afrodite e Adonis, a dor da separação


A figura de Adônis é relacionada desde a antiguidade clássica, ao modelo de beleza masculina. Adon significa Senhor em fenício e foi na Grécia Antiga que sua lenda adquiriu maior significação. O nascimento de Adônis foi fruto de relações incestuosas entre Smirna ou Mirra e seu pai Téias, rei da Assíria, que enganado pela filha, com ela se deitou 12 vezes. Quando percebeu a trama, Téias quis matá-la e Mirra pediu ajuda aos deuses que a transformaram em uma árvore, a Mirra. Da casca dessa árvore nasceu Adônis.

Maravilhada com a extraordinária beleza do menino, Afrodite tomou-o sob sua proteção e o entregou a Perséfone, deusa dos infernos, para que o criasse. Quando Adônis cresceu, as deusas passaram a disputar a companhia do menino. Zeus ao julgar a questão estipulou que ele passaria um terço do ano com cada uma delas, mas Adônis preferia Afrodite e permanecia sempre com ela.

Brincando com seu filho, Afrodite se feriu com uma das flechas do amor de Eros. Antes que pudesse curar-se, Afrodite se apaixonou por Adônis. Ela passava o tempo todo com Adônis e quando ele saia para caçar, Afrodite recomendava:

- " Sê bravo com os tímidos pois a coragem contra os corajosos não é segura. Evita expor-te ao perigo para não ameaçar a minha felicidade. Não ataque os animais que a natureza armou. Não aprecio tua glória ao ponto de consentir que a conquiste expondo-te assim. Tua juventude e a beleza que me encantam, não enternecerão os corações dos leões e dos rudes javalis. Pensa em suas terríveis garras e em sua prodigiosa força. "

Logo depois Afrodite tomou seu carro puxado por cisnes e partiu através dos ares. Adônis, porém, era demasiadamente altivo para seguir tais conselhos. Imediatamente seus cães expulsaram um javali de seu covil e o jovem lançou seu dardo, ferindo o animal. Mas a fera não se amendrontou e investiu contra Adônis, que em vão tentava correr. Por fim, o javali o alcançou cravando-lhe os dentes, deixando-o estendido e moribundo.

Afrodite ouviu os gemidos de seu amado e voltou à terra com seus corcéis de brancas asas. Do alto viu o corpo sem vida de Adônis, coberto de sangue. Curvando-se sobre ele, esmurrou o peito e acusou as Parcas:

- " Sua ação constituiu um triunfo parcial. A memória de meu sofrimento perdurará, e o espetáculo de tua morte e de tuas lamentações, anualmente será renovado em memória de Adônis. Teu sangue será transformado em uma flor; este consolo ninguém pode me negar."

Espalhando néctar sobre o sangue, ao se misturarem, transformaram-se numa lagoa de onde nasceu uma flor cor de sangue, uma flor de vida curta. Dizem que o vento lhe abre os botões e depois arranca e dispersa as pétalas; assim é a Anêmona chamada de flor-do-vento, pois o vento é a causa tanto de seu nascimento como de sua morte. Sem poder conter a tristeza causada pela perda do amante, Afrodite instituiu uma cerimônia de celebração anual para lembrar sua trágica e prematura morte. Entre rosas e jacintos, muitas vezes repousa o jovem Adônis. Amortecida a dor, a seu lado jaz a triste rainha dos assírios.

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