sábado, dezembro 10, 2011
A vida dura de Zé Mole
Então. Ela tinha um ex-cunhado. Alcoólatra morava numa casa de telha vã, de adobe e sem reboco, um misto de oficina de marcenaria e abrigo. Chegada recentemente à nova cidade do sudoeste da Bahia mandou-me procurar o Zé, seu nome. Lá cheguei e ele fedia. Sebento. Parecia que não tomava banho há meses. Barbudo. Fogão a lenha. Levei-lhe um recado dela de que se quisesse morar conosco, nada lhe custaria com a condição de tomar banho diariamente e não beber. Aceitou e assim passamos a contar com a presença de Zé Mole, conosco. Anos se passaram. Um dia, no almoço, enquanto servia a todos ela comentava sobre algo da política nacional que ouvia pelo rádio. E de como faria se fosse governante. O taciturno Zé Mole exclamou: “- Se você fosse a Presidente da República, botava o Brasil a pique”. E ela: “- É mesmo: e o primeiro que ia a pique era você”. Ela foi de avião da Panair para o Rio de Janeiro entregar o Zé a uma das filhas. Adolescente, fui com o Zé no fundo de um ônibus sobre um banquinho de madeira já que não havia mais poltrona disponível nem dinheiro para passagem aérea. Dormimos em Teófilo Otoni, MG, num quarto beira de estrada com paredes de madeira. 1.255 km em estrada cascalhada, a Rio - Bahia.
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