A LAGARTIXA
Álvares de Azevedo
A lagartixa ao sol ardente vive
E
fazendo verão o corpo espicha:
O clarão de teus olhos me dá vida
Tu és o
sol e eu sou a lagartixa.
Amo-te como o vinho e como o sono,
Tu és meu
copo e amoroso leito
Mas teu néctar de amor jamais se esgota,
Travesseiro
não há como teu peito.
Possa agora viver: para coroas
Não preciso no
prado colher flores;
Engrinaldo melhor a minha fronte
Nas rosas mais
gentis de teus amores.
Vale todo um harém a minha bela,
Em fazer-me
ditoso ela capricha;
Vivo ao sol de seus olhos namorados,
Como ao sol de
verão a lagartixa.
segunda-feira, novembro 28, 2011
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