sábado, agosto 20, 2011


SONETO OCO
Carlos Pena Filho

Neste papel levanta-se um soneto,
de lembranças antigas sustentado,
pássaro de museu, bicho empalhado,
madeira apodrecida de coreto.

De tempo e tempo e tempo alimentado,
sendo em fraco metal, agora é preto.
E talvez seja apenas um soneto
de si mesmo nascido e organizado.

Mas ninguém o verá? Ninguém.
Nem eu, pois não sei como foi arquitetado
e nem me lembro quando apareceu.

Lembranças são lembranças, mesmo pobres,
olha pois este jogo de exilado
e vê se entre as lembranças te descobres.





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Cuidado ao dirigir (se).Clique na imagem








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HAVER? A VER
Charles Fonseca

Fotografar o silêncio
Escutar o frio arfar
Olhar o grande roncar
Das entranhas em sentinas

Dar conselho olvidos moucos
Beijar nossa solidão
Abraçar sem dar perdão
Aos silentes barulhentos

Eis aí nossa missão
A deles é o penar
Pedras perto sim já há
Cimento areia traição

Pra sepultar a mutreta
Preto instinto vomita
Defeca poeira brita
Ai, que bom, geme, foi peta.

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