SONETO OCO
Carlos Pena Filho
Neste papel levanta-se um soneto,
de lembranças antigas sustentado,
pássaro de museu, bicho empalhado,
madeira apodrecida de coreto.
De tempo e tempo e tempo alimentado,
sendo em fraco metal, agora é preto.
E talvez seja apenas um soneto
de si mesmo nascido e organizado.
Mas ninguém o verá? Ninguém.
Nem eu, pois não sei como foi arquitetado
e nem me lembro quando apareceu.
Lembranças são lembranças, mesmo pobres,
olha pois este jogo de exilado
e vê se entre as lembranças te descobres.
Carlos Pena Filho
Neste papel levanta-se um soneto,
de lembranças antigas sustentado,
pássaro de museu, bicho empalhado,
madeira apodrecida de coreto.
De tempo e tempo e tempo alimentado,
sendo em fraco metal, agora é preto.
E talvez seja apenas um soneto
de si mesmo nascido e organizado.
Mas ninguém o verá? Ninguém.
Nem eu, pois não sei como foi arquitetado
e nem me lembro quando apareceu.
Lembranças são lembranças, mesmo pobres,
olha pois este jogo de exilado
e vê se entre as lembranças te descobres.
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HAVER? A VER
Charles Fonseca
Fotografar o silêncio
Escutar o frio arfar
Olhar o grande roncar
Das entranhas em sentinas
Dar conselho olvidos moucos
Beijar nossa solidão
Abraçar sem dar perdão
Aos silentes barulhentos
Eis aí nossa missão
A deles é o penar
Pedras perto sim já há
Cimento areia traição
Pra sepultar a mutreta
Preto instinto vomita
Defeca poeira brita
Ai, que bom, geme, foi peta.
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