Charles Fonseca
Conheceu certa vez bela bichana
Que miava de pé num bom português
Mas quando deitada catita na cama
Miava, unhava seu gato maltês.
O gato, coitado, depois ronronava
De pé, meio homem, miava poeta
Na cama, bom gato, de pé um pateta
Felino, esteta, da gata gostava
Nem rato sequer o bichano caçava,
Por gato e sapato ela assim o fizera
De tanto arrulhar, uma pomba poeta
Fez ele olhar rola-fêmea aninhada
E lá se viu ele já menos felino
Ladino poeta já quase arrulhante
De volta, discreto, já quase cantante
Deitou-se com a gata já mais faro fino.
------------------------------------------------
Memória
Implicante: ascensão e queda de Alfredo Nascimento
Clique:
http://youtu.be/tYUARs3UglA--------------------------
VELHO CASARÃO
Charles Fonseca
Ah! meu velho casarão
Da Fazenda São João!
De ti tenho só saudade.
Que pena em te ver só,
Branco azul avermelhado!
Também fui abandonado
- Mas quem te deu o desprezo oh poeta sofredor?
- Foi aquela inesquecível
Que um dia me jurou:
Jamais vou te abandonar.
Por duas vezes falou!
Uma, com voz de criança
Outra, já grande e a brilhar.
Longe dela, fico insone,
Se me fala, fico em paz.
Então, velho casarão,
Das ilusões que ainda tenho
Esta, aos teus pés, aqui jaz.
-------------------------
Für Elise (Piano version). Beethoven
Nenhum comentário:
Postar um comentário