domingo, agosto 21, 2011


A assembléia (reunião) dos ratos.

 Um gato que o cão suscitara para a ruína dos ratos, o Napoleão, o César dos gatos, devastava o mundo; por mais ligeiros e espertos que se mostrassem os ratos, o valente e ardiloso César tantos via quantos deixava pelo chão estendidos. Matava por gosto, por ódio de raça, e não pela necessidade da fome. Nas vésperas de sua total ruína, os ratos reuniram-se em assembléia geral, para assentarem no que deveriam fazer em tamanha calamidade. Vendo-os reunidos, e compenetrados da sua importante missão, um deles, que presumia de orador e de estadista, pediu a palavra, e depois do mais patético discurso, concluiu: “Proponho que se ate um guizo (chocalho) ao pescoço do gato; assim qualquer movimento seu nos será denunciado por este estridor amigo, e tão infelizes não seremos, que não achemos algum buraco em que logo nos asilemos“. “Apoiado, apoiado!” bradaram com entusiasmo os ratos; um deles, porém mais velho e pensador: “Apoiado sim”, disse, “a lembrança é sagacíssima; mas quem há de atar o guizo (chocalho) ao pescoço do gato?”
Esopo

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