A
assembléia (reunião) dos ratos.
Um gato que o cão suscitara para a ruína dos
ratos, o Napoleão, o César dos gatos, devastava o mundo; por mais ligeiros e
espertos que se mostrassem os ratos, o valente e ardiloso César tantos via
quantos deixava pelo chão estendidos. Matava por gosto, por ódio de raça, e não
pela necessidade da fome. Nas vésperas de sua total ruína, os ratos reuniram-se
em assembléia geral, para assentarem no que deveriam fazer em tamanha
calamidade. Vendo-os reunidos, e compenetrados da sua importante missão, um
deles, que presumia de orador e de estadista, pediu a palavra, e depois do mais
patético discurso, concluiu: “Proponho que se ate um guizo (chocalho) ao
pescoço do gato; assim qualquer movimento seu nos será denunciado por este
estridor amigo, e tão infelizes não seremos, que não achemos algum buraco em
que logo nos asilemos“. “Apoiado, apoiado!” bradaram com entusiasmo os ratos;
um deles, porém mais velho e pensador: “Apoiado sim”, disse, “a lembrança é
sagacíssima; mas quem há de atar o guizo (chocalho) ao pescoço do gato?”
Esopo
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