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quarta-feira, abril 20, 2011

Separação...

por Mônica Klein

A dor de uma separação é, na verdade, um conjunto de dores...é a dor do fracasso por ter investido tanto sentimento, tempo e esperança em uma relação que chegou ao fim. É a dor de ter que se desfazer de tantos planos e sonhos imaginados juntos e ter que aceitar que agora cada um vai para um lado...é a dor do desapego, ou da tentativa do desapego, afinal, não se deixa de amar de uma hora pra outra. É a dor de saber que, apesar de não ter mais que lidar com os defeitos do outro, que tanto machucavam, também não haverá mais aqueles momentos que tornavam tudo especial. É a dor da ausência, ausência de tudo, do corpo e do espírito, das risadas, dos xingamentos, das piadas particulares, dos significados de olhares que só vocês entendiam... é a dor da lembrança, que permanece em todos os cantos que vocês já passaram, em todos os restaurantes em que vocês já jantaram, em todas as musicas que vocês já cantaram ou escutaram juntos...

O que mais dói na separação é aquela sensação de impotência, de vazio, de desgaste emocional... é como se um imenso aspirador tivesse sugado toda a sua alma e não houvesse mais energia pra continuar. É uma sensação de culpa que fica, e que por mais que a gente racionalmente acredite que fez o que pôde, sempre vai nos cutucar com um “e se?”, porque no fundo acreditamos que não existe um único culpado na história. É a dor da preocupação com o outro... de querer saber como ele está passando sem você, e ao mesmo tempo a dor da vaidade, do medo de descobrir que ele está melhor do que você imagina. É a dor da contradição, de querer que o tempo apague tudo o mais rápido possível, de querer se afastar de tudo de uma vez, mas ficar checando a caixa de e-mail, o MSN, o celular a cada minuto, esperando um sinal, a menor desculpa pra dar uma segunda chance.

Às vezes,no entanto, a separação é necessária, porque por mais dolorosa que seja, pode ser ainda menos dolorosa que a decisão de continuar. Às vezes, é preciso ouvir um pouco menos o coração e colocar tudo numa balança. Tudo mesmo. Se possível, fazer um gráfico, medindo o seu grau de felicidade, satisfação, desde o início do relacionamento. Se a balança pesar mais pro lado negativo ou se o gráfico for nitidamente descendente, algo está obviamente errado. A menos que você seja um daqueles que acreditam que o amor é sofrimento, não se conforme com menos do que merece. Procure ver se o problema é algo passageiro, ou se é questão de formas diferentes de ver o mundo, objetivos de vida muito distintos, valores e princípios incompatíveis etc. Não caia na conversa de que opostos se atraem. Isso não é regra. É preciso uma liga entre os dois, algo que nutra admiração e que sirva como base sólida para construir algo juntos... e acredite, por melhor que seja o sexo, isso nunca vai sustentar nenhum romance por muito tempo.

Não caia no erro de apoiar sua felicidade no futuro próximo, na idéia de que as coisas irão mudar e de que as transformações irão acontecer mais cedo ou mais tarde. Ou você se conforma com a idéia de que talvez ele nunca pare de fumar, de que seu temperamento difícil faz parte de sua personalidade e de que sua mania de organização não é um T.O.C e sim motivo de orgulho pra ele, ou você vai ficar sempre adiando sua felicidade, se sentindo frustrada e decepcionada com o agora. É um grande engano ficar idealizando um futuro perfeito para os dois, se o próprio presente não está agradando. É mais fácil que as coisas piorem que o contrário. Pelo menos o melhor é acreditar nisso, pois assim o que vier de melhora é lucro. Acreditar que o outro tem que mudar pra você ser feliz, além de ser burrice é egoísta, pois parte do pressuposto de que você não aceita a pessoa como ela é.

Amar significa, antes de tudo, estar bem. O amor tem que representar tranqüilidade e ser um porto seguro. A paixão é adrenalina, é aquele frio na barriga antes de se encontrar, é o medo de não ser tão boa, tão gostosa ou tão inteligente a ponto de ele te querer... é a insegurança, medo, a sensação de que tudo depende de você e de que você está sendo testada o tempo todo. É colocar o outro no centro das atenções, é atribuir ao outro a própria felicidade, é ser exagerada, incontida, impulsiva. Isso é maravilhoso, mas cá pra nós, ninguém consegue viver nessa montanha russa o tempo todo, nessa rotina frenética e intensa...daí vem o Amor, que é um suspiro de alívio, uma sensação de paz que traz consigo uma certa dose de maturidade, cumplicidade... é o Amor que te dá segurança emocional, que faz você perceber que ele estará ao seu lado, ainda que você acorde mal humorada, fique doente ou use pijamas de flanela. É o Amor que faz você se sentir compreendida e que te dá suporte, caso todo o resto esteja indo mal. É o Amor que te dá amparo pra enfrentar qualquer coisa, qualquer problema. Amar alguém e ser amado é isso. É confiar no outro e ser correspondida. É não se sentir sozinha. É saber que sua felicidade é prioridade pra ele e vice-versa.

Se o amor não for capaz de te dar isso, então não vale a pena continuar. Se além de todas as preocupações que temos no dia-a-dia, o relacionamento for mais uma constante preocupação e mais um motivo de estresse, então o Amor perde o seu sentido, a sua razão de ser. Não adianta continuar por medo de ficar sozinha. A solidão independe de estar ou não com alguém. Não viva acumulando mágoas, guardando ressentimentos, trocando ofensas... isso não é bom pra nenhum dos dois. E não pense que você deve bancar a Madre Teresa de Calcutá pra ser altruísta nessas horas. Se vc ama, então merece ser amada. Se não está sendo correspondida, seja corajosa e saia desse relacionamento. Talvez o problema não seja necessariamente ele ou você, em particular. Talvez vocês simplesmente não combinem. Talvez uma amizade seja a melhor saída. Só não saia acreditando que ele é o ultimo biscoito do pacote. Simples assim... bom, talvez nem tanto... Dói? Dói. Você vai chorar, vai ficar arrasada, vai achar que talvez nunca mais encontre alguém mais interessante e blá blá blás...mas no final das contas, o que sobrevive pra contar a história é a experiência, a sabedoria e a certeza de que nem mesmo os poetas morrem literalmente de amor.



Mônica M. Klein






Giovanni Lanfranco




Uma mulher invisível
Clique: http://youtu.be/WBSAVK2xLgU






El Dia Que Me Quieras
Clique: http://youtu.be/RmXCVOmOCPU
Acaricia meu sonho
O suave murmúrio de o teu suspirar
Como ri a vida
Se teus olhos negros me querem olhar
E se é meu amparo
O teu sorriso leve que é como um cantar
Ela acalma minha ferida
Tudo, tudo é esquecido.
O dia que me queira
A rosa que enfeita
Vestir-se-á de festa
Com sua melhor cor
O soar dos ventos
Dirão que já é minha
E as fontes loucas
Cantarão seu amor
A noite que me queira
Desde o azul do céu
As estrelas ciumentas
Olharão-nos passar
E um raio misterioso
Fará um ninho tem teu cabelo
Vagalume curioso
Que verá que é meu consolo

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