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quinta-feira, setembro 23, 2010

POESIA

Chuvas da infância
Aurea Domenech

Da vida que me deste restou, incomparável,
e de manhã de inverno como esta, o olor
de pães e de café com leite e dos jasmins
molhados pela chuva e alvos como os serafins.

Da vida que me deste restou, inabalável,
a lembrança dos bichos de pelúcia de Friburgo,
o som do piano das tardes declinantes e
os livros todos que conservo nas estantes.

Da vida que me deste restou, inconfundível,
em meu ar um pouco do teu ar contente,
as palavras que amo e teço como redes
e, em meus olhos, um pouco dos teus olhos verdes.

Da vida que me deste restou, imperecível,
o que brilhava tal cristal polido,
o que cegava os vidros, indecifráveis,
as chuvas da infância, intermináveis.

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