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quinta-feira, agosto 19, 2010

POESIA

RATAPLÃ
Aurea Domenech

Toma um gole da tequila forte,
puxa um trago do tabaco tíbio,
que vida quão mais tenra é tênue,
e a morte tece telas tortas.
Se é o tédio que te torna tonto,
nota o tanoeiro fabricando a tina
e outros lutadores dessa tal labuta,
quanta paciência, tato e teimosia.
Quando é o temor que tempera o tempo,
os outros te destratam, te magoam e traem.
Temerário tenta não tergiversar.
Faz qual tatu-bola, se atacado é esperto,
basta o estímulo, transforma-se e rola.
Se a tempestade obtemperou-te a sorte,
olha que relâmpago ilumina a treva.
Se advier tornado, trata de esperar,
fica mais na tasca, toma outro gole.
Não é permanente o que vem tirano,
nem a Terra toda pode transmutar.
Se há uma terapia, é a de ser tenaz.
Tudo é temporário, acredita nisto.
Vê o tapeceiro que atapeta o templo?
Torna-o um tesouro, com talento e técnica,
e, não há taumaturgo que não seja grato.
Redescobre a arte de tentar com tática
tudo quanto a ti é mais importante.
E se há um terremoto, toma a terracota,
faz uma escultura, mesmo com mãos trêmulas.
Quebra o protocolo. Sê mais quixotesco:
- Afasta o forte tufão, traduz o tema,
tumultua o túmulo, faz a torre e o tempo.

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