A RAINHA INDIVISA
Luis de Camões
E vendo-se a rainha despojada
de seus haveres ancestrais e a pátina,
sem feudo ou latifúndio - as glebas fartas
agora à míngua, do calcâneo à escápula;
e vendo-se a monarca exígua e arcaica,
sem rei na alcova, tumba de alabastro,
distante já dos ais de suas aias
que entre águias e unicórnios fabulavam;
e a soberana assim posta em desgraça,
de eunucos e presságios rodeada,
lívida ao gume esguio das adagas,
de joelhos se pôs na orla das águas,
e as vagas lhe rasgaram a ilharga: tálamo
onde párias foram reis. E reis, vassalos.
segunda-feira, junho 07, 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário