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domingo, junho 20, 2010

Depressão

DEPRESSÃO (continuação)

Diagnóstico
O médico é geralmente capaz de diagnosticar uma depressão a partir dos sintomas e dos sinais. Uma história prévia de depressão ou uma história familiar de depressão ajudam a confirmar o diagnóstico.
Por vezes, utilizam-se questionários estandardizados para ajudar a medir o grau de depressão. Dois questionários deste tipo são a escala de percentagem da depressão de Hamilton, que se efectua de modo verbal por um entrevistador, e o inventário da depressão de Beck, que consiste num questionário que o paciente deve preencher.
Os exames laboratoriais, geralmente análises ao sangue, podem ajudar o médico a determinar as causas de algumas depressões. Isso é particularmente útil nas mulheres, nas quais os factores hormonais podem contribuir para a depressão.
Em casos difíceis de diagnosticar, os médicos podem efectuar outros exames para confirmar o diagnóstico de depressão. Por exemplo, dado que os problemas do sono são um sinal proeminente de depressão, os médicos especializados no diagnóstico e no tratamento das perturbações de humor podem fazer um electroencefalograma durante o sono para medir o tempo que a pessoa demora a chegar à fase de movimento rápido dos olhos (o período em que ocorrem os sonhos). (Ver secção 6, capítulo 64) Geralmente demora-se 90 minutos. Numa pessoa com depressão costuma atingir-se em menos de 70 minutos.

Prognóstico e tratamento
Uma depressão sem tratamento pode durar 6 meses ou mais. Embora possam persistir leves sintomas em algumas pessoas, o funcionamento tende a voltar à normalidade. Em qualquer caso, os depressivos sofrem geralmente episódios repetidos de depressão, numa média de quatro a cinco vezes ao longo da vida.
Hoje em dia, geralmente, a depressão trata-se sem necessidade de hospitalização. No entanto, por vezes, uma pessoa deve ser hospitalizada, especialmente se tem ideias de suicídio ou se já o tentou, se está demasiado débil pela perda de peso ou se tem risco de problemas cardíacos pela agitação intensa.
Actualmente, o tratamento farmacológico é o factor mais importante no tratamento da depressão. Outros tratamentos incluem a psicoterapia e a terapia electroconvulsivante. Algumas vezes, usa-se uma combinação destas terapias.

Tratamento farmacológico
Vários tipos de medicamentos antidepressivos estão disponíveis: os tricíclicos, os inibidores da recaptação selectiva da serotonina, os inibidores da monoaminooxidase e os psicoestimulantes, mas eles devem ser tomados de forma regular durante pelo menos várias semanas antes de começarem a fazer efeito. As possibilidades de um antidepressivo específico ter êxito no tratamento são de 65 %.
Os efeitos secundários variam segundo cada tipo de fármaco. Os antidepressivos tricíclicos causam, frequentemente, sedação e determinam aumento de peso. Podem também produzir aumento do ritmo cardíaco, baixa da pressão arterial quando a pessoa se levanta, visão nublada, secura da boca, confusão, obstipação, dificuldade para começar a urinar e ejaculação retardada. Estes efeitos chamam-se anticolinérgicos e, geralmente, são mais pronunciados nas pessoas de idade avançada. (Ver tabela da secção 2, capítulo 9).
Os antidepressivos que são semelhantes aos antidepressivos tricíclicos têm outros efeitos adversos. A venlafaxina pode aumentar levemente a pressão arterial; a trazodone tem sido associada à erecção dolorosa (priapismo); a maprotilina e o bupropion, tomados em doses rapidamente aumentadas, podem provocar convulsões. No entanto, o bupropion não causa sedação, não afecta a função sexual e muitas vezes é útil em doentes com depressão e pensamento lento.
Os inibidores selectivos da recaptação de serotonina (ISRS) representam um grande avanço no tratamento da depressão, pois produzem menos efeitos secundários do que os antidepressivos tricíclicos. São também geralmente bastante seguros nas pessoas em que a depressão coexiste com uma doença orgânica. Embora possam produzir náuseas, diarreia e dor de cabeça, estes efeitos secundários são ligeiros ou desaparecem com o uso. Por estas razões, muitas vezes os médicos seleccionam primeiro os ISRS para tratar a depressão. Os ISRS são particularmente úteis no tratamento da distimia, que requer um tratamento farmacológico de longa duração. Mais ainda, os ISRS são bastante eficazes na perturbação obsessivo-compulsiva, na perturbação por pânico, na fobia social e na bulimia (alteração do apetite), que muitas vezes coexistem com a depressão. A principal desvantagem dos ISRS consiste em causarem frequentemente disfunção sexual.
Os inibidores da monoaminooxidase (IMAO) representam outra classe de medicamentos antidepressivos. As pessoas que consomem IMAO devem observar restrições dietéticas e seguir precauções especiais. Por exemplo, não devem tomar alimentos ou bebidas que contenham tiramina, como a cerveja de barril, os vinhos tintos (e também o xerez), os licores, os alimentos demasiado maduros, o salame, os queijos curados, as favas, os extractos de levedura e o molho de soja. Devem evitar fármacos como a fenilpropanolamina e o dextrometorfano, que se encontram em muito antitússicos e anticatarrais habituais, porque provocam a libertação de adrenalina e podem produzir uma subida importante da pressão arterial. Alguns outros fármacos devem também ser evitados pelas pessoas que tomam IMAO, como os antidepressivos tricíclicos, os inibidores selectivos da recaptação de serotonina e a meperidina (um analgésico).
Indica-se habitualmente aos que tomam IMAO que transportem sempre consigo um antídoto, como a clorpromazina ou a nifedipina. Se notarem uma dor de cabeça intensa e pulsátil, devem tomar o antídoto e dirigir-se rapidamente a um serviço de urgência. Por causa das restrições difíceis na dieta e das precauções necessárias, os IMAO são raramente receitados, excepto para aquelas pessoas depressivas que não melhoraram com os outros fármacos.
Os psicoestimulantes, como o metilfenidato, reservam-se geralmente às pessoas depressivas que estão fechadas em si próprias, lentas e cansadas, ou que não melhoraram depois de ter usado todos os outros tipos de antidepressivos. As possibilidades do seu abuso são muito elevadas. Como os psicoestimulantes tendem a fazer efeito rapidamente (num dia) e facilitam a deambulação, por vezes receitam-se a pessoas deprimidas de idade avançada, convalescentes de uma cirurgia ou de uma doença que as manteve prostradas.
http://www.manualmerck.net/?id=110
(continua)

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