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sexta-feira, junho 18, 2010

MEDICINA

Depressão
(continuação)

A depressão é um sentimento de tristeza intenso; pode ocorrer depois de uma perda recente ou de outro facto triste, mas é desproporcionado relativamente à magnitude do facto e persiste para além de um período justificado.
Depois da ansiedade, a depressão é a perturbação psiquiátrica mais frequente. Estima-se que cerca de 10 % das pessoas que consultam um médico pensando que têm um problema físico sofrem na realidade de depressão. A depressão começa habitualmente entre os 20 e os 50 anos. Os nascidos nas últimas décadas do século XX parecem ter uma incidência maior de depressão do que as gerações anteriores.
Um episódio de depressão dura habitualmente de 6 a 9 meses, mas em 15 % a 20 % dos doentes dura 2 anos ou mais. Os episódios tendem geralmente a repetir-se várias vezes ao longo da vida.
Causas
As causas da depressão não se conhecem por completo. Existe um número de factores que podem predispor uma pessoa a sofrer de depressão mais do que outra, como a predisposição familiar (factores hereditários), os efeitos secundários de alguns tratamentos, uma personalidade introvertida e acontecimentos emocionalmente desagradáveis, particularmente os que implicam uma perda. A depressão pode também surgir ou piorar sem qualquer acontecimento vital stressante.
As mulheres são mais propensas do que os homens a sofrer de depressão, embora as razões não estejam completamente claras. Os estudos psicológicos demonstram que as mulheres tendem a responder à adversidade fechando-se em si próprias e autoculpando-se. Pelo contrário, os homens tendem a negar a adversidade e a dedicar-se em pleno a diversas actividades. Quanto aos factores biológicos, os mais responsáveis são os hormonais. As alterações nos valores hormonais, que podem provocar mudanças de humor exactamente antes da menstruação (tensão pré-menstrual) e depois do parto (depressão pós-parto), podem ter algum papel nas mulheres. Nas que sofreram depressões, podem ocorrer mudanças hormonais semelhantes depois do uso de anticoncepcionais orais. A função tiróidea anormal, que é bastante frequente nas mulheres, pode constituir outro factor.
A depressão que se produz depois de uma experiência traumática, como a morte de um ente querido, chama-se depressão reactiva. Algumas pessoas podem deprimir-se de modo temporário como reacção a certos períodos de férias (férias tristes) ou aniversários com certo significado, como o aniversário da morte de um ente querido. A depressão sem precipitantes aparentes conhece-se como depressão endógena. Estas distinções, no entanto, não são muito importantes, dado que os efeitos e o tratamento das depressões são semelhantes.
A depressão pode também acontecer com um certo número de doenças ou de perturbações físicas. As perturbações físicas podem causar uma depressão directamente (como quando uma doença tiróidea afecta os valores hormonais, o que pode induzir depressão) ou indirectamente (como quando a artrite reumatóide causa dor e incapacidade, o que pode conduzir à depressão). Muitas vezes, a depressão em consequência de uma perturbação física tem causas directas e indirectas. Por exemplo, a SIDA pode, directamente, causar depressão se o vírus da imunodeficiência humana (VIH), que a provoca, danificar o cérebro; a SIDA pode causar depressão de forma indirecta quando tem um impacte global negativo na vida da pessoa.
Vários fármacos, sobretudo os utilizados para tratar a hipertensão arterial, podem causar depressão. Por razões desconhecidas, os corticosteróides causam muitas vezes depressão quando são produzidos em grandes quantidades no contexto de uma doença, como na síndroma de Cushing, mas tendem a causar euforia quando se administram como tratamento.
Existe um número de situações em psiquiatria que podem predispor para a depressão, como certas perturbações por ansiedade, o alcoolismo e a dependência de outras substâncias, a esquizofrenia e a fase precoce da demência.
Sintomas
Os sintomas desenvolvem-se, habitualmente, de forma gradual ao longo de dias ou de semanas. Uma pessoa que está a entrar numa depressão pode aparecer lenta e triste ou irritável e ansiosa. Uma pessoa que tende a concentrar-se em si mesma, a falar pouco, a deixar de comer e a dormir pouco está a sofrer uma depressão vegetativa. Uma pessoa que está muito inquieta, retorcendo as mãos e falando continuamente está a experimentar o que se conhece como depressão agitada.
Muitas pessoas com depressão não podem exprimir normalmente as suas emoções (como a aflição, a alegria e o prazer); em casos extremos, o mundo aparece diante delas como descolorido, sem vida e morto. O pensamento, a comunicação e outras actividades de tipo geral podem tornar-se mais lentos, até cessarem todas as actividades voluntárias. As pessoas deprimidas podem estar preocupadas por pensamentos profundos de culpabilidade e ideias auto-ofensivas e podem não ser capazes de se concentrarem adequadamente. Estas pessoas estão muitas vezes indecisas e fechadas em si próprias, têm uma sensação progressiva de desamparo e falta de esperança e pensam na morte e no suicídio.
Geralmente, os depressivos têm dificuldade em conciliar o sono e acordam repetidamente, sobretudo cedo pela manhã. É habitual uma perda de desejo sexual ou do prazer em geral. A alimentação escassa e a perda de peso conduzem, por vezes, à emaciação, e nas mulheres a menstruação pode ser interrompida. No entanto, o excesso alimentar e o aumento de peso são frequentes nas depressões ligeiras.
Em cerca de 20 % dos depressivos, os sintomas são ligeiros, mas a doença dura anos, muitas vezes décadas. Esta variante distímica da depressão começa, frequentemente, cedo na vida e está associada a alterações características da personalidade. As pessoas nesta situação são melancólicas, pessimistas, não têm sentido de humor ou são incapazes de se divertir, são passivas e apáticas, introvertidas, cépticas, hipercríticas ou com queixas constantes, autocríticas e cheias de auto-repreensões. Preocupam-se com a falta de adaptação, o fracasso e os acontecimentos negativos ao ponto de chegarem ao desfrute mórbido dos seus próprios fracassos.
Algumas pessoas depressivas queixam-se de ter uma doença orgânica, com diversas queixas e dores, ou receio de sofrerem desgraças ou de se tornarem loucas. Outras pensam que têm doenças incuráveis ou vergonhosas, como o cancro ou as doenças de transmissão sexual ou a SIDA e que estão a infectar outras pessoas.
Cerca de 15 % das pessoas deprimidas, mais comummente aquelas com depressão grave, têm delírios (crenças falsas) ou alucinações, vendo e ouvindo coisas que não existem. Podem acreditar que cometeram pecados imperdoáveis ou crimes ou podem ouvir vozes que os acusam de vários delitos ou que os condenam à morte. Em casos raros, imaginam que vêem caixões ou familiares falecidos. Os sentimentos de insegurança e de fraca auto-estima podem conduzir as pessoas intensamente deprimidas a acreditar que são observadas e perseguidas. Estas depressões com delírios denominam-se depressões psicóticas.
Os pensamentos de morte estão entre os sintomas mais graves de depressão. Muitos deprimidos querem morrer ou sentem que a sua auto-estima é tão escassa que deveriam morrer. Cerca de 15 % das pessoas com depressão grave têm uma conduta suicida. Uma ideia de suicídio representa uma situação de emergência e qualquer pessoa nessas condições deve ser hospitalizada e mantida sob supervisão até que o tratamento reduza o risco de suicídio.
http://www.manualmerck.net/?id=110
(continua)

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