domingo, maio 02, 2010

MEDICINA

COMO AS PESSOAS COM ESQUIZOFRENIA VIVENCIAM A DOENÇA

Percepções distorcidas da realidade
As pessoas que têm esquizofrenia podem perceber a realidade de maneira muito diferente dos outros à sua volta. A experiência de sentir o mundo e os acontecimentos alterados, devido às alucinações e delírios, pode gerar medo, ansiedade e confusão. Em parte devido a essas experiências incomuns, estas pessoas às vezes podem se comportar de maneira muito estranha. Podem, por exemplo, parecer distantes, alheias ou preocupadas. Podem ficar imóveis durante muito tempo sem proferir qualquer palavra. Em outros momentos podem andar de um lado para o outro parecendo preocupados, vigilantes, alertas e insones.

Alucinações e Ilusões
Alucinações e ilusões são alterações da percepção comumente presentes nas pessoas que sofrem de esquizofrenia. Alucinações são percepções que ocorrem sem que haja um estímulo sensorial correspondente. Embora possam ocorrer sob qualquer forma sensorial – auditiva (audição), visual (visão), tátil (tato), gustativa (gosto) e olfativa (olfato) – escutar vozes que os outros não escutam é o tipo de alucinação mais comum na esquizofrenia. As vozes podem descrever, comentar ou mesmo criticar as ações da pessoa. Podem também aconselhar, dar ordens ou conversar entre si (várias vozes). As ilusões, por outro lado, ocorrem quando um estímulo sensorial existe, mas é incorretamente interpretado, por exemplo, pessoa vê uma sombra ou escuta um ruído e os interpreta como uma aparição ou mensagem.

Delírios
Delírios são crenças pessoais falsas que não cedem frente à argumentação lógica ou evidências contrárias, e não são coerentes com crenças ou conceitos compartilhados por pessoas do mesmo grupo ou comunidade. Os delírios podem abranger diferentes temas. Por exemplo, as pessoas que sofrem de sintomas do tipo paranóide – aproximadamente um terço das pessoas com esquizofrenia – geralmente têm delírios de perseguição, com idéias falsas de estarem sendo enganadas, traídas, envenenadas, ou de que existe uma conspiração ou um complô contra elas. Estas pessoas podem acreditar que elas, algum membro da família ou alguém próximo a elas é o foco da perseguição. Além disso, delírios de grandeza, em que a pessoa acredita ser alguém famosa ou importante, também ocorrem na esquizofrenia. Algumas vezes, os delírios são bizarros. Por exemplo, acreditar que um vizinho está controlando o seu comportamento através de ondas magnéticas; que as pessoas na televisão estão enviando mensagens especiais, ou que os seus pensamentos estão sendo irradiados para os outros.

Abuso de álcool e drogas
O abuso de álcool e drogas é uma preocupação comum entre os familiares, amigos e cuidadores das pessoas com esquizofrenia. Como algumas pessoas que usam drogas podem apresentar sintomas semelhantes a aqueles da esquizofrenia, os portadores de esquizofrenia podem ser erroneamente identificados como “drogados”. E, embora hoje não se acredite que o abuso de drogas a esquizofrenia, as pessoas que têm a doença freqüentemente abusam de álcool ou drogas, e podem ter reações particularmente negativas a certas drogas.
O abuso de álcool ou drogas pode reduzir a ação dos medicamentos, atrapalhando o tratamento. Estimulantes (como a anfetamina ou a cocaína), bem como a maconha, podem causar mais problemas para as pessoas com esquizofrenia. De fato, algumas pessoas têm uma piora dos sintomas quando fazem uso deste tipo de drogas. O abuso de álcool e drogas também reduz a probabilidade de que o paciente siga o tratamento prescrito.

Esquizofrenia e Nicotina
O abuso mais comum de substância em pessoas que têm esquizofrenia é a dependência de nicotina devido ao cigarro. Cerca de 75% das pessoas que têm esquizofrenia são fumantes, contra 25 a 30% de fumantes na população geral (dados norte-americanos). As pesquisas têm mostrado que a relação entre o fumo e a esquizofrenia é complexa. A nicotina age em receptores cerebrais causando alívio de certos sintomas, e por isso muitas pessoas com esquizofrenia sentem-se melhor quando fumam. Nesse sentido o cigarro atua como um “remédio”. No entanto, o cigarro interfere com a resposta às medicações antipsicóticas. Estudos têm mostrado que os pacientes fumantes necessitam doses maiores de medicação antipsicótica. Deixar de fumar pode ser especialmente difícil para as pessoas com esquizofrenia, porque os sintomas de abstinência de nicotina podem causar uma piora temporária dos sintomas da doença. Estratégias para parar de fumar, como adesivos de nicotinas ou outros métodos de substituição gradual, podem ser efetivos. Os médicos devem ficar atentos e monitorar cuidadosamente a dosagem da medicação quando seus pacientes começam ou param de fumar.

Pensamento Desordenado
A esquizofrenia comumente afeta a capacidade da pessoa de pensar “corretamente”. Os pensamentos podem ir e vir rapidamente; a pessoa pode não conseguir se concentrar por muito tempo e pode facilmente se distrair, mostrando-se incapaz de focar a atenção. As pessoas com esquizofrenia podem não saber distinguir o que é relevante do que não é numa determinada situação. Podem ser incapazes de conectar os pensamentos numa seqüência lógica, com os pensamentos tornando-se desorganizados e fragmentados. Essa ruptura na continuidade lógica dos pensamentos é chamada de “desorganização do pensamento” e pode dificultar muito a conversação, contribuindo para o isolamento social. Se as pessoas não conseguem entender o que um indivíduo está dizendo, tendem a ficar constrangidas e deixar aquela pessoa sozinha.

Expressão Emocional
As pessoas com esquizofrenia freqüentemente apresentam um afeto diminuído ou “achatado”. Isto se deve a uma severa redução da expressão emocional. Uma pessoa com esquizofrenia pode não mostrar os sinais de uma emoção normal; pode falar com voz monótona, ter as expressões faciais diminuídas e parecer extremamente apática. A pessoa pode retrair-se socialmente, evitando contato com os outros e, quando forçada a interagir, pode não ter nada a dizer, mostrando um “pensamento empobrecido”. A motivação pode estar muito diminuída, da mesma maneira que o interesse e o prazer de viver. Em alguns casos graves, a pessoa pode passar dias inteiros sem fazer nada, chegando a negligenciar a higiene básica. Esses problemas com a expressão emocional e com a motivação, que podem ser extremamente perturbadores para a família e os amigos, são sintomas da esquizofrenia – e não um problema de caráter ou fraqueza pessoal.

Normal X Anormal
Às vezes, indivíduos normais podem sentir, pensar e agir de maneira que lembram a esquizofrenia. Pessoas normais podem às vezes serrem incapazes de “pensar corretamente”. Podem tornar-se extremamente ansiosas, por exemplo, para falar diante de grupos, podem se sentir confusas, incapazes de organizar as idéias, e esquecer o que tinham intenção de dizer. Isso não é esquizofrenia. Da mesma maneira, pessoas com esquizofrenia nem sempre agem de maneira anormal. Na verdade, algumas pessoas com a doença podem aparentar serem perfeitamente responsáveis, mesmo que tenham alucinações ou delírios. O comportamento de um indivíduo pode mudar, tornando-se bizarro se a medicação é interrompida e retornando mais próximo do normal quando recebendo tratamento apropriado.
http://www.abpcomunidade.org.br/informese/exibir/?id=25

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