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sexta-feira, fevereiro 19, 2010

LITANIAS. Silveira Neto

LITANIAS
Silveira Neto

O mesmo céu-que nós olhamos, olho:
Mundos gelados de saudade; admire-os
A alma que tenha, abrolho por abrolho,
Toda a loucura e todos os martírios.

Jorro de pranto com que os versos molho,
A Via-Láctea é um desfilar de círios.
Quanta tristeza para os céus desfolho
Na doida orquestração dos meus delírios! ...

E vou seguindo a ver, pela amargura,
Que as estrelas são lágrimas da Altura,
Ardendo como os círios dum altar.

Nada mais resta: e a vida, fatigada,
De no meu corpo ser tão desgraçada,
Foge-me toda para o teu olhar.

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