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sábado, outubro 04, 2008

O POETA-OPERÁRIO
Maiakóvski

Grita-se ao poeta:
'Queria te ver numa fábrica!
O quê? Versos? Pura bobagem.
Para trabalhar não tens coragem'.
Talvez
ninguém como nós
ponha tanto coração
no trabalho.
Eu sou uma fábrica.
E se chaminés
me faltam
talvez
sem chaminés
seja preciso
ainda mais coragem.
Sei.
Frases vazias não agradam.
Quando serrais madeira
é para fazer lenha.
E nós que somos
senão entalhadores a esculpir
a tora da cabeça humana?
Certamente que a pesca
é coisa respeitável.
Atira-se a rede e quem sabe?
Pega-se um esturjão!
Mas o trabalho do poeta
é muito mais difícil.
Pescamos gente viva e não peixes.
Penoso é trabalhar nos altos-fornos
onde se tempera o ferro em brasa.
Mas pode alguém
acusar-nos de ociosos?
Nós polimos as almas
com a lixa do verso.
Quem vale mais:
o poeta ou o técnico
que produz comodidades?
Ambos!
(...)

2 comentários:

  1. Olá Charles. Prazer em saber de ti. Vejo que estás de casa nova , parabéns. Um abraço, Cristina

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  2. Oi Cristina,volte sempre.

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