Por dinheiro
Charles Fonseca
Cuspiram em sua face, o esmurraram. Quis ficar entre os que eram seus. Não o receberam, tapa na cara foi-lhe aplicado. Verteu-se em sangue a face que era doce. Amou o quanto pôde, até a mais. Expulso de sua própria terra, não teve onde reclinar a cabeça. Por dinheiro vincendo foi vendido, acusado, na sua boca o travo fel. Ceifado após tantas mortes curtas, as da desilusão. Como ainda ama então? E, no entanto, ama sem preço, sem pressa, vencendo a solidão. E ainda está à espera. Falta a prece pela falta. Tu não o reconheces?
sábado, junho 07, 2008
Por dinheiro. Charles Fonseca. Prosa.
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