FILOSOFIA DE CIRENA
Gilberto Amado
Alma sei que não tens, mas nem procuro
em ti, da alma a virtude ou sentimento.
Por que juntar o amor a um vão tormento?
Que importa o coração, se o seio é puro?
De anseios e ilusões vivo eu seguro,
ébrio, a sorrir no meu deslumbramento.
Vejo-te nua - basta ao meu contento;
beijo-te! todo mais não conjeturo.
Ó corpo alegre e claro! . . . Sê bendito,
pelo que tu me dás! Não troco o preço
do teu sabor esplêndido e esquisito,
por alma, por virtude ou outro encanto.
Tendo-te, tenho mais do que mereço.
Ó carne, como podes valer tanto!
quarta-feira, maio 14, 2008
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Um estilo bem camoniano cujo ritmo é uma maravilha para ser recitado e sentido.Excelente escolha este soneto.
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