PRESA DO ÓDIO
João da Cruz e Sousa
Da tu'alma na funda galeria
Descendo às vezes, eu às vezes sinto
Que como o mais feroz lobo faminto
Teu ódio baixo de alcatéia espia.
Do desespero a noite cava e fria,
De boêmias vis o pérfido absinto
Pôs no teu ser um negro labirinto,
Desencadeou sinistra ventania.
Desencadeou a ventania rouca,
surda, tremenda, desvairada, louca,
Que a tu'alma abalou de lado a lado.
Que te inflamou de cóleras supremas
e deixou-te nas trágicas algemas
Do teu ódio sangrento acorrentado!
terça-feira, março 06, 2007
Presa do ódio. Cruz e Sousa. Poesia
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