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terça-feira, agosto 08, 2006

Raiz amarga. Henriqueta Lisboa. Poesia

RAIZ AMARGA
Henriqueta Lisboa


Sinto que sou raiz amarga.
Terra gretada é minha sede.
Núcleo de sombras é meu cárcere.

Lá fora - ao sol, à chuva,
ao frio -rastejarei à flor do chão?
Estarei no ar em clorofila?...

Não sei se há a graça do tronco,
pássaros abrigados nas franças,
escaravelhos zumbindo nos brotos.

Não sei se há doçura de pétalas,
nem aconchego de folhagem
dormindo sobre espelhos d'água.

Seja de ouro o pólen ao vento,d
e ouro o mel a escorrer do cerne,
de ouro a flama em torno da lenha!

Sonho a paisagem do meu quadro:
vale seivoso entre montanhase
o céu - acima de minha fronde.

Porém meus gestos precingidos
como os nós cegos das amarras
furtam-me a toda revelação.

Talvez - condenada ao deserto -
eu realize apenas miragem
na imaginação dos homens.

2 comentários:

  1. Charles
    É gratificante passar pelo seu Blog, Parabéns mais uma vez.
    Um abraço,
    Márcia Leal

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