Pesquisar este blog

terça-feira, agosto 29, 2006

O albatroz. Charles Baudelaire. Poesia

O ALBATROZ
Charles Baudelaire

Às vezes, por prazer, os homens da equipagem
Pegam um albatroz, imensa ave dos mares
Que acompanha, indolente parceiro de viagem,
O navia a singrar por glaucos patamares.

Tão logo o estende sobre as táboas do convés,
O monarca do azul canhestro e envergonhado,
Deixa pender, qual par de remos juntos aos pés,
As asas que fulge um branco imaculado.

Antes tão belo, como é feio na desgraça,
Esse viajante agora flácido e acanhado!
Um, com o cachimbo, lhe enche o bico de fumaça,
Outro a coxear, imita o enfermo outrora alado!

O Poeta se compara ao príncipe da altura
Que enfrenta os vendavais e ri da seta no ar;
Exilado no chão, em meio à turba obscura ,
As asas de gigante impedem-no de andar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário