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domingo, julho 30, 2006

Livro sobre nada. Manoel de Barros. Poesia

LIVRO SOBRE NADA
Manoel de Barros

Prefiro as máquinas que servem para não funcionar:quando cheias de areia de formiga e musgo - elaspodem um dia milagrar de flores.

(Os objetos sem função têm muito apego pelo abandono.)

Também as latrinas desprezadas que servem para tergrilos dentro - elas podem um dia milagrar violetas.

(Eu sou beato em violetas.)

Todas as coisas apropriadas ao abandono me religam a Deus.Senhor, eu tenho orgulho do imprestável!

(O abandono me protege.)

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