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quarta-feira, outubro 09, 2024

A SOLIDÃO

“Tenho 82 anos, 4 filhos, 11 netos, 2 bisnetos e um quarto de 3x3 num lar de idosos onde fui deixado à margem da vida. Já não tenho meu lar, minhas coisas queridas, nem as memórias vivas do cotidiano. O que tenho é alguém que arruma meu quarto, prepara minha comida e cuida da minha saúde, enquanto meus dias se arrastam.


Não ouço mais o riso dos meus netos. Não os vejo crescer, abraçar-se ou sonhar com o futuro. Alguns me visitam a cada 15 dias, outros a cada três ou quatro meses, e muitos… nunca mais vieram.


Já não faço meus croquetes, ovos recheados ou caracóis de carne picada. Minhas mãos, que antes faziam malha e crochê com precisão, agora encontram consolo apenas em Sudoku – um passatempo solitário que mal me distrai.


Não sei quanto tempo ainda me resta, mas a solidão é minha única companhia constante. Participo de terapia ocupacional e tento ajudar aqueles que estão em pior estado do que eu, mas me mantenho à distância. Eles desaparecem com frequência. A vida, dizem, está mais longa. Mas… para quê?


Quando estou sozinho, contemplo as fotos da minha família e algumas lembranças da casa que trouxe comigo. E é isso. Só isso.


Espero que as próximas gerações entendam que a família não é apenas para hoje, mas também para o amanhã. E que retribuir o tempo que nossos pais nos dedicaram é a maior honra que podemos ter.”


Créditos: Ofélia Rodriguez

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