quarta-feira, maio 29, 2019

Separação... Mônica Klein.

Separação...

por Mônica Klein

A dor de uma separação é, na verdade, um conjunto de dores...é a dor do fracasso por ter investido tanto sentimento, tempo e esperança em uma relação que chegou ao fim. É a dor de ter que se desfazer de tantos planos e sonhos imaginados juntos e ter que aceitar que agora cada um vai para um lado...é a dor do desapego, ou da tentativa do desapego, afinal, não se deixa de amar de uma hora pra outra. É a dor de saber que, apesar de não ter mais que lidar com os defeitos do outro, que tanto machucavam, também não haverá mais aqueles momentos que tornavam tudo especial. É a dor da ausência, ausência de tudo, do corpo e do espírito, das risadas, dos xingamentos, das piadas particulares, dos significados de olhares que só vocês entendiam... é a dor da lembrança, que permanece em todos os cantos que vocês já passaram, em todos os restaurantes em que vocês já jantaram, em todas as musicas que vocês já cantaram ou escutaram juntos...

O que mais dói na separação é aquela sensação de impotência, de vazio, de desgaste emocional... é como se um imenso aspirador tivesse sugado toda a sua alma e não houvesse mais energia pra continuar. É uma sensação de culpa que fica, e que por mais que a gente racionalmente acredite que fez o que pôde, sempre vai nos cutucar com um “e se?”, porque no fundo acreditamos que não existe um único culpado na história. É a dor da preocupação com o outro... de querer saber como ele está passando sem você, e ao mesmo tempo a dor da vaidade, do medo de descobrir que ele está melhor do que você imagina. É a dor da contradição, de querer que o tempo apague tudo o mais rápido possível, de querer se afastar de tudo de uma vez, mas ficar checando a caixa de e-mail, o MSN, o celular a cada minuto, esperando um sinal, a menor desculpa pra dar uma segunda chance.

Às vezes,no entanto, a separação é necessária, porque por mais dolorosa que seja, pode ser ainda menos dolorosa que a decisão de continuar. Às vezes, é preciso ouvir um pouco menos o coração e colocar tudo numa balança. Tudo mesmo. Se possível, fazer um gráfico, medindo o seu grau de felicidade, satisfação, desde o início do relacionamento. Se a balança pesar mais pro lado negativo ou se o gráfico for nitidamente descendente, algo está obviamente errado. A menos que você seja um daqueles que acreditam que o amor é sofrimento, não se conforme com menos do que merece. Procure ver se o problema é algo passageiro, ou se é questão de formas diferentes de ver o mundo, objetivos de vida muito distintos, valores e princípios incompatíveis etc. Não caia na conversa de que opostos se atraem. Isso não é regra. É preciso uma liga entre os dois, algo que nutra admiração e que sirva como base sólida para construir algo juntos... e acredite, por melhor que seja o sexo, isso nunca vai sustentar nenhum romance por muito tempo.

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