Certamente! William Shakespeare não foi apenas um dramaturgo genial, mas também um poeta notável. Sua produção poética inclui dois poemas narrativos e, principalmente, 154 Sonetos, que exploram temas universais como amor, beleza, tempo e mortalidade.
Vou comentar sobre o Soneto 116, um dos mais famosos e celebrados, que se tornou um hino ao amor ideal:
💖 Comentário sobre o Soneto 116
O Soneto 116 é um elogio apaixonado e idealizado ao Amor Verdadeiro. Nele, Shakespeare define o que o amor não é para, em seguida, exaltar sua natureza eterna e inabalável.
1. A Natureza Inalterável do Amor
O poema começa estabelecendo a premissa de que o amor autêntico é aquele que não se altera diante de obstáculos.
De almas sinceras a união sincera,
Nada há que impeça: amor não é amor
Se quando encontra obstáculos se altera,
Ou se vacila ao mínimo temor.
Para Shakespeare, o verdadeiro amor é constante e imutável. Se o sentimento muda ou enfraquece por causa das dificuldades ou medos, então, por definição, não é amor.
2. O Amor como Guia Eterno
O poeta usa metáforas marítimas para descrever o amor como uma força orientadora e um farol:
Amor é um marco eterno, dominante,
Que encara a tempestade com bravura;
É astro que norteia a vela errante,
Cujo valor se ignora, lá na altura.
Aqui, o amor é comparado a um farol (um "marco eterno") que se mantém firme na tempestade. Ele serve como uma estrela-guia para o navio perdido ("a vela errante"), simbolizando a segurança e a direção que o amor verdadeiro oferece em um mundo caótico.
3. O Triunfo sobre o Tempo
Shakespeare aborda o inimigo inevitável de todas as coisas belas e mortais: o Tempo.
Amor não teme o tempo, muito embora
Seu alfange não poupe a mocidade;
Amor não se transforma de hora em hora,
Antes se afirma para a eternidade.
O "alfange" (espada) do Tempo destrói a beleza e a juventude ("a mocidade"), mas o amor, em sua essência, transcende a passagem das horas e dos anos. Ele não se limita à paixão física, mas sim a um vínculo espiritual e eterno.
4. A Conclusão Definitiva
O Soneto 116 termina com um dístico (dois versos finais) de desafio e autoafirmação, um recurso típico dos sonetos shakespearianos:
Se isso é falso, e que é falso alguém provou,
Eu não sou poeta, e ninguém nunca amou.
Essa conclusão é ousada e poderosa. O poeta está tão convicto de sua definição de amor que aposta sua própria identidade e a existência do amor em sua verdade. É uma declaração definitiva sobre a natureza ideal e imortal do amor sincero.
Gostaria de ler a tradução de outro soneto famoso, como o Soneto 18 ("Devo comparar-te a um dia de verão?") ou o Soneto 130 (sobre a "Beleza Real" da amada)?
IA
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