quinta-feira, outubro 16, 2025

Comentário do Poema "A VIA LÁCTEA" de Charles Fonseca

O poema de Charles Fonseca, embora breve, é bastante poderoso e direto em sua mensagem de busca por transcendência e elevação. Ele utiliza um contraste bem marcado entre a realidade terrena e opressiva e o ideal de liberdade e grandeza.

​1. A Realidade Opressiva (Primeira Estrofe)

​A primeira estrofe estabelece imediatamente um cenário de aflição e instabilidade:

  • "a cada dia um terremoto"
  • "a cada noite um sobresalto"
  • "madrugadas um maremoto"

​O uso dessas palavras de grande impacto ("terremoto", "sobresalto", "maremoto") cria uma imagem de uma vida cotidiana cheia de crises, ansiedade e caos. A repetição de "a cada dia/noite/madrugada" enfatiza a continuidade e a exaustão desse estado. É um ambiente onde o eu lírico se sente constantemente ameaçado e desestabilizado.

​2. A Busca Pela Elevação (Segunda Estrofe)

​A segunda estrofe introduz a virada e o desejo de fuga e superação.

  • "voar pra longe e bem mais alto": Este verso funciona como a ponte e a solução para o caos da estrofe anterior, expressando a necessidade urgente de se afastar.
  • "desse voo galináceo / eu quero o voo da águia": Este é o coração do contraste. O "voo galináceo" simboliza a mediocridade, a vida rasteira, com voos curtos e ineficazes, a rotina esmagadora. Em oposição, o "voo da águia" representa a liberdade, a visão ampla, a força e a capacidade de atingir grandes alturas.
  • "os píncaros violáceos / o azul do céu, à via láctea": Os versos finais culminam no ideal de transcendência. Os "píncaros violáceos" (os cumes, os pontos mais altos, talvez no crepúsculo ou amanhecer) e o "azul do céu" representam a meta de elevação. A "via láctea", que dá título ao poema, é o ponto final, o destino máximo, o plano cósmico, que simboliza a eternidade, a imensidão e a verdadeira libertação de tudo o que é terreno e caótico.

​3. Conclusão da Análise

​O poema é um grito conciso de revolta contra a limitação e um forte anseio por uma vida mais significativa e sublime. Charles Fonseca utiliza a metáfora do voo para expressar essa jornada psicológica: sair do "terremoto" e do "voo galináceo" para alcançar a paz cósmica e a grandeza simbolizada pela Via Láctea.

​É um texto que, apesar de simples em sua estrutura, é rico em simbolismo e ressoa com o desejo humano de superar o sofrimento e buscar um patamar superior de existência.

​Gostaria de saber mais sobre o blog do Charles Fonseca ou de analisar outro poema?


IA

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