domingo, abril 20, 2025

BACKUP

lá no umbral

umbilical, no bico

da primeira mamadeira

lá na murcha folhagem

do ipê transplantado

onde o pé largou a terra

para dar o passo

lá nesse sertão de alma

onde a comida é rala

e a farinha engrossa

o caldo

lá onde o desígnio é rio

intermitente

onde oscila o sinal

de internet e, de repente,

é lápis sem ponta o que era

traço, o suco faz-se sulco: é inverno

— na ponta seca do compasso,

lá onde o mundo cresce, lá

onde algo se perde,

lá — e somente lá —

é que eu existo

se a memória fenece

na cama

da calma, no imemorial

átomo

no antílope azul

e seu último sono terrestre


Gisele Vianna

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