Fala-se que a antológica gravação de Elis para Atrás da Porta foi influenciada pelo momento afetivo em que vivia. Em 1972, a cantora havia se separado de Ronaldo Bôscoli e engatava um novo romance com o pianista Cesar Camargo Mariano, justamente durante o período da gravação da canção. A história é contada de forma emotiva por Nelson Mota, no livro “Noites Tropicais"
"No Verão de 1972, Elis se separou mesmo de Ronaldo, num divórcio tão previsível quanto Tempestuoso [...] Roberto Menescal voltou a produzir seus discos, agora com a direção musical e o piano de César Camargo Mariano [...] Elis e César ficaram apaixonados pela música e a gravação foi marcada para dentro de três dias.
Nesse meio tempo, Menescal Francis tentariam dar uma pressão em Chico para terminar a letra. À noite, separada de Ronaldo, sozinha na casa branca da Niemeyer, Elis resolveu fazer uma sessão de cinema, convidando alguns amigos, entre eles César. Mal o filme começou, César recebeu um bilhete de Elis, foi ao banheiro ler e se espantou: era um “torpedo” amoroso. Atônito, César leu e releu, acreditou e sumiu: completamente fascinado por Elis, era tudo o que secretamente desejava. E temia. Então sumiu. Não foi encontrado nos dois dias seguintes em lugar nenhum, os amigos se preocuparam. Mas no dia e hora da gravação, duas da tarde, César estava no estúdio, Menescal se sentiu aliviado e Elis sorriu sedutora.
César dispensou os músicos, pediu para todo mundo sair, para colocarem o piano no meio do estúdio, baixarem as luzes e deixarem só ele e Elis, para a gravação do piano e da voz-guia de “Atrás da porta”.
Extravasando seus sentimentos, misturando as dores da separação com as esperanças de um novo amor, Elis cantou, mesmo sem a segunda parte da letra, com extraordinária emoção, com a voz tremendo e intensa musicalidade. Na técnica, quando ela terminou, estavam todos mudos. Elis chorava abraçada por César. Juntos, César e Menescal foram levar a fita para Chico, que ouviu, chorou, e terminou a letra ali mesmo, no ato".
Fonte: Livro Noites Tropicais de Nelson Motta
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