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terça-feira, março 31, 2015

O maior inimigo do Brasil. Política

Dvorak - Symphony No. 9 "From the New World" - 3rd movement. Música

Pierre Verger. Fotografia

Grande Otelo e a Angela Maria- Rio, Zona Norte- Malvadeza Durão(autoria/...

Recomendo a toda pessoa solitária entrar numa academia de dança de salão. Olho no olho. Asas na imaginação.

Dr. Wilson Jacob Filho - Geriatria - Programa Medicina de Ponta

Andorinha. Manuel Bandeira. Poesia

Andorinha
Manuel Bandeira

Andorinha lá fora está dizendo:
— "Passei o dia à toa, à toa!"

Andorinha, andorinha, minha cantiga é mais triste!
Passei a vida à toa, à toa . . .

segunda-feira, março 30, 2015

CASO. Pois então tá combinado: só vou na minha hora, viúva fica a senhora, se volto é novo caso. Charles Fonseca

Como irritar seu médico. Autor desconhecido

Como irritar seu médico

1) Comece a consulta reclamando da demora, mesmo que tenha sido atendido rapidamente. Depois, diga ao médico que ele é o terceiro que você procura pelo mesmo motivo, e que você só quer mais uma opinião, pois não confia muito em médico. Diga também aquela frase clássica: "Cada médico me fala uma coisa!"

2) Nunca responda diretamente às perguntas. Caso ele pergunte se você teve febre, diga que teve tosse. Conte tudo detalhadamente, começando, se possível, desde quando você ainda era criança. E, se teve febre realmente, diga a ele que foi "febre interna". Aí ele surta!

3) Leve sempre 3 crianças com você (nem precisa ser seus filhos):especialmente aquelas que mexem em tudo, sobem nos móveis e ficam fazendo perguntas no meio da consulta. Combine, previamente, com uma delas, para quebrar o termômetro do médico.

4) Peça receita controlada de um medicamento. Diga que não é para você, mas para uma vizinha muito amiga sua. Não esqueça de dizer que ela toma esses remédios há anos e que não fica sem eles, e que você quer retribuir um favor dela.

5) Quando o médico perguntar que remédio você está tomando, diga que não se lembra do nome, mas "que é um comprimido branco" e que você está pensando em parar porque não está funcionando e está "atacando o estômago" como, aliás, todos os comprimidos que você toma. Ou melhor: diga que "está atacando o fígado", que isto causará convulsões no pobre do médico que estiver a sua frente. Aproveite para pedir uma "injeção".

6) Quando o médico estiver se despedindo de você, na sala de espera, diga bem alto, para os outros ouvirem também: "Vamos ver se agora o senhor acerta!"

7) No retorno da consulta, inicie com: "Estou pior que antes". Aproveite para incluir, no relato, novas queixas. Vagas, de preferência!

8) Diga que você passou por um farmacêutico, muito antigo e muito conceituado no bairro que a sua tia mora, e ele resolveu trocar os remédios que seu médico havia prescrito.

9) Insista para que o médico tente descobrir a causa daquela cólica que você teve há seis meses, e que desapareceu misteriosamente. Insista em contar os sintomas com riqueza de detalhes.

10) Traga os exames solicitados por médicos de outras especialidades. Se ele for clínico geral, consiga um eletroencefalograma para ele dar laudo. Pergunte se ele faria o favor de ver a mamografia da sua vizinha (outra).

11) Descubra onde seu médico dá plantão à noite, e só passe a procurá-lo lá. Dê preferência a hospitais públicos, onde ele não ganha por ficha de paciente.

12) No final da consulta, pergunte se ele não faria o favor de dar um atestado, pois você não "teve condições de trabalhar hoje", ou, então, diga que você tinha que resolver uns probleminhas e não deu para ir trabalhar

13) Depois do atestado, peça um laudo detalhado do seu problema para levar na perícia pois você quer "encostar".

Será que alguém já vivenciou alguma desta situações?

Autor desconhecido


Resultado de imagem para foto estetoscópio

Gal Costa - Gal Canta Caymmi (1976). Música

Saladino. Pintura

Saladino. A propaganda anticatólica contra as Cruzadas omite os cruéis crimes praticados pelos muçulmanos.

O tempo linear. Olavo de Carvalho. Igreja. Cristianismo

Imaginem um homem tão primitivo, tão selvagem, que não tivesse atinado ainda com os ciclos solares e lunares, cuja única medida de tempo fossem portanto os dias e as noites. As memórias desse homem seriam uma confusão de imagens sem ligação nem nexo, coeridas tão somente por alguma associação de idéias fortuita, sem ordem temporal, sem ao menos um senso de identidade contínua.
“Mutatis mutandis”, assim vive o homem de hoje, tão orgulhoso do seu estado civilizado, quando não participa do ciclo litúrgico da Igreja, que é um condensado da existência humana, e conhece apenas o tempo linear dos calendários, sem nem mesmo lembrar que ele não passa da numeração do tempo litúrgico.
Quem assiste à Missa todos os domingos sabe que o tempo linear não é tudo, que ele se entrelaça com uma ordem cíclica na qual os vários acontecimentos de uma vida – a vida pessoal e a vida do mundo – aparecem ligados por nexos que, na pura reta do tempo linear, são invisíveis ou, quando obscuramente vislumbrados por instantes, são logo exorcizados como meras produções da fantasia.
O homem puramente mundano dos nossos dias vive num universo unidimensional e fragmentário, onde o único desenho de conjunto que pode ser de algum modo percebido é, na melhor das hipóteses, a dimensão “histórica”, que não passa da linearidade ampliada.
Ele pode, é claro, apegar-se a alguma “concepção científica do cosmos”, mas esta não é percebida, apenas pensada e, como tudo o que é apenas pensado, não pesa nada na sua existência de todos os dias.
O ciclo litúrgico, onde a origem e o destino final da espécie humana são revivenciados a cada ano, dá ao fiel a percepção clara dos temas cíclicos e recorrentes da sua própria existência, dotando a sua vida de um “Leitmotiv" e abrindo-lhe o acesso a dimensões da realidade que, para o homem mundano, são tão inexistentes quanto a noção de continuidade biográfica era inacessível para o selvagem do exemplo acima.

domingo, março 29, 2015

QUEM É FELIZ não trabalha demais. Charles Fonseca.

A Banda - Chico Buarque e Nara Leão - 1966. Música

O MAR E O CANAVIAL. João Cabral de Melo Neto. Poesia.

O MAR E O CANAVIAL
João Cabral de Melo Neto

O que o mar sim aprende do canavial:
a elocução horizontal de seu verso;
a geórgica de cordel, ininterrupta,
narrada em voz e silêncio paralelos.

O que o mar não aprende do canavial:
a veemência passional da preamar;
a mão-de-pilão das ondas na areia,
moída e miúda, pilada do que pilar.

O que o canavial sim aprende do mar:
o avançar em linha rasteira da onda;
o espraiar-se minuciosio, de líquido,
alagando cova a cova onde se alonga.

O que o canavial não aprende do mar:
o desmedido do derramar-se da cana;
o comedimento do latifúndio do mar,
que menos lastradamente se derrama.

Devolvi - Núbia Lafayette e Nelson Gonçalves. Música

Balada das dez bailarinas do cassino. Cecilia Meireles. Poesia

Balada das dez bailarinas do cassino
Cecilia Meireles

Dez bailarinas deslizam
por um chão de espelho.
Têm corpos egípcios com placas douradas,
pálpebras azuis e dedos vermelhos.
Levantam véus brancos, de ingênuos aromas,
e dobram amarelos joelhos.

Andam as dez bailarinas
sem voz, em redor das mesas.
Há mãos sobre facas, dentes sobre flores
e com os charutos toldam as luzes acesas.
Entre a música e a dança escorre
uma sedosa escada de vileza.

As dez bailarinas avançam
como gafanhotos perdidos.
Avançam, recuam, na sala compacta,
empurrando olhares e arranhando o ruído.
Tão nuas se sentem que já vão cobertas
de imaginários, chorosos vestidos.

A dez bailarinas escondem
nos cílios verdes as pupilas.
Em seus quadris fosforescentes,
passa uma faixa de morte tranqüila.
Como quem leva para a terra um filho morto,
levam seu próprio corpo, que baila e cintila.

Os homens gordos olham com um tédio enorme
as dez bailarinas tão frias.
Pobres serpentes sem luxúria,
que são crianças, durante o dia.
Dez anjos anêmicos, de axilas profundas,
embalsamados de melancolia.

Vão perpassando como dez múmias,
as bailarinas fatigadas.
Ramo de nardos inclinando flores
azuis, brancas, verdes, douradas.
Dez mães chorariam, se vissem
as bailarinas de mãos dadas.

Alma Redemptoris Mater (Simple Tone). Igreja. Cristianismo

PERFUME DE MULHER. Charles Fonseca. 12/10. Poesia

PERFUME DE MULHER
Charles Fonseca

Se queres do amor um só na vida
Não exales pra outro teu perfume
Pois que se és rosa e a um seduz
A outro intriga e o põe na cruz.

Este que do amor fazes calvário
É cravo que por ti desabrochou.
Soluça triste, em modo vário,
Mas lágrima lhe enxuga o beija flor.

Sua avó usava.

Comunismo hoje controla tudo, menos a economia. Olavo de Carvalho

Análise psiquiátrica do piloto alemão que derrubou o avião. Marcelo Caixeta. Medicina

ANÁLISE PSIQUIÁTRICA DO PILOTO ALEMÃO QUE DERRUBOU O AVIÃO
Marcelo Caixeta

Andreas Lubitz, o copiloto da GermanWings que derrubou o avião na Europa, matando 149 pessoas, tinha doença psiquiátrica e , pelos relatos da mídia, não estava sendo bem acompanhado ( a gente pensa que é só aqui....). No jornal “The Guardian” um psiquiatra , também piloto, diz que “depressão não explica isto”, numa confissão pública de incompetência profissional. Depressão explica isto e pode explicar muito mais, como veremos. A namorada de Lubitz tem a informar dados muito mais relevantes do que o psiquiatra do The Guardian : disse que ele tinha rompantes de raiva contra ela, contra a empresa de aviação e chegou a falar que um dia o mundo se lembraria dele, que um dia faria algo diferente para mudar o sistema, que um dia faria algo relevante para a humanidade. Só isto já mostra que, ao contrário do que vem sendo dito, Andreas não sofria de depressão, mas de uma condição bem mais grave, doença bipolar. Uma depressão unipolar não cursa com estes rompantes apocalípticos, delirantes, megalomaníacos; isto é coisa da situação mórbida bipolar. Estes rompantes, se forem vividos num contexto depressivo, configuram o que se chama de “estado misto”, situação na qual o doente tem uma energia megalomaníaca dentro de um afeto altamente depressivo. É uma situação gravíssima do ponto de vista psiquiátrico pois o paciente fica com uma “alta energia” mas é uma “energia escura”, uma energia que pode , facilmente, degenerar em homicídio ou suicídio. Isto sem falar que os bipolares também estão muito sujeitos ao chamado “suicídio altruísta” que é quando se matam e querem “levar outras pessoas, para livrá-las do tormento pelo qual passam em sua vida na Terra”. Bipolares depressivos, quando em surtos psicóticos ou deliroides , olham para o mundo e veem “todo mundo vivendo como autômatos”, “uma vida sem sentido”, “uma vida de plástico, sem gosto”. Projetam no mundo aquilo que sentem em seu próprio psiquismo. No momento do suicídio-homicídio há um misto de várias coisas em seu psiquismo ( coisas que não se misturam, sendo até excludentes, na mente de uma pessoa normal ) : exaltação , ( "muita energia"), ressentimento, angústia, ideias de ruína, ideias de piedade, ódio pelo mundo e, ao mesmo tempo, "vontade de estar junto ao mundo" ( daí o paradoxo de quererem matar a todos mas , ao mesmo tempo, quererem estar junto a todos, "levá-los consigo" ). O tratamento para estes casos de “situação depressiva bipolar” não é o uso de antidepressivos, como os leigos e muitos médicos não-especialistas pensam. Pelo contrário, os antidepressivos podem piorar , e geralmente, pioram muito a situação desta “energia escura”, turbinando-a e dando ânimo para os pacientes cometerem atos que não estavam tendo coragem ou energia para cometer ( esta é uma das causas do aumento de suicídios no mundo, pois os não-especialistas tendem a dar antidepressivos nestes casos e isto precipita suicídio ou homicídio ). Ao invés disto, tais pacientes têm de usar são os normotímicos, os chamados "estabilizadores do humor". Um comprimidinho de lítio provavelmente teria impedido toda esta tragédia. Por outro lado, um "comprimidinho" de fluoxetina poderia tê-la turbinado. Como a qualidade da medicina psiquiátrica , infelizmente, é muito ruim, não só no Brasil, mas no mundo, é muitíssimo provável que Andreas , se estivesse usando alguma medicação ( parece que não estava ) , estivesse usando uma medicação errada, pois mesmo a grande parte dos psiquiatras costuma cometer o erro de prescrever antidepressivos para situações depressivas bipolares, aumentando o risco deste tipo de ato tresloucado.
O fato de Andreas ter dito que o mundo lembraria dele pode ser mostra, ao mesmo tempo, de um componente psíquico megalomaníaco misturado a um componente de revolta, indignação, ressentimento pelo seu “não-reconhecimento” e pela ingratidão dos patrões. Relatos também dizem que ele reclamava da “pressão” no trabalho, exigências laborais excessivas, condições sofríveis de trabalho. Isto era outro componente psiquiátrico que teria de ter sido levado em conta : alguns bipolares não suportam trabalhar sob ansiedade ou pressão constante. Isto funciona como lenha-na-fogueira, levando a uma piora progressiva. A doença bipolar tem como uma de suas bases os níveis excessivos de ansiedade, e qualquer elemento crônico que possa aumentar esta ansiedade não deixa a doença melhorar. Andreas escondia isso de muita gente - não da namorada ou do seu médico - porque tinha o sonho ( provavelmente também um pouco megalomaníaco ) de ser um grande comandante aéreo de voos longos e internacionais. A “vontade de grandes feitos”, a “vontade férrea”, a “vontade que não se dobra”, a “vontade que não renuncia”, não aceita as agruras da vida, é também uma característica bipolar marcante. Assim como uma vida de aventuras, uma vida de “adrenalina”, uma vida com muita busca de novidades, “sempre em lugares novos, fazendo coisas novas, conhecendo novidades, mudando-se, sempre errante e sempre distante daquela “acomodação pacífica” que faz a felicidade da maioria das pessoas normais.
Como se vê, constata-se , tristemente, que a falta de triagem psiquiátrica, a falta de avaliações laborais psiquiátricas admissionais e seriais, a falta de acompanhamento psiquiátrico dos profissionais, a falta de diagnósticos e tratamentos psiquiátricos adequados, a falta de interdições psiquiátricas quando necessário, não é um apanágio apenas de países subdesenvolvidos como o nosso.
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Marcelo Caixeta, médico psiquiatra

sábado, março 28, 2015

O Pequeno Príncipe - Capítulo 1

O chavismo vai suicidar você. Guilherme Fiuza. Política

A investigação da morte de Alberto Nisman é um caminho para libertar o continente do golpe
Guilherme Fiuza


O promotor argentino Alberto Nisman ia depor no Parlamento sobre suas denúncias contra a presidente Cristina Kirchner (leia mais a respeito na página 68). Ele a acusava de tentar um acordo espúrio com o Irã para conseguir petróleo para seu país falido. Na véspera do depoimento, Nisman foi encontrado morto com um tiro na cabeça. As autoridades responsáveis pela autópsia não titubearam: suicídio.

Quem está se suicidando é a América do Sul, dando amplo poder a esse chavismo que corrói a Argentina, o Brasil e vários vizinhos. O mais impressionante nem foi a tese obscura sobre a morte de Nisman, mas o fato de o governo Cristina passar imediatamente a se referir a ela como suicídio, quando as investigações apenas começavam e não autorizavam conclusão definitiva alguma. Coisa de bandoleiro.

Se países como Argentina e Brasil não estiverem irremediavelmente bêbados, a morte do promotor Nisman terá de ser o início da derrocada chavista. Tratava-­se de um homem jovem, vibrante, que não apresentava sinais de perturbação, mesmo sob uma pressão avassaladora. Já avisara que sua vida estava em risco. E deixara para a empregada uma lista de compras para o dia seguinte. Quem matou Nisman?

O que se sabe é que seus maiores adversários têm métodos conhecidos. Asfixiam brutalmente a imprensa que se recusa a ser porta-voz do governo. Adulteram os índices oficiais de inflação para enganar a população. Simulam uma guerra patriótica contra o imperialismo financeiro americano para tentar esconder sua condição caloteira e perdulária. Enfim, jogam todas as fichas na propaganda populista – usando a bondade como pretexto e a mentira como arma. Soa familiar?

Claro que sim. É a mesma doutrina do governo brasileiro há 12 anos. Aliás, as políticas energéticas argentina e brasileira são irmãs siamesas. Néstor Kirchner começou e Lula foi atrás, no truque de oferecer ao povo conta de luz artificialmente barata, enquanto as empresas do setor pagavam o pato e iam para o brejo. Cristina e Dilma aprofundaram o populismo tarifário, sendo que a brasileira usou mais de uma vez a cadeia obrigatória de rádio e TV para difundir essa propaganda enganosa. O eleitorado, para variar, caiu como um patinho – e não entendeu o apagão em dez Estados na semana passada.

O governo, então, se apressou a explicar: foi uma falha técnica. Poderia também ter dito que foi suicídio das linhas de transmissão. O fato é que o país não aguentou o pico de consumo, mesmo estando às margens da recessão e, portanto, consumindo energia abaixo do normal. É o clássico do populismo chavista: a infraestrutura arruinada, com a riqueza nacional traficada para a propaganda, os favores fisiológicos e a corrupção. O Brasil renovou por quatro anos a concessão do parasitismo – que acaba de responder com aumento da gasolina, elevação de impostos (cerca de R$ 20 bilhões anuais) e confisco tributário, com o golpe do congelamento da tabela do Imposto de Renda. E apagão.

Como deter essa indústria política envernizada de esquerdismo progressista? A investigação da morte escandalosa de Alberto Nisman é mais um caminho que se abre para libertar o continente do golpe. É a chance de escancarar de uma vez por todas o jogo bruto do chavismo, que fuzila a informação, o conhecimento e a verdade para eternizar seu conto de fadas ideológico. O juiz Sergio Moro, peça central na investigação do petrolão, já sofreu todo tipo de pressões e ameaças veladas, fora as tentativas de desmoralização. A própria Petrobras tentou barrar um pedido de informações do Tribunal de Contas da União sobre a fraude nos gasodutos Gasene. Como se vê, o esquema consegue agir até numa tomada de posição institucional da empresa. E tudo fará para forjar o processo e calar quem quer que seja.

Enquanto isso, Dilma sumiu. Deu o golpe eleitoral, saiu fazendo tudo o que condenava e mergulhou: um mês de silêncio. Mas sua página na internet está bem falante, e um dos assuntos é a “regulação econômica da mídia”. Eles morrerão falando em liberdade de expressão e tramando o controle da imprensa. É a cartilha chavista: fica muito mais fácil “resolver” a morte do promotor Nisman depois de suicidar a grande mídia.

O Brasil precisa decidir urgentemente se quer mesmo cortar os pulsos.

Canção do Exílio - Gonçalves Dias. Poesia

O comunismo-socialismo do Lula-Dilma-e-Seus-Aliados - Por Olavo de Carvalho

Quando a mulher se aborrece e cantarola pode surgir um galo na sua cachola. Charles Fonseca

Guernica. Murilo Mendes. Poesia

Guernica
Murilo Mendes

Subsiste, Guernica, o exemplo macho,
Subsiste para sempre a honra castiça,
A jovem e antiga tradição do carvalho
Que descerra o pálio de diamante.

A força do teu coração desencadeado
Contactou os subterrâneos de Espanha.
E o mundo da lucidez a recebeu:
O ar voa incorporando-se teu nome.

sexta-feira, março 27, 2015

Moonlight Sonata (55:33 Minutes Version). Beethoven. Música

O Espírito Santo e a Igreja na liturgia. Igreja. Cristianismo

O Espírito Santo e a Igreja na liturgia

1091. Na liturgia, o Espírito Santo é o pedagogo da fé do povo de Deus, o artífice das «obras-primas de Deus» que são os sacramentos da Nova Aliança. O desejo e a obra do Espírito no coração da Igreja é que nós vivamos da vida de Cristo ressuscitado. Quando Ele encontra em nós a resposta da fé que suscitou, realiza-se uma verdadeira cooperação. E, por ela, a liturgia torna-se a obra comum do Espírito Santo e da Igreja.

1092. Nesta dispensação sacramental do mistério de Cristo, o Espírito Santo age do mesmo modo que nos outros tempos da economia da salvação: prepara a Igreja para o encontro com o seu Senhor; lembra e manifesta Cristo à fé da assembleia; torna presente e actualiza o mistério de Cristo pelo seu poder transformante; e finalmente, enquanto Espírito de comunhão, une a Igreja à vida e à missão de Cristo.

catecismo

quinta-feira, março 26, 2015

Gregorian Chant - "Salve Regina". Música

Carta de Clarice Lispector. Prosa

Clarice Lispector
Washington, 13 agosto 1957, terça-feira
Minhas queridinhas,

Quanto à Califórnia. Coisa inteiramente inesperada, que me fez muito bem. Eu não andava dormindo bem, mas com a mudança de clima passei a dormir. Andamos uma semana no meio de milionários, hóspedes de um clube gran-fino, onde só os sócios têm direito de se hospedar e... pagar. O clube é cheio de “cabanas” gran-finas; a nossa, abrindo a porta, e descendo uns degraus, dava para uma praiazinha, onde tomei um banho no Pacífico... O clima de San Diego é inacreditavelmente bom, quente e seco, e leve. Los Angeles é quente demais. San Diego é uma beleza. Mas lamento dizer que Los Angeles e Hollywood se parecem demais com Miami. As mesmas casas baixas, o mesmo ar meio devastado e meio bagunça, sem graça. Naturalmente tem ruas de casas lindas. Mas não era como eu pensava. Não se vê muita gente nas ruas, e não vi nas ruas gente elegante, como a gente pensa que por ali devem existir aos montes. Almoçamos com George Murphy (lembram? Um dançarino, meio chatinho, que agora tem 55 anos, e não é mais ator, trabalha na Metro como “executive”), e é muito simpático para conversar. Nesse almoço estavam, entre outros importantes que não conheço, Ann Miller que é bem simpática, ao contrário do que eu pensava; miss Suécia do ano passado, tentando cinema; ela é tão incrivelmente linda, com um corpo tão espetacular, que o pessoal brasileiro presente apelidou-a de “a que não existe”; estava também a miss América, que foi miss Universo, em 1953, se não me engano. Essa, por Deus, apenas muito bonitinha e suave, ninguém imaginaria, conhecendo-a, que mereceria prêmio; passa quase desapercebida. Depois do almoço, que “aconteceu” no Beverly Hills Hotel, fomos aos estúdios da Metro, onde vimos... Danny Kaye ser filmado, e onde apertamo-lhes a mão. Ele é uma uva, tão atraente como no cinema. (que digo! Muito mais ainda), e muito engraçado e inteligente. Vimos também Peter Lawford ser filmado, bonito e chato. Por mais que eu soubesse como era feita a filmagem, fiquei desiludida. A coisa é feita entre chateações e repetições, exige uma paciência canina dos atores, e é feita por assim dizer sem o menor entusiasmo por parte deles. Tem um ar de pura rotina. Pelo menos o que eu vi. Nos estúdios há ruas inteiras de cenário para cowboy, numa rua está simplesmente a casa de “O Vento Levou”, numa outra a piscina que foi construída para Esther Williams. Vimos o cenário para “Os Irmãos Karamazov”, (lindo, exato, com neve falsa, árvores de matéria plástica tão perfeitas que só faltam dar fruto, rochas de matéria plástica, mas a pessoa só falta sentir frio lá, de tão cuidado), mas, para a minha profunda mágoa, Yul Brinner, astro do filme, estava nesse dia filmando fora do estúdio. Quando fomos entrando no estúdio, ao portão, havia as garotas que passam horas ali na esperança de um artista entrar para dar autógrafo. Quando saltamos do carro, elas correram para mim e me pediram autógrafo... (é que o carro era de luxo). Disse-lhes com gentileza que eu era “nobody” e que guardassem o livrinho para outra pessoa. Devo dizer a vocês que, nessa semana da Califórnia, com almoços e jantares tipo banquete, diariamente, eu estava sempre muito bem, em matéria de roupa: a maioria das roupas que levei, na verdade quase todas, eram dadas por vocês! fazendas e modelos e feitios, tudo. São as minhas roupas mais originais, e mais finas. E apropriadas. Por exemplo, houve uma missa, e eu fui com o vestido de shantung (um com casaquinho forrado) modelo seu, Tania, e fazenda sua, Elisa (você trouxe para mim da Europa, lembra?) E assim por diante. Em Los Angeles, estivemos duas vezes, no primeiro e no último dia, tudo corrido, sem conseguir sequer parar um instante. Antes de tomar o avião de volta para Washington, fomos tomar um drinque com... Conrad Hilton. Acho até graça em tanta riqueza. Foi a casa mais rica e maior que já vi. Os portões, se alguém tentar atravessá-los sem ter sido “chamado”, eletrocutam a pessoa... O Hilton não me agradou, e eu gostaria de ter aquela casa – pois assim a venderia e ficaria com o dinheiro, pois é antipática, com livros comprados a metro. Ele disse com muito orgulho que comprou a casa tal qual estava, com a mobília e a decoração igualzinha (nem a vaidade de fazer a casa a gosto dele, ele tem, naturalmente porque não tem gosto dele). Disseram-me que ele foi “protetor” de Ava Gardner, e Hedy Lamar, além de ter sido casado com Zsa Zsa Gabor. Bem, saindo de lá nós íamos jantar rapidamente no aeroporto, mas um brasileiro de Los Angeles achou que bem podíamos jantar bem depressa no Beverly Hilton Hotel, onde ele conhecia o “maitre d’hotel” que apressaria tudo. Este, ao saber que tínhamos que pegar o avião, disse: deixe então o menu por minha conta. Éramos oito pessoas na mesa, e tudo correu mesmo rápido e perfeito: um peixe muito bom, um filé, café e um sorvetezinho; em quinze ou vinte minutos tínhamos engolido tudo. Então veio a conta: cento e seis dólares... A surpresa foi enorme. O embaixador ainda deixou quinze dólares de gorjeta. Então o secretário particular do embaixador disse: estamos pagando aqui ao Conrad Hilton o drinquezinho que ele nos ofereceu na casa dele. Quase perdemos o avião, mas o dinheiro não fui eu que perdi. Bem, um dia antes de deixarmos San Diego (é cidade grande e linda), tivemos um intervalo livre, sem programa, entre um almoço e um jantar. Então demos um pulinho ao... México, cuja fronteira fica a meia hora. É uma cidadezinha que não tem valor como representante do México, feita apenas para turista, nada interessante, tem-se a impressão de estar em terra de ninguém. Ficamos lá menos de uma hora, e voltamos. Mas deu tempo de eu comprar dois brincos para você, Tania, um com desenho moderno, e um para você, Elisa (para você é mais difícil, pois quase todos são pendentes e sei que você não usa – e, além do mais, eu queria evitar comprar aqueles típicos demais, que estão tão manjados). Para mim comprei um cinto de cobre, fico parecendo cavalo em parada ou circo. Em San Diego pouco tempo tive para compras, e não pretendia fazer nenhuma, pois sabia que só daria para comprar brinquedos para as crianças e alguma coisa para Avany, e outra para Gissa que ficou ajudando o pessoal daqui de casa. Mas vi perto do hotel uns brincos, Tania, que tinham seu nome escrito, e, enquanto esperava que viessem me buscar para um almoço, comprei-os. Mando quando tiver portador.
Há cerca de duas horas estou escrevendo. Na próxima carta escreverei sobre as crianças, sobre o “camping” de Pedrinho, gracinhas dos dois. Estou agora um pouco atrapalhada pois tenho que fazer as traduções que, com as viagens, se atrasaram.
A Clarissa está esperando criança. Mais novidades eu me lembrarei aos poucos e escreverei na próxima.
Deus abençoe vocês.
Com amor,
Clarice

Reportagem Globo Rural 2003 ''MUTIRÃO do Porco na Serra da Canastra'' De...

Pediatra Silvana Sampaio Fonseca d'Albuquerque. Salvador. Fones: 71 3565-3566. Centro Médico do Vale (Avenida Reitor Miguel Calmon, 1210).

Formação

Médica Universidade Federal da Bahia 2007
Residência Médica em Pediatria Geral Universidade Federal da Bahia 2010
Título de Especialista em Pediatria Sociedade Brasileira de Pediatria 2011
Residência Medica em Endocrinologia Pediátrica Universidade Federal da Bahia 2012

Carreira
Número de Identificação Profissional: 19378 BA

FORMAÇÃO ACADÊMICA:
• Medicina - Universidade Federal da Bahia (conclusão: 27/07/2007).
• Residência Médica em Pediatria - Hospital Universitário Prof. Edgard Santos (período: 01/02/2008 - 31/01/2010).
• Residência Médica em Endocrinologia Pediátrica - Hospital Universitário Prof. Edgard Santos (período: 01/02/2010 - 31/01/2011).
• Estágio no Serviço de Endocrinologia Pediátrica - Hospital Universitário Prof. Edgard Santos (período: 01/02/2011 – 31/01/2012)

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL:
• Médica Plantonista da Clínica Pediátrica de Roma (período: maio/2009 – junho/2011).
• Médica Pediatra da Vitalmed (período: fevereiro/2011 – outubro/2011).
• Médica Pediatra e Endocrinologista Pediátrica da Clínica Pediátrica Lili e Lulu – Vilas do Atlântico, Lauro de Freitas (BA) (início: julho/2011).
• Médica Preceptora do Ambulatório de Endocrinologia Pediátrica - Hospital Universitário Prof. Edgard Santos (início: 01/02/2012)
• Médica Pediatra e Endocrinologista Pediátrica da Clínica Querubim (início: abril/2013).

EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL DURANTE GRADUAÇÃO:
• Monitoria da disciplina Técnica Operatória e Cirúrgica.
• Monitoria da disciplina Pediatria.
• Estágio na FIOCRUZ em parceria à atuação no Núcleo de Apoio à Pesquisa das Obras Sociais Irmã Dulce. Período: outubro de 2001 a outubro de 2002.
• Estágio na Unidade Coronariana do Hospital Português. Período: abril a setembro de 2004.
• Estágio na UTI do Hospital Português. Período: setembro de 2004 a março de 2005.
• Estágio na Emergência do Hospital Geral do Estado. Período: janeiro a outubro de 2005.
CURSOS E CONGRESSOS:
• XIII Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva, realizado no período de 06 a 10 de maio de 2008, em Salvador (BA).
• VI Congresso Baiano de Pediatria e II Congresso de Pediatria de Consultório do Nordeste, realizado no período de 15 a 17 de julho de 2010, em Salvador (BA).
• 9º Congresso Brasileiro Pediátrico de Endocrinologia e Metabologia, realizado no período de 17 a 20 de abril de 2011, em Ouro Preto (MG).
• Curso de Aprimoramento em Nutrologia Pediátrica, promovido pelo Programa de Aprimoramento em Nutrologia Pediátrica da Sociedade Brasileira de Pediatria, com carga horária total de 16 horas, realizado no período de 17 a 18 de junho de 2011, em Salvador (BA).
• Curso Básico de Imunizações, promovido pela Associação Brasileira de Imunizações durante o 11º Simpósio Brasileiro de Vacinas, com carga horária total de 10 horas, em 29 de junho de 2011, em Aracajú (SE).
• 11º Simpósio Brasileiro de Vacinas, realizado no período de 29 de junho a 02 de julho de 2011, em Aracajú (SE).
• VI Simpósio de Alimentação e Nutrição no Século XXI, promovido pela SOBAPE, em 13 e 14 de abril de 2012, no Hospital Espanhol – Salvador (BA).
• Curso de Ortopedia Infantil para Pediatras, promovido pela SOBAPE, realizado em 15 de setembro de 2012, no Hospital Espanhol – Salvador (BA).
• VII Congresso Baiano de Pediatria e III Congresso de Pediatria de Consultório do Nordeste, realizado no período de 2 a 4 de maio de 2013, em Salvador (BA).

TRABALHOS APRESENTADOS:
• Autoria do Pôster: “Modo de transmissão do Helicobacter pylori: evidências a favor da via oral-fecal”, apresentado no XXXVIII Congresso Brasileiro da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical e Simpósio de Antimicrobianos, realizado no período de 24 a 28 de fevereiro de 2002, em Foz do Iguaçu (PR).
• Co-autora do tema livre: “Características ambientais e de saneamento básico como determinantes da infecção por Helicobacter pylori em crianças”, apresentado no 36º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, realizado no período de 4 a 7 de setembro de 2002, em São Paulo (SP).
• Co-autoria do artigo “Crescimento e densidade mineral óssea em crianças e adolescentes com doença celíaca”, publicado no Boletim da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia – Bahia, nº 18, ano 5 (jan-mar/2003).
• Autoria do tema livre: “Hipotireoidismo congênito”, apresentado no VI Congresso Baiano de Pediatria e II Congresso de Pediatria de Consultório do Nordeste, realizado no período de 15 a 17 de julho de 2010, em Salvador (BA).
• Autoria do tema livre: “Baixa estatura”, apresentado no VI Congresso Baiano de Pediatria e II Congresso de Pediatria de Consultório do Nordeste, realizado no período de 15 a 17 de julho de 2010, em Salvador (BA).
• Autoria do tema livre: “Cetoacidose diabética”, apresentado no VI Congresso Baiano de Pediatria e II Congresso de Pediatria de Consultório do Nordeste, realizado no período de 15 a 17 de julho de 2010, em Salvador (BA).
• Autoria do tema livre: “Corticoterapia: efeitos colaterais e recomendações para minimizá-los na terapêutica crônica”, apresentado no VI Congresso Baiano de Pediatria e II Congresso de Pediatria de Consultório do Nordeste, realizado no período de 15 a 17 de julho de 2010, em Salvador (BA).
• Autoria do tema livre: “Retirada da corticoterapia”, apresentado no VI Congresso Baiano de Pediatria e II Congresso de Pediatria de Consultório do Nordeste, realizado no período de 15 a 17 de julho de 2010, em Salvador (BA).
• Autoria do pôster: “Coréia aguda em uma criança com diabetes melito tipo 1: relato de caso e revisão da literatura”, apresentado no 9º Congresso Brasileiro Pediátrico de Endocrinologia e Metabologia, realizado no período de 17 a 20 de abril de 2011, em Ouro Preto (MG).
• Autoria do pôster: “Pseudohipoparatireoidismo: relato de caso e revisão da literatura”, apresentado no 9º Congresso Brasileiro Pediátrico de Endocrinologia e Metabologia, realizado no período de 17 a 20 de abril de 2011, em Ouro Preto (MG).
• Autoria do artigo “Acute chorea and type 1 diabetes mellitus: clinical and neuroimaging findings” publicado no jornal Pediatric Diabetes. 2012;13(6):30-4.
• Autoria do artigo “Pseudohypoparathyroidism type Ia: a novel GNAS mutation in a Brazilian boy presenting with an early primary hypothyroidism” publicado no Journal of Pediatric Endocrinology & Metabolism. 2013;26(5-6):557-60.
• Autoria do poster “Síndrome de Shwachman-Diamond: relato de caso em uma criança brasileira”, apresentado no 10º Congresso Brasileiro Pediátrico de Endocrinologia e Metabologia, realizado no período de 01 a 04 de maio de 2013, em Brasília (DF).
IDIOMAS:
• Inglês (avançado): EBEC, ACBEU, Harvard University Summer School (Cambridge – MA, EUA), Embassy CES (Boston – MA, EUA).
• Espanhol (intermediário): UEC.


Fones: 71 3565-3566

Centro Médico do Vale (Avenida Reitor Miguel Calmon, 1210).

Por estas noites. Olavo Bilac. Poesia

Por estas noites
Olavo bilac

Por estas noites frias e brumosas
É que melhor se pode amar, querida!
Nem uma estrela pálida, perdida
Entre a névoa, abre as pálpebras medrosas

Mas um perfume cálido de rosas
Corre a face da terra adormecida ...
E a névoa cresce, e, em grupos repartida,
Enche os ares de sombras vaporosas:

Sombras errantes, corpos nus, ardentes
Carnes lascivas ... um rumor vibrante
De atritos longos e de beijos quentes ...

E os céus se estendem, palpitando, cheios
Da tépida brancura fulgurante
De um turbilhão de braços e de seios.

A índia vai ter neném. Dircinha Batista. 1964. Música

SEREIA. Charles Fonseca. Poesia

SEREIA
Charles Fonseca

Uma sereia invejosa
espia atrás das pedras
queria o amado, quem dera,
na praia mulher sestrosa,

tomou o seu coração,
envelveu-o num abraço,
na praia cheira o sargaço,
espia a sereia em vão.

quarta-feira, março 25, 2015

Óbito do autor. Machado de Assis. I. Prosa

Capítulo I
Óbito do autor

Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro logar o meu nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adoptar diferente método: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escripto ficaria assim mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua morte, não a pôs no intróito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco.
Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia -- peneirava -- uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa idéa no discurso que proferiu à beira de minha cova: -- «Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que tem honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à natureza as mais íntimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado.»Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei. E foi assim que cheguei à cláusula dos meus dias; foi assim que me encaminhei para o undiscovered country de Hamlet, sem as ânsias nem as dúvidas do moço príncipe, mas pausado e trôpego, como quem se retira tarde do espectáculo. Tarde e aborrecido. Viram-me ir umas nove ou dez pessoas, entre elas três senhoras, minha irmã Sabina, casada com o Cotrim, -- a filha, um lírio do vale, -- e... Tenham paciência! daqui a pouco lhes direi quem era a terceira senhora. Contentem-se de saber que essa anônima, ainda que não parenta, padeceu mais do que as parentas. É verdade, padeceu mais. Não digo que se carpisse, não digo que se deixasse rolar pelo chão, convulsa. Nem o meu óbito era cousa altamente dramática... Um solteirão que expira aos sessenta e quatro anos, não parece que reúna em si todos os elementos de uma tragédia. E dado que sim, o que menos convinha a essa anônima era aparentá-lo. De pé, à cabeceira da cama, com os olhos estúpidos, a boca entreaberta, a triste senhora mal podia crer na minha extincção.

-- Morto! morto! dizia consigo.

E a imaginação dela, como as cegonhas que um ilustre viajante viu desferirem o vôo desde o Ilisso às ribas africanas, sem embargo das ruínas e dos tempos, -- a imaginação dessa senhora também voou por sobre os destroços presentes até às ribas de uma África juvenil... Deixá-la ir; lá iremos mais tarde; lá iremos quando eu me restituir aos primeiros anos. Agora, quero morrer tranquilamente, metodicamente, ouvindo os soluços das damas, as falas baixas dos homens, a chuva que tamborila nas folhas de tinhorão da chácara, e o som estrídulo de uma navalha que um amolador está afiando lá fora, à porta de um correeiro. Juro-lhes que essa orquestra da morte foi muito menos triste do que podia parecer. De certo ponto em deante chegou a ser deliciosa. A vida estrebuchava-me no peito, com uns ímpetos de vaga marinha, esvaía-se-me a consciência, eu descia à imobilidade física e moral, e o corpo fazia-se-me planta, e pedra, e lodo, e cousa nenhuma.

Morri de uma pneumonia; mas se lhe disser que foi menos a pneumonia, do que uma idéa grandiosa e útil, a causa da minha morte, é possível que o leitor me não creia, e todavia é verdade. Vou expor-lhe sumariamente o caso. Julgue-o por si mesmo.

Anna Netrebko - Puccini - La Bohème Quando m'en vo' soletta

Anunciação, Museu del Prado, Madri. Beato Fra Angélico (1395 – 1455). Pintura

O Melhor De Tim Maia. Música

Anorexia nervosa. Marcelo Caixeta. Medicina. Psiquiatria

CRÍTICA A UM ARTIGO SOBRE ANOREXIA NERVOSA ESCRITO POR DUAS PSICÓLOGAS, oportunisticamente escamoteando a necessidade de diagnóstico e tratamento médico

No último domingo vimos mais um capítulo da utilização do espaço “opinião pública” aqui do Diário da Manhã para “publicidade pública”, ou seja, o tipo de artigo cujo maior interesse, ao meu ver, é o de propaganda profissional gratuita, travestido na forma de “informação útil ao público”. Trata-se de artigo escrito por duas psicólogas sobre “anorexia nervosa”. Vamos começar a análise psiquiátrica-literária do mesmo : 1) em primeiro lugar, não há, em todo o artigo, em nenhum momento, referência às palavras “médico”, “doença”, muito menos “psiquiatra”. 2) Pelo contrário, há várias referências às palavras “psicológico”, “terapia”, “psicoterapia”. Isto é uma maneira sub-reptícia de dizer nas entrelinhas , ou seja , propaganda sub-liminar : é um “transtorno psicológico” , “procure um psicólogo”; “ procure um profissional” ( veja, sob a rubrica “profissional”, mais uma vez, a omissão muito bem planejada, voluntária, do nome “médico”, “psiquiatra” ); “ah ! – , gente, por coincidência, nós que escrevemos o artigo somos psicólogas....”. 3) há informações incorretas, p.ex., a de que “não se sabe a causa”, e depois de que a “mídia tem participação na preocupação com o corpo”. Isto é incongruente de várias maneiras : em primeiro lugar, se não se sabe das causas, por que é que cita-se a mídia como causa ? Em segundo lugar, é informação incorreta do ponto de vista médico. A literatura médico-psiquiátrica é muito abundante em apontar causa para a doença. Para começar, não são puros “distúrbios alimentares”, não são puros “distúrbios de alimentação”, são doenças psiquiátricas, que exigem diagnóstico e tratamento psiquiátrico adequado, sob o risco de grave desfecho fatal. Em segundo lugar, entre várias comorbidades psiquiátricas, há uma associação enorme com doença bipolar, algo nem arranhado no artigo das especialistas. A literatura médica aponta isto abundantemente e nossa casuística hospitalar pessoal, com recuo de já quase 35 anos atendendo casos gravíssimos de todo Estado de Goiás e adjacências, atesta em quase 100 % a presença da comorbidade com graves doenças afetivas. Portanto, ao contrário do que dizem as psicólogas, há sim “causas” muito bem estudadas e elucidadas. 4 ) basta abrir o mais simples livro de psiquiatria para ver os enormes avanços na compreensão desta doença, inclusive até do ponto de vista de detalhes microscópicos, a nível de fisiopatologia biomolecular. 4) Tanto é que há tratamentos médicos muito eficazes para o transtorno, sem necessidade , inclusive - e ao contrário do que faz entender o artigo das psicólogas – de uma imprescindível “terapia com psicólogo”. Por exemplo, nosso hospital que atende casos gravíssimos há 35 anos, por ex., pacientes com índice de massa corporal ( IMC ) baixíssimos, por exemplo, pacientes com 1 metro e 60 e 29 kg, pacientes com septicemia, com hipoproteinemia, anemia hemolítica, nefrolitíase severa , hepatite hemolítica, insuficiência renal aguda, deficiência crônica de gamaglobulina, hipotiroidismo carencial, etc, nunca perdeu uma única paciente com esta doença. Para terem uma idéia, sobre estes casos graves, a literatura médica fala em uma mortalidade hospitalar de até 30 %, e não perdemos uma única paciente. Tratamento feito exclusivamente com médicos psiquiatras, treinados para isto, ( justamente os “profissionais” sobre os quais não foi dita uma linha no artigo das especialistas ) , além , é claro, da valorosa e imprescindível Equipe de Enfermagem. Se o “profissional” da psicologia fosse imprescindível para tanto, conforme subentende o artigo ( inclusive negando, “escondendo”, o médico e o psiquiatra ), como é que trataríamos , com sucesso, tantos pacientes sem tal “terapia profissional” ? Entro nestes detalhes “sórdidos”, ( dos quais pessoalmente não gosto, justamente por parecer cabotino ), porque as referidas psicólogas, repetindo mais uma vez coisas que comumente expressam em seus artigos, fazem questão de “esconder” nele as necessárias referências ao diagnóstico e tratamento “médico” das doenças sobre as quais discorrem, aqui no caso , o “abominável” tratamento “psiquiátrico”. A crítica, portanto, antes de querer ser virulenta e ácida, queiram nos desculpar, é apenas uma resposta, uma reação, ao deliberado escamoteamento, elisão esta ao meu ver maquiavélica, corporativista, e que pode prejudicar, inclusive com risco de vida, pacientes com doenças graves.
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Marcelo Caixeta, médico psiquiatra

terça-feira, março 24, 2015

O boi e o veado. Esopo. Fábula. Prosa

O boi e o veado.
Esopo

Por fugir o veado de um caçador, se acolheu à vila, e entrando medroso uma nestrebaria, achou o boi, a quem perguntou se podia esconder-se ali. Disse o boi que era muito certo o morrer, e que antes devera tornar-se ao mato, e com tudo o escondeu, e o cobriu de palha. Veio o dono da estrebaria, e olhando por ela, viu as pontas do veado. Foi descobri-lo, e achou o que era. Mas disse-lhe: Já que de tua vontade vieste á minha casa, não te quero matar, senão defender, e fazer muitos mimos.

Geriatria - Pronto Atendimento 1/6. Medicina

Um arco-íris de alegria da minha boca se ergue apondo o sonho e a vida juntos. Cecília Meireles. Prosa

Gal Costa-Índia. Música

segunda-feira, março 23, 2015

A arte de maldizer. Arnaldo Jabor. Prosa

A arte de maldizer (*)
Arnaldo Jabor

Malditos sejais, ó mentirosos, negadores, defraudadores, vigaristas, intrujões, chupistas, tartufos e embusteiros!

Malditos sejais, ó mentirosos, negadores, defraudadores, vigaristas, intrujões, chupistas, tartufos e embusteiros! Que a peste negra vos cubra de feridas pútridas, que vossas línguas mentirosas sequem e que água alguma vos dessedente, que vossas mentiras, patranhas, fraudes, lérias e marandubas se transformem em cobras peçonhentas que se enrosquem em vossos pescoços, que entrem por vossos rabos, cus, rabiotes e fundilhos e lá depositem venenosos ovos que vos depauperem em diarreias torrenciais e devastadoras. Que vossas línguas se atrofiem em asquerosos sapos e bichos pustulentos que vos impedirão de beijar vossas amantes, barregãs e micheteiras que vos recebem nos lupanares de Brasília, nos prostíbulos mentais onde viveis, refocilando-se nas delícias da roubalheira.

Malditos sejais, ladrões, gatunos, ratoneiros, trabuqueiros dos dinheiros públicos, dos quais agadanhais, expropriais mais da metade de todos os orçamentos, deixando viadutos no ar, pontes no nada, esgotos a céu aberto e crianças mortas de fome, mortas de tudo.

Que a maldição de todas as pragas do Egito e do Deuteronômio vos impeça de comer os frutos de vossas fazendas escravistas, que não possais degustar o pão de vossos fornos, nem o milho de vossos campos, e que vossas amantes vos traiam e vos contaminem com escabrosas doenças e repugnantes furúnculos!

Malditos sejais, homúnculos dedicados a se infiltrar nas brechas, nas breubas do Estado para malversar, rapinar, larapiar desde pequenas gorjetas embolsadas até essa doença nacional chamada petróleo, onde vos repastais no revezamento sinistro de negociarrões com empresas fantasmas em terrenos baldios, até a rapinagem dos mínimos picuás dos miseráveis.

Malditas sejam as caras de pau dos ladravazes, com seus ascorosos sorrisos, imunda honradez ostentada, gélido cinismo, baseado na crapulosa legislação que vos protege há quatro séculos, por compradiços juízes, repulsivos desembargadores, fariseus que vendilham sentenças por interesses políticos, ocultados por intrincados circunlóquios jurídicos, solenes lero-leros para compadrios e favores aos poderosos! Que vossas togas se virem em abutres famintos que vos devorem o fígado, acelerando vossas mortes que virão pela ridícula sisudez esclerosada com que justificais liminares e chicanas que liberam criminosos ricos e apodrecem pobres pretos na boca do boi de nossas prisões!

Malditos sejais, burocratas, sicofantas, enfiados na máquina publica, emperrando-a e sugando migalhas do Estado com voracidade e gula! Tomara que sejais devorados pelos carunchos que rastejam nos processos empoeirados da burocracia que impede o país de andar! Que a poeira dos arquivos mortos vos sufoque e envenene como o trigo roxo dos ratos!

Malditas sejam também as “consciências virginais”, as mentes “puras”; malditos os alienados e covardes, malditos os limpos, os não culpados, os indiferentes, que se acham superiores aos que sofrem e pecam; malditos intelectuais silenciosos que ficam agarrados em seus dogmas, que se “escandalizam” com os horrores, mas nada fazem diante dos erros óbvios que clamam por condenações. Maldito aquele que culpou os “brancos de olhos azuis” pela crise econômica mundial. Malditos os que só pensam em dividir os brasileiros entre “nós” e “eles”. Maldita seja a técnica de vitimização que funciona bem para ditadores que se dizem sempre “defensores do povo” — suas vítimas. Malditos os que condenam o passado, se eles são o passado.

Malditos os radicais de cervejaria, os radicais de enfermaria e os radicais de estrebaria. Os frívolos, os loucos e os burros. Uns bebem e falam em revolução; outros alucinam, e os terceiros zurram.

Maldita seja também a indiferença narcisista do déspota sindicalista que renegou a herança bendita que recebeu e que se esconde nas crises para voltar um dia como pai da pátria. Que gordos carrapatos infectem sua barba de estadista deslumbrado.

Malditos também os que desejam trazer de volta a irresponsabilidade fiscal, malditos anjos da cara suja, malditos os que inventaram as gorjetas de milhões, malditos espertos fugitivos da cassação, anatematizados e desgraçados sejam os que levam dólares na cueca e, mais que eles, os que levam dólares às Bahamas, malditos os que usam o “amor ao povo” para justificar suas ambições fracassadas, malditos bolchevistas que agora são arroz de festa de intelectuais mal-informados; malditos sejam, pois neles há o desejo de fazer regredir o Brasil para o velho Atraso pustulento, em nome de suas ideologias infantis!

Se eles prevalecerem, voltará o dragão da Inflação, com sete cabeças e dez chifres e sete coroas em cada cabeça, e a prostituta do Atraso virá montada nele, berrando todas as blasfêmias, vestida de vermelho, segurando uma taça cheia de abominações. E ela, a besta do Atraso, estará bêbada com o sangue dos pobres, e em sua testa estará escrito: “Mãe de todas as meretrizes e Mãe de todos os ladrões que paralisam nosso país”.

Só nos resta isso: maldizer.

Portanto: que a peste negra vos devore a alma, políticos canalhas, que vossos cabelos com brilhantina vos cubram de uma gosma repulsiva, que vossas gravatas bregas vos enforquem, que os arcanjos vingadores vos exterminem para sempre!

______

* Não pude escrever o artigo da semana por doença (nada grave, inimigos meus), mas me lembrei de outro texto da época do mensalão e achei por bem republicá-lo, pois cabe perfeitamente nesses tempos de petrolão.

Guerra de Canudos. Fotografia

Nesta foto é possível constatar a dimensão da destruição causada pelo conflito, trata-se das ruínas da mais nova igreja de Belo Monte, a Igreja do Bom Jesus, 1897 (Flávio de Barros/Acervo Museu da República).
Guerra de Canudos

PRESENTES. Charles Fonseca. Poesia

PRESENTES
Charles Fonseca

Presentes estão, no entanto se foram.
Ausentes os tenho e estão sobre a terra.
Presentes, sem cor, o futuro os espera,
Ausentes, distantes. Presentes, não corram.

Presentes me dão, no entanto ausentes.
Passados presentes barram futuros.
Presentes passados, papel pra embrulho.
Passados, entulhos, viva o presente!

Elis Regina & Tom Jobim - "Aguas de Março" - 1974. Música

Evangelho segundo São João 8,1-11. Igreja. Cristianismo

Evangelho segundo São João 8,1-11.

Naquele tempo, Jesus foi para o Monte das Oliveiras.
Mas de manhã cedo, apareceu outra vez no templo e todo o povo se aproximou d’Ele. Então sentou-Se e começou a ensinar.
Os escribas e os fariseus apresentaram a Jesus uma mulher surpreendida em adultério, colocaram-na no meio dos presentes e disseram a Jesus:
«Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério.
Na Lei, Moisés mandou-nos apedrejar tais mulheres. Tu que dizes?».
Falavam assim para Lhe armarem uma cilada e terem pretexto para O acusar. Mas Jesus inclinou-Se e começou a escrever com o dedo no chão.
Como persistiam em interrogá-l’O, Ele ergueu-Se e disse-lhes: «Quem de entre vós estiver sem pecado atire a primeira pedra».
Inclinou-Se novamente e continuou a escrever no chão.
Eles, porém, quando ouviram tais palavras, foram saindo um após outro, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher, que estava no meio.
Jesus ergueu-Se e disse-lhe: «Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?».
Ela respondeu: «Ninguém, Senhor». Jesus acrescentou: «Também Eu não te condeno. Vai e não tornes a pecar».

Sou feliz com Jesus. Igreja. Cristianismo

Médico. Autor desconhecido. Medicina

Médico é aquele cara que diz qual é a sua doença (mesmo que seja só uma virose), e te passa algum tratamento (mesmo que seja só dipirona).
Médico é o rapaz da equipe de saúde que tem de assinar o atestado de óbito, e dizer pra uma mãe que o filho de 14 anos morreu. Médico atesta o óbito do seu melhor amigo , do seu tio querido , do seu primo que cresceu junto com ele , dos seus avós e as vezes até de irmãos .E isso dói.Machuca muito.
Médico é um cidadão que estudou na universidade 8.400 horas durante 6 anos, com uma média de 2 provas por semana (provas estas de nível bem acima das provas de residência), que trabalhou 2 anos de graça para o SUS como estagiário, onde nem direito a almoço teve, e que ficou evoluindo enfermaria no dia das mães, carnaval, natal e ano novo.
Médico é o cara que recebe ameaça (verbal e física) pra dar atestado médico a uma dor de cabeça, fato este que ocorre várias vezes ao dia.
Médico é o profissional que entra em cirurgia de paciente soropositivo para AIDS, morrendo de medo de se furar, e ganha 98 reais por mês no adicional de insalubridade por este risco.
Médico é o ser humano que, por lei, tem direito a 1 hora de pausa para almoçar no meio do plantão, mas engole a comida em 15 minutos porque a fila de atendimento é gigante.
Médico é parte dos 99% dos profissionais que recebe a má fama do 1% que age sem ética.
O governo não investe em saúde, mas põe a culpa na falta de médicos. Digam-me: a culpa de escolas sem professores é dos professores?
Médico muitas vezes é um cidadão que serve 1 ano obrigatório no Exército (homens), e faz Residência de 3-6 anos, trabalhando 60-84 horas por semana recebendo salário por uma bolsa de 2.900 reais.
E que, quando exige um pagamento compatível com essa formação, é chamado de egoísta, playboy e mercenário.
Se você teve saco se ler até aqui, parabéns! Porque nós médicos aguentamos isso a carreira inteira de mais de 40 anos. E não digo isso para elevar a categoria ao status de semideus.
MÉDICO NÃO É SEMIDEUS. MÉDICO É GENTE IGUAL A VOCÊ. Médico tem sono, fome, saudades, vontade de brincar com os filhos e ficar com a família. Médico morre de raiva de ver um paciente morrer porque o SUS não funciona.Médico faz consulta na feira, no mercado , na festa de aniversário , de casamento e até em velório .
Por isso, da próxima vez que se perguntar por que os médicos estão indignados, leia o texto acima.
Não trabalhamos pra encher a carteira de dinheiro. Somos médicos porque amamos nosso trabalho, amamos cuidar de outros seres humanos, e não tem dinheiro no mundo que pague isso de volta.
Amo ser médico e foi a melhor escolha que eu fiz pra minha vida.
Portanto, parabéns a todos os médicos deste Brasil que tiram leite de pedra, e aguentam as difamações do governo contra nossa classe.

domingo, março 22, 2015

Quem quer mais do que lhe convém, perde o que quer e o que tem. Padre Antônio Vieira.

Insensatez - Tom Jobim. Música

Insensatez
Tom Jobim
A insensatez que você fez
Coração mais sem cuidado
Fez chorar de dor
O seu amor
Um amor tão delicado
Ah, porque você foi fraco assim
Assim tão desalmado
Ah, meu coração que nunca amou
Não merece ser amado

Vai meu coração ouve a razão
Usa só sinceridade
Quem semeia vento, diz a razão
Colhe sempre tempestade
Vai, meu coração pede perdão
Perdão apaixonado
Vai porque quem não
Pede perdão
Não é nunca perdoado

Credo apostólico. Igreja. Cristianismo

1. Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra;
2. e em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
3. que foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da virgem Maria;
4. padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado;
5. desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia;
6. subiu aos Céus; está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso,
7. de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
8. Creio no Espírito Santo,
9. na Santa Igreja católica, na comunhão dos Santos,
10. na remissão dos pecados,
11. na ressurreição da carne,
12. na vida eterna.
Amém.

DILMA torra dinheiro do Brasil em países socialistas

Grafito numa cadeira. Murilo Mendes. Poesia

Grafito numa cadeira
Murilo Mendes

Cadeira operada dos braços
Fundamental que nem osso


Não poltrona com pés de metal
Knoll
Ou projetada por um sub-Moholy Nagy
Com nota didascálica


Antes cadeira no duro
Cadeira de madeira
Anônima
Inânime
Unânime
Cadeira quadrúpede


Não aguardas
Nenhuma "iluminação" particular
Nem assento e clavícula de nenhuma deusa
Que te percutisse — gong —
Nem de nenhum Van Gogh
Que súbito te tornasse

Gabriel o Pensador - Chega

Aprenda idiomas de graça. Para sempre.

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Monumento ao Papa Pio VII. Escultura

QUANDO ME BEIJAS. Charles Fonseca. Poesia

QUANDO ME BEIJAS
Charles Fonseca

Quando me beijas és mel.
Alecrim, mato cheiroso,
És caqui de tão gostoso,
És pudim vindo do céu.

A terra pára, dou voltas,
És pra mim, manjar dos deuses,
Tristeza embora, adeuses,
Mar em rio, pororocas.

O corpo me arrepias,
Riachinho canta às margens,
Do Éden, chego às paragens,
No jardim, me delicias.

Cantam alegres passarinhos,
Ao jardim vêm borboletas,
Beija-flores, piruetas
Saltitam, eu só carinhos!

sábado, março 21, 2015

Alessandro Vittoria, 1561-63 - San Sebastian Public Collection. E46. Escultura

Getúlio Vargas. Política

Getúlio, eu fico
Getúlio Vargas sempre conservou intenções continuístas. Um dia, foram procurá-lo para saber se era verdade. E ele :
- Não, meu candidato é o Eurico (marechal Eurico Gaspar Dutra); mas se houver oportunidade, eu mudo uma letra : Eu Fico.

Elizeth Cardoso - Todo Sentimento. Elizeth Cardoso

A petrobras pode quebrar? Raquel Landim. Política

A Petrobras pode quebrar?
Raquel Landim – Folha de SP – 20-03-15

Até pouco tempo atrás, uma pergunta como essa não teria o menor cabimento. A Petrobras ocupava o posto de maior empresa brasileira, dona das bilionárias reservas do pré-sal, com um faturamento de mais de R$ 300 bilhões –em resumo, era o orgulho nacional. Uma empresa como essa era inquebrável, inabalável, inatingível.

O problema é que o governo, que é o acionista controlador, acreditou nisso. A lógica das administrações Lula e Dilma é que a força da Petrobras está no tamanho de suas reservas e no mercado consumidor cativo. "A Petrobras está bem por duas razões: volume de petróleo e um mercado fabuloso em que o consumo cresce", disse Graça Foster, ex-presidente da estatal, em entrevista a blogueiros "amigos" em meados do ano passado.

Com esse discurso nacionalista, a Petrobras gastou bilhões de reais construindo projetos que agradavam políticos aliados, bancando obras superfaturadas por empreiteiros, e, é claro, pagando propina a funcionários, doleiros, deputados, senadores etc.

O governo, no entanto, parece ter esquecido dois chavões da economia: dinheiro não aceita desaforo e não existe almoço grátis. Extrair petróleo do fundo do mar ou da terra é uma atividade caríssima. Com um volume enorme de investimentos previstos, a Petrobras contraiu uma dívida gigantesca.

Quando as investigações da Operação Lava Jato expuseram o esquema de corrupção estatal, as ações da Petrobras desabaram. Mas o mau humor do mercado não é apenas porque a empresa ainda não conseguiu sequer publicar seu balanço. Os investidores também começaram a cobrar caro pelos anos de má gestão.

A Petrobras hoje gasta mais do que ganha. De janeiro a setembro de 2014, último dado disponível, a empresa gerou R$ 47,3 bilhões de caixa, mas aplicou em suas obras R$ 56,4 bilhões. As contas só fecharam porque a companhia foi a mercado e pediu emprestados R$ 41,3 bilhões.

É normal que as empresas se alavanquem para crescer. Mas se esse investimento não é revertido em receita no médio prazo, o mecanismo cria um círculo vicioso. Em setembro do ano passado, a dívida da Petrobras estava em espantosos R$ 331,7 bilhões e deve ter aumentando significativamente já que 70% desse montante é devido em dólares.

Uma empresa está quebrada quando não tem dinheiro para honrar seus compromissos. É bem provável que a Petrobras disponha de recursos para pagar suas dívidas neste ano. Mas e em 2016? As contas podem não fechar. Não é à toa que a nova direção da estatal adotou uma política típica de empresas com problemas: negociar com os credores e vender tudo que puder.

Dilma Rousseff não seu deu conta do tamanho do problema e continua insistindo no mesmo blá, blá, blá. Quando a companhia perdeu o selo de boa pagadora da agência Moody's, a presidente vociferou que era uma "falta de conhecimento do que está acontecendo na Petrobras" e que "a empresa tem capacidade de se recuperar disso, sem grandes consequências".

Alguém em Brasília precisa avisá-la de que a situação é tenebrosa e que ela pode entrar para a história como a presidente que quebrou a Petrobras. A não ser, é claro, que mude radicalmente a gestão ou resolva salvar a estatal com dinheiro dos bancos públicos, criando outro problema. E, não, isso não é alarmismo. Só não vê quem não sabe fazer conta ou deixa a política turvar seu raciocínio.

...Que participa na liturgia celeste. Igreja. Cristianismo

.. QUE PARTICIPA NA LITURGIA CELESTE

1090. «Na liturgia da terra, participamos, saboreando-a de antemão, na liturgia celeste, celebrada na cidade santa de Jerusalém, para a qual nos dirigimos como peregrinos e onde Cristo está sentado à direita de Deus, como ministro do santuário e do verdadeiro tabernáculo; com todo o exército da milícia celestial, cantamos ao Senhor um hino de glória; venerando a memória dos santos, esperamos ter alguma parte e comunhão com eles; e aguardamos o Salvador, nosso Senhor Jesus Cristo, até que Ele apareça como nossa vida e também nós apareçamos com Ele na glória» (8).

catecismo

Núbia Lafayette. Pra não morrer de tristeza. Música

André Rieu's Manhã de Carnaval. Música

J. S. Bach Prelude in E Flat Major BWV 1010. Música

A Nona Onda. Ivan Konstantinovich Aivazovski. Pintura

sexta-feira, março 20, 2015

O PT e os pistoleiros. Reinaldo Azevedo. Política

O PT E OS PISTOLEIROS
Reinaldo Azevedo

Esse negócio de que, mesmo antigos, devemos conservar, diante de tudo, o olhar de surpresa e de novidade típico da juventude é conversa mole. Como é mesmo? O diabo é diabo porque velho, não porque sábio. Mas não sou do tipo que deixa cair as bochechas, com as retinas cansadas. Aos 53, é dever não se assustar nem se prostrar. Mas eis que os poderosos de turno, a seu modo, fazem com que me sinta um recém-nascido. Produzem o inédito, falam o inaudito, acenam com o inesperado. A companheirada tem me permitido vivenciar a tábula rasa. Meu cérebro não tem prescrição para o que está aí. É como se eu tivesse chegado ao mundo deles sem experiência anterior.

Cid Gomes, até quarta ministro da Educação (nada menos!) de um governo em crise, afirmou haver no Congresso 300 achacadores e foi chamado a se explicar na Câmara. Em vez de buscar uma forma decorosa de se desculpar, deu um piti ridículo, à moda dos Gomes, e foi demitido em seguida. Quem exibiu a sua cabeça foi Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Casa. Cid saiu de lá dirigindo o próprio carro e foi aplaudido por uma claque de cearenses. Há ou não os achacadores? Em setembro de 1993, um certo Lula disse que havia "300 picaretas no Congresso". Em 2015, o PT é o protagonista do petrolão. "Boquirrotice" é lixo.

A cena momesca se deu um dia depois de ter vindo a público um documento da Secretaria de Comunicação da Presidência em que o governo reconhece usar os chamados blogs sujos para o serviço de pistolagem política. O documento prega a intensificação de uma parceria que parece ser comercial e criminosa. O texto sabe ser explícito: "A guerrilha política precisa ter munição vinda de dentro do governo, mas ser disparada por soldados fora dele". Munição? Soldados? Disparo? O plano anuncia ainda a intenção de pôr órgãos do Estado a serviço do proselitismo rasteiro e de usar a verba oficial de publicidade para a promoção pessoal de políticos, o que afronta a Constituição.

Como o ciclo do desatino nunca está completo sem Rui Falcão, o presidente do PT compareceu ao debate. Deixando claro o que entende por "controle social da mídia" –ou "regulamentação econômica"–, o homem quer que o governo corte verba oficial de publicidade dos veículos que, segundo ele, "incentivaram" ou "convocaram" as manifestações. Só fez uma ressalva: "A Record, que sempre teve uma simpatia maior por nós, no domingo, começou em rede aberta a convocar a manifestação. Foi uma briga por audiência. Nesse caso não foi nem má-fé". Entendi. É para privilegiar quem tem "simpatia por nós" e punir quem não tem.

No domingo, depois da maior manifestação política da história do país, dois ministros concederam entrevista coletiva. José Eduardo Cardozo (Justiça) defendeu uma reforma política rejeitada pelo PMDB, o maior parceiro do PT no governo. E Miguel Rossetto (Secretaria-Geral) criticou os manifestantes, tratando-os como golpistas. O país virou uma orquestra de panelas.

Vivendo e aprendendo. Nessa toada, os destrambelhados a favor derrubam Dilma antes que as ruas o façam. Ah, sim: espero que o Congresso honre as suas funções constitucionais e convoque os guerrilheiros da Secom para explicar a que custo o governo fornece "munição" para pistoleiros, chamados de "soldados de fora".

O dia da criação. Vinicius de Moraes. Poesia

O DIA DA CRIAÇÃO
Vinicius de Moraes


I

Hoje é sábado, amanhã é domingo
A vida vem em ondas, como o mar
Os bondes andam em cima dos trilhos
E Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na Cruz para nos salvar.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Não há nada como o tempo para passar
Foi muita bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo
Mas por via das dúvidas livrai-nos meu Deus de todo mal.

Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.

Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.


II

Neste momento há um casamento
Porque hoje é sábado.
Há um divórcio e um violamento
Porque hoje é sábado.
Há um homem rico que se mata
Porque hoje é sábado.
Há um incesto e uma regata
Porque hoje é sábado.
Há um espetáculo de gala
Porque hoje é sábado.
Há uma mulher que apanha e cala
Porque hoje é sábado.
Há um renovar-se de esperanças
Porque hoje é sábado.
Há uma profunda discordância
Porque hoje é sábado.
Há um sedutor que tomba morto
Porque hoje é sábado.
Há um grande espírito de porco
Porque hoje é sábado.
Há uma mulher que vira homem
Porque hoje é sábado.
Há criancinhas que não comem
Porque hoje é sábado.
Há um piquenique de políticos
Porque hoje é sábado.
Há um grande acréscimo de sífilis
Porque hoje é sábado.
Há um ariano e uma mulata
Porque hoje é sábado.
Há uma tensão inusitada
Porque hoje é sábado.
Há adolescências seminuas
Porque hoje é sábado.
Há um vampiro pelas ruas
Porque hoje é sábado.
Há um grande aumento no consumo
Porque hoje é sábado.
Há um noivo louco de ciúmes
Porque hoje é sábado.
Há um garden-party na cadeia
Porque hoje é sábado.
Há uma impassível lua cheia
Porque hoje é sábado.
Há damas de todas as classes
Porque hoje é sábado.
Umas difíceis, outras fáceis
Porque hoje é sábado.
Há um beber e um dar sem conta
Porque hoje é sábado.

Há uma infeliz que vai de tonta
Porque hoje é sábado.
Há um padre passeando à paisana
Porque hoje é sábado.
Há um frenesi de dar banana
Porque hoje é sábado.
Há a sensação angustiante
Porque hoje é sábado.
De uma mulher dentro de um homem
Porque hoje é sábado.
Há a comemoração fantástica
Porque hoje é sábado.
Da primeira cirurgia plástica
Porque hoje é sábado.
E dando os trâmites por findos
Porque hoje é sábado.
Há a perspectiva do domingo
Porque hoje é sábado.


III

Por todas essas razões deverias ter sido riscado do Livro das Origens, ó Sexto Dia da Criação.
De fato, depois da Ouverture do Fiat e da divisão de luzes e trevas
E depois, da separação das águas, e depois, da fecundação da terra
E depois, da gênese dos peixes e das aves e dos animais da terra
Melhor fora que o Senhor das Esferas tivesse descansado.
Na verdade, o homem não era necessário
Nem tu, mulher, ser vegetal, dona do abismo, que queres como as plantas, imovelmente e nunca saciada
Tu que carregas no meio de ti o vórtice supremo da paixão.
Mal procedeu o Senhor em não descansar durante os dois últimos dias
Trinta séculos lutou a humanidade pela semana inglesa
Descansasse o Senhor e simplesmente não existiríamos
Seríamos talvez pólos infinitamente pequenos de partículas cósmicas em queda invisível na terra.
Não viveríamos da degola dos animais e da asfixia dos peixes
Não seríamos paridos em dor nem suaríamos o pão nosso de cada dia
Não sofreríamos males de amor nem desejaríamos a mulher do próximo
Não teríamos escola, serviço militar, casamento civil, imposto sobre a renda e missa de sétimo dia,
Seria a indizível beleza e harmonia do plano verde das terras e das águas em núpcias
A paz e o poder maior das plantas e dos astros em colóquio
A pureza maior do instinto dos peixes, das aves e dos animais em cópula.
Ao revés, precisamos ser lógicos, freqüentemente dogmáticos
Precisamos encarar o problema das colocações morais e estéticas
Ser sociais, cultivar hábitos, rir sem vontade e até praticar amor sem vontade
Tudo isso porque o Senhor cismou em não descansar no Sexto Dia e sim no Sétimo
E para não ficar com as vastas mãos abanando
Resolveu fazer o homem à sua imagem e semelhança
Possivelmente, isto é, muito provavelmente
Porque era sábado.

quinta-feira, março 19, 2015

Strawberry Fields Forever. Legendado. Beatles; Música

Christian Daniel Rauch, 1839-51 Equestrian Statue of Frederick, the Great Public Collection. E46. Escultura

A borboleta preta. Machado de Assis. Prosa

A borboleta preta
Machado de Assis

No dia seguinte, como eu estivesse a preparar-me para descer, entrou no meu quarto uma borboleta, tão negra como a outra, e muito maior do que ela. Lembrou-me o caso da véspera, e ri-me; entrei logo a pensar na filha de Dona Eusébia, no susto que tivera, e na dignidade que, apesar dele, soube conservar. A borboleta, depois de esvoaçar muito em torno de mim, pousou-me na testa. Sacudi-a, ela foi pousar na vidraça; e, porque eu sacudisse de novo, saiu dali e veio parar em cima de um velho retrato de meu pai. Era negra como a noite. O gesto brando com que, uma vez posta, começou a mover as asas, tinha um certo ar escarninho, que me aborreceu muito. Dei de ombros, saí do quarto; mas tornando lá, minutos depois, e achando-a ainda no mesmo logar, senti um repelão dos nervos, lancei mão de uma toalha, bati-lhe e ela caiu.
Não caiu morta; ainda torcia o corpo e movia as farpinhas da cabeça. Apiedei-me; tomei-a na palma da mão e fui depô-la no peitoril da janela. Era tarde; a infeliz expirou dentro de alguns segundos. Fiquei um pouco aborrecido, incomodado.

-- Também por que diabo não era ela azul? disse eu comigo.

E esta reflexão, -- uma das mais profundas que se tem feito, desde a invenção das borboletas,-- me consolou do malefício, e me reconciliou comigo mesmo. Deixei-me estar a contemplar o cadáver, com alguma simpatia, confesso. Imaginei que ela saíra do mato, almoçada e feliz. A manhã era linda. Veio por ali fora, modesta e negra, espairecendo as suas borboletices, sob a vasta cúpula de um céu azul, que é sempre azul, para todas as asas. Passa pela minha janela, entra e dá comigo. Suponho que nunca teria visto um homem; não sabia, portanto, o que era o homem; descreveu infinitas voltas em torno do meu corpo, e viu que me movia, que tinha olhos, braços, pernas, um ar divino, uma estatura colossal. Então disse consigo: «Este é provavelmente o inventor das borboletas». A idéa subjugou-a, aterrou-a; mas o medo, que é também sugestivo, insinuou-lhe que o melhor modo de agradar ao seu creador era beijá-lo na testa, e beijou-me na testa. Quando enxotada por mim, foi pousar na vidraça, viu dali o retrato de meu pai, e não é impossível que descobrisse meia verdade, a saber, que estava ali o pai do inventor das borboletas, e voou a pedir-lhe misericórdia.

Pois um golpe de toalha rematou a aventura. Não lhe valeu a imensidade azul, nem a alegria das flores, nem a pompa das folhas verdes, contra uma toalha de rosto, dous palmos de linho cru. Vejam como é bom ser superior às borboletas! Porque, é justo dizê-lo, se ela fosse azul, ou cor de laranja, não teria mais segura a vida; não era impossível que eu a atravessasse com um alfinete, para recreio dos olhos. Não era. Esta última idéa restituiu-me a consolação; uni o dedo grande ao polegar, despedi um piparote e o cadáver caiu no jardim. Era tempo; aí vinham já as próvidas formigas... Não, volto à primeira idéa; creio que para ela era melhor ter nascido azul.

quarta-feira, março 18, 2015

Estrela. Gilberto Gil. Música

Livro de Isaías 49,8-15. Igreja. Cristianismo.

Livro de Isaías 49,8-15.
Assim fala o Senhor: «No tempo da graça, Eu te ouvi; no dia da salvação, Eu te ajudei. Eu te formei e designei para renovar a aliança do povo, para restaurar a terra e reocupar as herdades devastadas;
para dizer aos prisioneiros: ‘Saí para fora’ e àqueles que vivem nas trevas: ‘Vinde para a luz’. Hão de alimentar-se em todos os caminhos e acharão pastagem em todas as encostas.
Não sentirão fome nem sede, nem o sol ou o vento ardente cairão sobre eles, porque Aquele que tem compaixão deles os guiará e os conduzirá às nascentes da água.
De todas as minhas montanhas farei caminhos e as minhas estradas serão niveladas.
Ei-los que vêm de longe: uns do Norte e do Poente, outros da terra de Sinim.
Rejubilai, ó céus; exulta, ó terra; montes, soltai gritos de alegria, porque o Senhor consola o seu povo e tem compaixão dos seus pobres.
Sião dizia: ‘O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-Se de mim’.
Pode a mulher esquecer-se da criança que amamenta e não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Mas ainda que ela o esquecesse, Eu nunca te esquecerei».

Não tenhais medo! Papa João Paulo II - Discurso inaugural. Igreja. Cristianismo

Cidadão Kane. Dublado. Cinema. 2h54min

ÁRVORE DA VIDA. Charles Fonseca. Poesia

ÁRVORE DA VIDA
Charles Fonseca

Dura lhe tem sido a vida, agreste.
Finca suas raízes no chão duro.
Dele traz em seiva ao futuro
Copas superpostas pro celeste.

O caule se o vês já carcomido
Assim está por muito ter vivido.
Forte ele é, sob ele há vida.
Dele, em volta, a sombra te abriga.

A transposição do afeto. Freud. Psicanálise

A TRANSPOSIÇÃO DO AFETO
Freud

O eu leva muito menos vantagem escolhendo a transposição do afeto como método de defesa do que escolhendo a conversão histérica da excitação psíquica em inervação somática. O afeto de que o eu sofre permanece como antes, inalterado e não diminuído, com a única diferença de que a representação incompatível é abafada e isolada da memória. As representações recalcadas, como no outro caso, formam o núcleo de um segundo grupo psíquico, que, acredito é acessível mesmo sem a ajuda da hipnose. Se as fobias e obsessões são desacompanhadas dos notáveis sintomas que caracterizam a formação de um grupo psíquico independente na histeria, isto é sem dúvida porque, em seu caso, toda alteração permaneceu na esfera psíquica e a inervação somática não sofreu qualquer mudança.

É TARDE. Castro Alves. Poesia

É TARDE
Castro Alves

É tarde! É muito tarde! O templo é negro...
O fogo-santo já no altar não arde.
Vestal! não venhas tropeçar nas piras...
É tarde! É muito tarde!


Treda noite! E minh'alma era o sacrário!
A lâmpada do amor velava entanto,
Virgem flor enfeitava a borda virgem
Do vaso sacrossanto.


Quando Ela veio — a negra feiticeira —
A libertina, lúgubre bacante,
Lascivo olhar, a trança desgrenhada,
A roupa gotejante.


Foi minha crença — o vinho dessa orgia,
Foi minha vida — a chama que apagou-se,
Foi minha mocidade — o toro lúbrico,
Minh'alma — o tredo alcouce.


E tu, visão do céu! Vens tateando
O abismo onde uma luz sequer não arde?
Ai! não vás resvalar no chão lodoso...
É tarde! É muito tarde!


Ai! não queiras os restos do banquete!
Não queiras esse leito conspurcado!
Sabes? meu beijo te manchara os lábios
Num beijo profanado.


A flor do lírio de celeste alvura
Quer da lucíola o pudico afago...
O cisne branco no arrufar das plumas
Quer o aljôfar do lago.


É tarde! A rola meiga do deserto
Faz o ninho na moita perfumada...
Rola de amor! não vás ferir as asas
Na ruína gretada.


Como o templo, que o crime encheu de espanto,
Êrmo e fechado ao fustigar do norte,
Nas ruínas desta alma a raiva geme...
E cresce o cardo — a morte —.


Ciúme! dor! sarcasmo! — Aves da noite!
Vós povoais-me a solidão sombria,
Quando nas trevas a tormenta ulula
Um uivo de agonia! ...

.................................................................


É tarde! Estrela-d'alva! o lago é turvo.
Dançam fogos no pântano sombrio.
Pede a Deus que dos céus as cataratas
Façam do brejo — um rio!


Mas não!... Somente as vagas do sepulcro
Hão de apagar o fogo que em mim arde...
Perdoa-me, Senhora!... Eu sei que morro...
É tarde! É muito tarde!...