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quarta-feira, julho 31, 2013

CAATINGA. Charles Fonseca

CAATINGA
Charles Fonseca

Aí minha mãe trabalhava nos Correios. Aí eu estudava inglês com ela que tomava aulas e me repassava o que aprendia. Aí ela sustentou a casa sozinha durante algum tempo quando meu pai, agente de tributos, resolveu prender duas ou três boiadas, até que o proprietário pagasse ao Estado o imposto de circulação da mercadoria. Mas o proprietário era o prefeito da cidade, vindo a ser depois governador do Estado. Ele pagou o tributo. Meu pai foi demitido antes de que ele viesse a ser governador logo a seguir. Foi nessa época que todos os dias saia com ele para a caatinga caçar nambú, juriti, rolinha, siriema, teiú. De vez em quando ele apontava o cano da espingarda para o chão e dziia: olhe o rastro dela; dela quem meu pai? Da suçuarana. Eu morria de medo da onça aparecer. Mas ele dizia, que nada, ela é mansa, é como um gato do mato... Fim da caçada, a carne estava assegurada para a mulher e os cinco filhos. Aí começou meu amor pela caatinga.

Christian Daniel Rauch, 1842-1852, Caridade, Esperança e Fé Coleção pública. 39

PROCISSÃO. Charles Fonseca. Poesia.

PROCISSÃO
Charles Fonseca

Corre lento o São Francisco
Lambe as terras que assoreia
As margens nuas, areia,
Sem matas, ao sacrifício

Da morte anunciada
Agoniza ele então
O pouco que resta vão
Querer levar sobre escada

Em obra, qual Ramsés,
Tornar mais rico empreiteiro
Oh meu Deus, salve ligeiro,
Dobra o joelho aos teus pés

O povo bom do sertão
Crente então no São Francisco
Noutras eras era pisco
Salve o rio, pedem então

O bispo com seus irmãos
Os protestantes com causa
Espíritas, ateus na cauda,
Todos pedem em procissão.

terça-feira, julho 30, 2013

Querubim: Pediatria e Endocrinologia Pediátrica. Fone: 71 3565 3536. Salvador. Bahia.


Desconhecido - A pregação de São Géry, 1475-1480. A7

Igreja. Cristianismo.

731. No dia de Pentecostes (no termo das sete semanas pascais), a Páscoa de Cristo completou-se com a efusão do Espírito Santo que Se manifestou, Se deu e Se comunicou como Pessoa divina: da sua plenitude, Cristo Senhor derrama em profusão o Espírito (109).

732. Neste dia, revelou-Se plenamente a Santíssima Trindade. A partir deste dia, o Reino anunciado por Cristo abre-se aos que n'Ele crêem. Na humildade da carne e na fé, eles participam já na comunhão da Santíssima Trindade. Pela sua vinda, que não cessará jamais, o Espírito Santo faz entrar no mundo nos «últimos tempos», no tempo da Igreja, no Reino já herdado mas ainda não consumado:

«Nós vimos a verdadeira Luz, recebemos o Espírito celeste, encontrámos a verdadeira fé: adoramos a Trindade indivisível, porque foi Ela que nos salvou» (110).

Catecismo

Collucini, Lelio - Samba, bronze

FELIZ GATO FÉLIX. Charles Fonseca

FELIZ GATO FÉLIX
Charles Fonseca

Conheceu certa vez bela bichana
Que miava de pé num bom português.
Mas quando deitada catita na cama,
Miava, zunhava seu gato maltês.

O gato, coitado, depois ronronava.
De pé, meio homem, miava poeta.
Na cama, bom gato, de pé um pateta,
Felino, esteta, da gata gostava.

Nem rato sequer o bichano caçava,
Por gato e sapato ela assim o fizera.
De tanto arrulhar, uma pomba poeta
Fez ele olhar rola-fêmea aninhada.

E lá se viu ele já menos felino
Ladino poeta já quase arrulhante.
De volta, discreto, já quase cantante
Deitou-se com a gata já mais faro fino.





segunda-feira, julho 29, 2013

Francisco

O CEGO. Charles Fonseca

O CEGO
Charles Fonseca

O cego na rua passava a sorrir
E eu na calçada olhava sem graça.
O olhar da mulher anunciando desgraça
Dizendo, com enfado, como estás eu vou ir.

A vista do cego era qual negra noite
Mas a sua face era qual luz do dia
Sua alma era alegre já a minha carpia
A ida da bela sem mais um pernoite.

O dia se ia, sozinho eu ficava
Olhando as mulheres pra mim todas nuas,
Tão perto, distantes, a andar pelas ruas.
A minha uma pedra em meu peito deixara.

Denis van Alsloot - Skating durante o Carnaval, c.1620

Igreja. Cristianismo

727. Toda a missão do Filho e do Espírito Santo, na plenitude do tempo, está contida no facto de o Filho ser o ungido do Espírito do Pai, desde a sua Encarnação: Jesus é o Cristo, o Messias.

Todo o segundo capítulo do Símbolo da Fé deve ser lido a esta luz. Toda a obra de Cristo é missão conjunta do Filho e do Espírito Santo. Aqui mencionaremos somente o que se refere à promessa do Espírito Santo feita por Jesus, e à sua doação pelo Senhor glorificado.

728. Jesus não revela plenamente o Espírito Santo enquanto Ele próprio não for glorificado pela sua morte e ressurreição. No entanto, sugere-O pouco a pouco, mesmo no seu ensino às multidões, quando revela que a sua carne será alimento para a vida do mundo (89). Insinua-O também a Nicodemos (99) , à samaritana (100) e aos que tomam parte na festa dos Tabernáculos (101). Aos seus discípulos, fala d'Ele abertamente a propósito da oração (102) e do testemunho que devem dar (103).

729. Só quando chega a Hora em que vai ser glorificado, é que Jesus promete a vinda do Espírito Santo, pois a sua morte e ressurreição serão o cumprimento da promessa feita aos antepassados (104). O Espírito da verdade, o outro Paráclito, será dado pelo Pai a pedido de Jesus; será enviado pelo Pai em nome de Jesus; Jesus O enviará de junto do Pai, porque do Pai procede. O Espírito Santo virá, nós O conheceremos, Ele ficará connosco para sempre, habitará connosco; há-de ensinar-nos tudo, há-de lembrar-nos tudo o que Cristo nos disse e dará testemunho d'Ele; conduzir-nos-á à verdade total e glorificará a Cristo. Quanto ao mundo, confundi-lo-á em matéria de pecado, de justiça e de julgamento.

730. Chega, por fim, a «Hora de Jesus» (105) : Jesus entrega o seu espírito nas mãos do Pai (106) , no momento em que pela sua morte vence a morte, de tal modo que, «ressuscitado dos mortos pela glória do Pai» (Rm 6, 4), logo dá o Espírito Santo «soprando» sobre os discípulos (107). A partir dessa «Hora», a missão de Cristo e do Espírito torna-se a missão da Igreja: «Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós» (Jo 20, 21) (108).

Catecismo

domingo, julho 28, 2013

Sebastião Salgado

FLORIPA. Charles Fonseca

FLORIPA
Charles Fonseca

Floripa é numa ilha
Em parte é continente
À leste o sol nascente
Traz ares d’África nigra.

Tem montanha margeada
Lagoa da Conceição
D’onde o poeta ilusão
Mistura realidade

Com um passado inglório
Com sonho agora só visto
Com o amor além do Cristo
Da amada salvo imbróglio

Minha Santa Catarina,
Mais d’amores quero ter
Muito mais tenha haver
Que dever seja minha sina!

Claude Ramey Napoleão I, em seu traje de coroação Musée du Louvre, Paris

CRIMINAL CASE. Charles Fonseca

CRIMINAL CASE
Charles Fonseca

Este o título do jogo que me convidaram a jogar. Lá ela! Não vou nem amarrado. Minha amarração floripanamente falando não me permitiria um caso criminal. Um caso germinal. Um seminal imbróglio. Um amor ao ódio. De qualquer sorte, este tipo de convite tem lá suas vantagens. Não fico em silêncio, dou uma satisfação virtual à pleiteante, treino essa nova moda minha de ser cronista já que como vate, como bardo, a coisa é mais difícil pelo meu mau costume de querer andar na métrica e na rima. Assim, como tal, nem sempre a pipa empina.

Anne Louis Girodet de Roucy-Trioson Ossian que recebe os fantasmas dos heróis franceses, 1802

sábado, julho 27, 2013

SOLITAIRE IN WONDERLAND, Charles Fonseca

SOLITAIRE IN WONDERLAND
Charles Fonseca

Ela me convidou pra jogar o jogo acima. Mas não sei jogar nem buraco ou canastra. Sabia jogar dama ou gamão. Perdi muitas damas e não era um garanhão. Gostava de uns olhares lascivos, uns toques sem querer, uns esbarrões distraídos, um não sei mais o que, pra não lhe deixar, meu leitor, de água na boca. Sou misericordioso. Portanto, aqui deixo o meu delicado recado pra você minha amiga facebookiana. Continuo a tê-la em alta conta. Também não sei dançar, uma lástima. Só forró. Mas que homem sem graça! Nem tanto, pensaram muitas. Mas digo que melhor que tivessem sido poucas mas com uma intensidade maior. Corpo e alma. Portanto, conto que sua estima e compreensão, como se dizia antigamente.

Eugène Atget

ABRE AS ASAS SOBRE NÓS. Charles Fonseca

ABRE AS ASAS SOBRE NÓS
Charles Fonseca

Vez por outra vejo um amigo ou amiga postar uma foto com o ser amado: avós, pais, marido, mulher, filhos, noras, genros, etc. Há quem não poste por medo dos sequestradores, dos que sequestram dores, dos alter ego, por pudicícia, vergonha, impedimentos intra familiares e intra psíquicos. Pessoalmente faço restrições a publicar fotos de jovens inexperientes, indefesos, o mar está bravio, o lobo mau anda por aí com cara de ovelha. É certo que sim. Mas quem não teme, quem não deve, quem só escreve, quem não faz, só olha de soslaio, furtivamente, não cede à tentação, não deixa marca nem rastro, e o que você quiser acrescentar, aí acho que devam postar, sim! Não? Entendo. Pode ser que a emenda fique pior que o soneto ou que esta prosa revolucionária de quem nada tem a fazer a não ser dar asas à imaginação e esperar a amada que já está voltando.

NOITES DE IBICUÍ Charles Fonseca

NOITES DE IBICUÍ
Charles Fonseca

No povoado, noite de luar,
Minha mãe reunia os filhos
E com o pai a cantar
Estrofes e estribilhos
No passeio e silentes
Ouviam-lhes os não crentes
Hinos a dupla voz
Contraltos e sopranos
Os grilos a escutar

Tempo feliz era aquele
Luz só a da lua
Poeira o chão da rua
O vento a farfalhar
Depois era o silêncio
Dormir com os anjos, sonhar.

John Rogers, 1875, George Washington Colecção privada

sexta-feira, julho 26, 2013

AGORA. Charles Fonseca

AGORA
Charles Fonseca

Estou só, eu e meu cão pastor. A casa vazia, a noite caminha em silêncio, faz frio lá fora, nem os grilos cricrilam. A minha alma só lembrança, a mulher que se foi, pouco tempo, causa nobre, o tempo corre, já vem o depois. A alma em gozo, o corpo em cio, quarto vazio, um cão que late, coração bate, noite de estio. Que venha a flor, a casa cheia, nós dois à meia, agora, amor!

Roger Fenton

Igreja. Cristianismo.

«ALEGRA-TE, Ó CHEIA DE GRAÇA»

721. Maria, a santíssima Mãe de Deus, sempre virgem, é a obra-prima da missão do Filho e do Espírito na plenitude do tempo. Pela primeira vez no desígnio da salvação e porque o seu Espírito a preparou, o Pai encontra a morada na qual o seu Filho e o seu Espírito podem habitar entre os homens. É neste sentido que a Tradição da Igreja muitas vezes lê, em relação a Maria, os mais belos textos sobre a Sabedoria (90): Maria é cantada e apresentada na Liturgia como «o Trono da Sabedoria». Nela começam a manifestar-se as «maravilhas de Deus», que o Espírito vai realizar em Cristo e na Igreja:

722. O Espírito Santo preparou Maria pela sua graça. Convinha que fosse «cheia de graça» a Mãe d'Aquele em Quem «habita corporalmente a plenitude da divindade» (Cl 2, 9). Ela foi, por pura graça, concebida sem pecado, como a mais humilde das criaturas, a mais capaz de acolher o dom inefável do Omnipotente. É a justo título que o anjo Gabriel a saúda como «Filha de Sião»: «Ave» (= «Alegra-te») (91). É a acção de graças de todo o povo de Deus, e portanto da Igreja, que ela faz subir até ao Pai, no Espírito Santo, com o seu cântico (92) , quando já portadora, em si, do Filho eterno.

723. Em Maria, o Espírito Santo realiza o desígnio benevolente do Pai. É pelo Espírito Santo que a Virgem concebe e dá à luz o Filho de Deus. A sua virgindade torna-se fecundidade única, pelo poder do Espírito e da fé (93).

724. Em Maria, o Espírito Santo manifesta o Filho do Pai feito Filho da Virgem. Ela é a sarça ardente da teofania definitiva: cheia do Espírito Santo, mostra o Verbo na humildade da sua carne; e é aos pobres (94) e às primícias das nações (95) que Ela O dá a conhecer.

725. Finalmente, por Maria, o Espírito começa a pôr em comunhão com Cristo os homens que são «objecto do amor benevolente de Deus» (96); e os humildes são sempre os primeiros a recebé-Lo: os pastores, os magos, Simeão e Ana, os esposos de Caná e os primeiros discípulos.

726. No termo desta missão do Espírito, Maria torna-se a «Mulher», a nova Eva «mãe dos vivos», Mãe do «Cristo total» (97). É como tal que Ela está presente com os Doze, «num só coração, assíduos na oração» (Act 1, 14), no alvorecer dos «últimos tempos», que o Espírito vai inaugurar na manhã do Pentecostes, com a manifestação da Igreja.

Catecismo

Pieter Jan Van Reijsschoot de 1743 - A reunião

I - JUCA - PIRAMA (excerto) Gonçalves Dias

I - JUCA - PIRAMA
(excerto)
Gonçalves Dias

"Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi:
Sou filho das selvas,
Nas selvas cresci;
Guerreiros, descendo
Da tribo tupi.
"Da tribo pujante,
Que agora anda errante
Por fado inconstante,
Guerreiros, nasci:
Sou bravo, sou forte,
Sou filho do norte;
Meu canto de morte,
Guerreiros, ouvi.
"Já vi cruas brigas,
De tribos imigas,
E as duras fadigas
Da guerra provei;
Nas ondas mendaces
Senti pelas faces
Os silvos fugaces
Dos ventos que amei.
"Andei longes terras,
Lidei cruas guerras,
Vaguei pelas serras
Dos vis Aimorés;
Vi lutas de bravos,
Vi fortes - escravos!
De estranhos ignavos
Calçados aos pés.
"E os campos talados,
E os arcos quebrados,
E os piagas coitados
Já sem maracás;
E os meigos cantores,
Servindo a senhores,
Que vinham traidores,
Com mostras de paz.
"Aos golpes do imigo
Meu último amigo,
Sem lar, sem abrigo
Caiu junto a mi!
Com plácido rosto,
Sereno e composto,
O acerbo desgosto
Comigo sofri
"Meu pai a meu lado
Já cego e quebrado,
De penas ralado,
Firmava-se em mi:
Nós ambos, mesquinhos,
Por ínvios caminhos,
Cobertos d'espinhos
Chegamos aqui!
"O velho no entanto
Sofrendo já tanto
De fome e quebranto,
Só qu'ria morrer!
Não mais me contenho,
Nas matas me embrenho,
Das frechas que tenho
Me quero valer.
"Então, forasteiro,
Caí prisioneiro
De um troço guerreiro
Com que me encontrei;
O cru dessossego
Do pai fraco e cego,
Enquanto não chego
Qual seja, - dizei!
"Eu era o seu guia
Na noite sombria,
A só alegria
Que Deus lhe deixou:
Em mim se apoiava,
Em mim se afirmava,
Em mim descansava,
Que filho lhe sou.
"Ao velho coitado
De penas ralado,
Já cego e quebrado,
Que resta? - Morrer,
Enquanto descreve
O giro tão breve
Da vida que teve,
Deixai-me viver!
"Não vil, não ignavo,
Mas forte, mas bravo,
Serei vosso escravo;
Aqui virei ter.
Guerreiros, não coro
Do pranto que choro;
Se a vida deploro,
Também sei morrer."

Águia, grande símbolo. Fotografia

NO QUINTAL. Charles Fonseca

NO QUINTAL
Charles Fonseca

Abacateiro, tantas lembranças
De tempos que findos, não voltam mais,
Tu que me entendes não fales, jamais,
Os meus segredos, minhas andanças!

Velha mangueira, tu te recordas
Daquelas tardes tão outonais
Da minha vida, de outras que tais,
Como que atado a elas, cordas!

Velho quintal, tuas sombras, pouso
De tantas aves, eu só sonhando,
Umas se indo, outras chegando,
Todas cantando, silente as ouço.

Melchiorre Caffá, Santo Eustáquio entre as Feras Museu do Palácio Veneza, Roma, Itália

quinta-feira, julho 25, 2013

VAI! Charles Fonseca

VAI!
Charles Fonseca

Todos podem sair do seu anonimato virtual, florir, reflorir, frutificar, espargir seu néctar, espalhar seu pólen, todos podem. Alguns fogem. Nunca mais mendigar uma leitura de um ou outro rabisco, uma anedota, uma crônica, um poema, cantilena, romance, até, a um editor clássico, ao pauteiro do jornal, nome esquisito esse, era quem fazia a pauta do que ia sair no jornal. Assim vou escrevendo minhas bobagens, uma ou outra sabedoria aprendida ou ouvida. Quanta gente por aí escondendo os dons, os pendores, os ardores, os tons! Não precisa ser um Jobim da vida, escreva pelo menos pra mim, em off, na surdina, na esquina, inbox. Ah, língua pátria! Ah, língua de Camões, do padre Antonio Vieira, do verdureiro, pescador, ou seja lá o que for. Caetano preferia roçar a língua de Camões, eu roço, capino, rego, não nego, não sou asinino, um burro, para os menos rebuscados. Escreve pra mim, vai!

Eugène Atget

Igreja. Cristianismo

JOÃO, PRECURSOR, PROFETA E BATISTA

717. «Apareceu um homem, enviado por Deus, que tinha o nome de João» (Jo 1, 6). João é «cheio do Espírito Santo já desde o seio materno» (Lc 1, 15) (81), pelo próprio Cristo que a Virgem acabava de conceber por obra e graça do Espírito Santo. A « visitação» de Maria a Isabel tornou-se, assim, «visita de Deus ao seu povo» (82).

718. João é «Elias que devia vir» (83). O fogo do Espírito habita nele e fá-lo «correr à frente» (como «precursor») do Senhor que chega. Em João o Precursor, o Espírito Santo acaba de «preparar para o Senhor um povo bem disposto» (Lc 1, 17).

719. João é «mais do que um profeta» (84). Nele, o Espírito Santo consuma o «falar pelos profetas». João termina o ciclo dos profetas inaugurado por Elias (85). Anuncia como iminente a consolação de Israel; é ele a «voz» do Consolador que vai chegar (86). Tal como fará o Espírito da verdade, «ele vem como testemunha, para dar testemunho da Luz» (Jo 1, 7) (87). A respeito de João, o Espírito cumpre assim as «indagações dos profetas» e o «desejo» dos anjos (88): «Aquele sobre Quem vires o Espírito Santo descer e permanecer, é Ele que baptiza no Espírito Santo. Ora, eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus [...] Eis o Cordeiro de Deus!» (Jo 1, 33-36).

720. Finalmente, com João Batista, o Espírito Santo inaugura, em prefiguração, aquilo que vai realizar com e em Cristo: restituir ao homem «a semelhança» divina. O batismo de João era para o arrependimento: o Batismo na água e no Espírito será um novo nascimento (89).

Catecismo

Niccolo dell Abbate - Orfeu e Eurídice. A6

Cada macaco em seu galho. Charles Fonseca. Medicina

‎"As especulações pouco científicas devem ser respondidas em função do que o conhecimento científico permite. A ideia de um apanágio universal onde todos têm acesso ao saber está tornando o diagnosticar e tratar em medicina algo banalizado, no qual a mera leitura informativa torna os que procuram os médicos, ou os que militam em áreas afins, bem informados, mas incapazes de encetar uma investigação diagnóstica que leve desde a inclusão de sinais e sintomas até às excludentes de patologias correlatas. A esta ciência e arte chamamos diagnósticos diferenciais. "
http://www.portalmedico.org.br/pareceres/CFM/2012/42_2012.pdf

FRUTOS. Charles Fonseca

FRUTOS
Charles Fonseca

Viu sua adolescência,
Não viu sua juventude,
Seu amor, sua virtude.
Restou-lhe a reticência

Se chegar à senescência,
Se chegar à adultícia,
Talvez chegue a não delícia
Pra si só maledicência

Olha que tipo tu és fruto,
Pólen, flor, semente, és,
Que não chegue a ti o revés
Fruto seco, peco, murcho.

quarta-feira, julho 24, 2013

Francisco

Igreja. Cristianismo

715. Os textos proféticos, respeitantes diretamente ao envio do Espírito Santo, são oráculos em que Deus fala ao coração do seu povo na linguagem da promessa, com os acentos do «amor e da fidelidade» (77), cujo cumprimento São Pedro proclamará na manhã do Pentecostes (78)». Segundo estas promessas, nos «últimos tempos» o Espírito do Senhor há-de renovar o coração dos homens, gravando neles uma lei nova; reunirá e reconciliará os povos dispersos e divididos; transformará a primeira criação e Deus habitará nela com os homens, na paz.

716. O povo dos «pobres» (79) , dos humildes e dos mansos, totalmente entregues aos desígnios misteriosos do seu Deus, o povo dos que esperam a justiça, não dos homens mas do Messias, tal é, afinal, a grande obra da missão oculta do Espírito Santo, durante o tempo das promessas, para preparar a vinda de Cristo. É a qualidade do seu coração, purificado e iluminado pelo Espírito, que se exprime nos salmos. Nestes pobres, o Espírito prepara para o Senhor «um povo bem disposto» (80)

Catecismo

Filippo Parodi, Cristo na Coluna Capela do Palacio Real, Gênova, Itália. 38

MURTA. Charles Fonseca

MURTA
Charles Fonseca

Curta amada esta murta
Como fazes com o amor
Que nos une embora a dor
‘Stá presente, ai vida curta,

Tão pouca pra grande afeto
Que transborda e é oceano
Para os nossos a quem amo
‘Té os confins inda há decerto

Muito mais a eles dar
Quanto menos nos vier
Há fartura, é pra quem quer
Curtir murta no vagar!

terça-feira, julho 23, 2013

Francisco

Médica brasileira atendendo na selva

AINDA. Charles Fonseca

AINDA
Charles Fonseca

Meu coração é de cristal
cada estilhaço uma paixão
cada emenda um não sei não
se me faz bem ou choro o mal

Em cada alma uma trinca
uma saudade um bem querer
um nunca mais ou um 'té mais ver
no além, o mal num bem, ainda.

Lucas van Uden - Paisagem com Hunters

Igreja. Cristianismo

713. Os traços do Messias são revelados sobretudo nos cânticos do Servo (75). Estes cânticos anunciam o sentido da paixão de Jesus, indicando assim a maneira como Ele derramará o Espírito Santo para dar vida à multidão: não a partir do exterior, mas assumindo a nossa «condição de servo» (Fl 2, 7). Tomando sobre Si a nossa morte, Ele pode comunicar-nos o seu próprio Espírito de vida.

714. É por isso que Cristo inaugura o anúncio da Boa-Nova, apropriando-Se desse passo de Isaías (Lc 4, 18-19) (76) :

«O Espírito do Senhor Deus está sobre Mim,
porque o Senhor Me ungiu.
Enviou-Me a anunciar a Boa-Nova aos que sofrem,
para curar os desesperados,
para anunciar a libertação aos exilados
e a liberdade aos prisioneiros,
para proclamar o ano da graça do Senhor».

Catecismo

Giovanni Lorenzo Bernini, 1675 - A Bem-aventurada Ludoviga Albertoni Igreja de San Francesco a Ripa, Roma, Itália

AO CAIR DA TARDE. Charles Fonseca

AO CAIR DA TARDE
Charles Fonseca

Meu filho quero morrer,
Disse-me o pai à varanda
De onde o mar a vista alcança
Meu pai, quão bom é lhe ter

Disse-lhe, pai de bondade,
Chuviscos do céu nublado
Dois choraram e conturbado
Ninguém viu, só eu, finda a tarde.

Mesmo assim tem quem queira medicar sem ser médico


Você conhece alguém que nunca tenha tido uma fratura na alma?

segunda-feira, julho 22, 2013

AMIGOS, AMIGOS, FEIJOADA COMIGO

Igreja. Cristianismo

711. «Eis que vou fazer algo de novo» (Is 43, 19): duas linhas proféticas vão ser traçadas, incidindo uma sobre a expectativa do Messias e outra sobre o anúncio dum Espírito novo, convergindo ambas no pequeno «resto», o povo dos pobres (73), que aguarda na esperança a «consolação de Israel» e «a libertação de Jerusalém» (Lc 2, 25.38).

Vimos mais atrás como Jesus cumpriu as profecias que Lhe diziam respeito. Limitamo-nos agora àquelas em que aparece mais clara a relação entre o Messias e o seu Espírito.

712. Os traços do rosto do Messias esperado começam a aparecer no Livro do Emanuel (74) (quando Isaías [...] teve a visão da glória» de Cristo: Jo 12, 41), particularmente em Is 11, 1-2:

«Naquele dia,
sairá um ramo do tronco de Jessé
e um rebento brotará das suas raízes.
Sobre ele repousará o Espírito do Senhor:
espírito de sabedoria e de entendimento,
espírito de conselho e de fortaleza,
espírito de conhecimento e de temor do Senhor».

Catecismo

Andrea Brustolon, 1700 - Vase-stand with Hercules and Moors Museo del Settecento Veneziano - Ca' Rezzonico Venice, Italy

CISMANDO. Charles Fonseca

CISMANDO
Charles Fonseca

Eu jogava pensando ser feliz
Hoje cismo e vivo a pensar
Quem é que se foi, quem vem a chegar,
Quem foi que eu quis, foi quem que me quis?

Que outras eu tive pensando nela,
Não as entendi, de quem fui miragem,
Que imagem eu fui, foto ou colagem,
As tive ao meu lado, onde está ela?

domingo, julho 21, 2013

Sebastião Salgado.

CARACÓIS. Charles Fonseca

CARACÓIS
Charles Fonseca

Debaixo dos caracóis dos meus cabelos, quanta coisa pra esconder, pra contar só se algumas, muitas vezes pé do ouvido, ai, quantas só aos cochichos. Quanto amor que foi plantado, quanto não germinou, outros que já nascendo ao sol logo murchou. Quantas vezes que cresceu, outras tantas que floriu, quanto riso que foi dor, quanto choro assim foi mil. E assim nasceu meu verso, da dor e da alegria, do passado a nostalgia, do presente eu converso. Ao céu confesso sou ágil, de querer o perdão fácil, difícil sob o bordão, concedê-lo, não sei não...

Eramus Quellin II - Aquiles entre as filhas de Licomedes. A6

CATINGAGOURENTA. Charles Fonseca

CATINGAGOURENTA
Charles Fonseca

A alma tão delicada
Da pomba arribaçã
Carcará ou então cauã
Virou na terra queimada

Minha cabra cabriola
Seu olhar doce carneiro
Mais que bode de terreiro
Agora conta lorota

Até doce sabiá
Junto ao canário inocência
Agoura maledicência
Crocita quem sabe lá?

Ai, meu Deus o tico-tico
O cardeal de coleira
Até a rola ligeira
Gavião já é com bico

Eu então dessa caatinga
Vou-me embora fico não
Adeus meu velho sertão
Vou-me embora pra campina.

Anders Zorn, 1895 - Nymf Och Faun Private Collection

Igreja. Cristianismo

709. A Lei, sinal da promessa e da Aliança, deveria reger o coração e as instituições do povo nascido da fé de Abraão. «Se ouvirdes realmente a minha voz, se guardardes a minha Aliança [...], sereis para Mim um reino de sacerdotes, uma nação consagrada» (Ex 19, 5-6) (70) . Mas depois de David, Israel sucumbe à tentação de se tornar um reino como as outras nações. Ora o Reino, objecto da promessa feita a David (71) , será obra do Espírito Santo: pertencerá aos que são pobres segundo o Espírito.

710. O esquecimento da Lei e a infidelidade à Aliança levam à morte: é o Exílio, aparentemente o fracasso das promessas, mas, na realidade, fidelidade misteriosa do Deus salvador e o princípio duma restauração prometida, mas segundo o Espírito. Era preciso que o povo de Deus sofresse esta purificação (72). O exílio traz já a sombra da cruz no desígnio de Deus; e o «resto» dos pobres que regressa do Exílio é uma das figuras mais transparentes da Igreja.

Catecismo

FEIJOADA COMUNITÁRIA

Foto: Feijoada comunitária

sábado, julho 20, 2013

FACEBOOKANTEMENTE AMANTE. Charles Fonseca

FACEBOOKANTEMENTE AMANTE
Charles Fonseca

Depois da internet e do Facebook ou similares, adeus falta de espaço pra ficar calado, pra não curtir, não comentar, não compartilhar. Todos estes atos nos aproximam numa primeira vez, nos afastam do que não nos constrói, derrubam as barreiras do longe, o tempo é o agora, daqui a pouco, estou com saudade, é bom facebookar, vem pra cá, já tô indo e o que mais vier à sua imaginação.

Carlo Brancaccio - Almoço na Relva

QUANDO O ASSUNTO NÃO AFLORA. Charles Fonseca

QUANDO O ASSUNTO NÃO AFLORA
Charles Fonseca

Começa dizendo isso: Por que será que não tenho assunto pra conversar contigo? Ou será que tenho tanto assunto que não sei por onde começar? E se você começar, desatar o nó, pegar o fio da meada e ir puxando lentamente será que você consegue me ajudar? E se assim mesmo a pessoa nada disser é por que seria cega, surda ou muda. Muda o foco, cai fora. Talvez, aí, a pessoa caia em si e caia em cima de você com uma fome de querer, uma vontade de comer, um abraço caloroso, calma, devagar, quase me quebrou um osso...

Alfred Stieglitz

APELO. Charles Fonseca.

APELO
Charles Fonseca.

Abracei-te efusivo,
Envolvi-te num abraço,
Saístes de modo esquivo
Pensando que era um laço.

A mim dissestes, ´mão boba´!
Sensível que sou, esteta.
Acho que tu não és tola,
Descompassastes o poeta.

Teu corpo é muito esbelto,
Longilíneo, violino,
Se tocado vibra certo,
Destilas em mel citrino

Não sei se te recordas:
O maestro na orquestra
Dos instrumentos de cordas
Quem o toca, a mão aperta.

Deixa-me fazer vibrar
Qual vibra o violão,
Teu corpo todo a arfar
Fremente nas minhas mãos!

Alessandro Vittoria, c. 1600 - St. Sebastian, San Salvatore, Venice, Italy

sexta-feira, julho 19, 2013

Cândido Portinari

"Eram belas as manhãs frias na época da apanha do café e delicioso o canto dos carros de boi transportando as sacas da colheita. Quantas vezes adormecíamos sobre as sacas. A luz do sol parecia mais forte.Era somente para nós. Ia pela estrada afora o carro vagaroso, cantando. Dormíamos cheio de felicidades. Sonhávamos sempre, dormindo ou não. Nossa imaginação esvoaçava pelo firmamento. Fantasias forjadas, olhando as nuvens brancas, mais brancas do que a neve. Tudo se movia ao nosso redor como um passe de mágica. Belas eram as seriemas, as saracuras e os tatus. Quando víamos no chão um orifício, sabíamos a que bicho pertencia. Conhecíamos também a maioria das árvores e arbustos, sabíamos a maioria das árvores e arbustos, sabíamos suas serventias para as doenças; as chuvas, o arco-íris, as nuvens, as estrelas, a lua, o vento e o sol eram-nos familiares. O contacto com os elementos moldava nossa imaginação e enchia nosso coração de ternura e esperança."

- Cândido Portinari

Jean Léon Gérôme, Vista do Cairo - Coleção particular. A VI

Igreja. Cristianismo

707. As teofanias (manifestações de Deus) iluminam o caminho da promessa, dos patriarcas a Moisés e de Josué até às visões que inauguram a missão dos grandes profetas. A Tradição cristã sempre reconheceu que, nestas teofanias, o Verbo de Deus Se deixava ver e ouvir, ao mesmo tempo revelado e «velado», na nuvem do Espírito Santo.

708. Esta pedagogia de Deus manifesta-se especialmente no dom da Lei (67). A Lei foi dada como um «pedagogo» para conduzir o povo a Cristo (68). Mas a sua impotência para salvar o homem, privado da «semelhança» divina e o conhecimento acrescido que ela dá do pecado (69) suscitam o desejo do Espírito Santo. Os gemidos dos Salmos são disso testemunho.

Catecismo

Roger Fenton

Arquivo: Highlanders 71 por Roger Fenton, 1856.png

Querubim: Pediatria e Endocrinologia Pediátrica. Fone: 71 3565 3536

quinta-feira, julho 18, 2013

- Clarice Lispector, in 'A paixão segundo G.H.'. Eu também, digo.

"Escrevo porque encontro nisso um prazer que não consigo traduzir. Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..."

- Clarice Lispector, in 'A paixão segundo G.H.'.

Luigi Vanvitelli, Diana and Acteon, Public Collection

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O BESOURO MANGANGÁ. Charles Fonseca

O BESOURO MANGANGÁ
Charles Fonseca

O besouro mangangá
De flor em flor a vagar
De todas sorve o dulçor
Sem em nenhuma parar,
Nem da rosa, a mais bela,
O infiel se compadece,
Só de uma se enternece:
Da flor do maracujá!

quarta-feira, julho 17, 2013

Público do blog



Lewis Carroll

Ficheiro:LewisCarrollSelfPhoto.jpg

Igreja. Cristianismo

705. Desfigurado pelo pecado e pela morte, o homem permanece «à imagem de Deus», à imagem do Filho, mas está «privado da glória de Deus» (58) , privado da «semelhança». A promessa feita a Abraão inaugura a «economia da salvação», no termo da qual o próprio Filho assumirá «a imagem»(59) e restaurá-la-á na «semelhança» com o Pai, voltando a dar-lhe a glória, o Espírito «que dá a vida».

706. Contra toda a esperança humana, Deus promete a Abraão uma descendência, como fruto da fé e do poder do Espírito Santo (60). Nessa descendência serão abençoadas todas as nações da terra (61). Essa descendência será o Cristo (62) no qual a efusão do Espírito Santo fará «a unidade dos filhos de Deus dispersos» (63). Comprometendo-Se por juramento (64), Deus obriga-Se, desde logo, ao dom do seu Filho muito-amado (65) e ao dom do «Espírito Santo prometido, que constitui o título de garantia da nossa herança para a redenção do povo que Deus adquiriu para Si mesmo» (66).

Catecismo

Michelangelo Unterberger - Visitação

O TEMPO ASSOPRA. Charles Fonseca

O TEMPO ASSOPRA
Charles Fonseca

Algumas coisas a contar, o tempo urge, a vida escoa. Só uns poucos haverão de saber, pra cada um diversa a versão, cada qual com sua visão, surpresa, tristeza, poderá haver até alegria, pasmo, algum ódio, um amor infinito, saudade do que poderia ter sido, arrependimento pelo julgar errôneo, por inferência, maldade, maledicência. O tempo corre, o vento assopra, o sol que nasce é o mesmo que se põe. E ainda assim restará no peito de cada qual, do que se foi, do que está, do que virá, uma ternura, uma lição aprendida, tanta sabedoria oculta, inatingível, no aquém, no alguém, no que viria a ser e se foi.

Filippo Della Valle, Bust of Pope Clemente XII, Museumvoor Shone, Kunsten, Ghent, Belgium. S37

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terça-feira, julho 16, 2013

FRUTA. Charles Fonseca

FRUTA
Charles Fonseca

Ele às apalpadelas
Sob vestes amarelas
Lá estão arrebitados
Dois mamilos disfarçados
Fica todo alevantado
Um pouquinho avantajado
Será ao moço a comida
Logo a ele oferecida
Ou passou ja sua hora
De chupar frutinha amora
Ou quem sabe a goiaba
Já comeu por marmelada
Isto assim não se faz
Come o velho mais capaz
De dizer inda foi pouco
Quero mais um tanto rouco
De emoção ai quem me dera
Comer logo quero ela
A gemer chorar sorrir
Que fruta, volta a subir
Está uma animação
Vem logo, amasso bão!

Carleton Watkins

Igreja. Cristianismo

703. A Palavra de Deus e o seu Espírito estão na origem do ser e da vida de todas as criaturas (55).

É próprio do Espírito Santo reinar, santificar e animar a criação, porque Ele é Deus consubstancial ao Pai e ao Filho [...]. Pertence-Lhe o poder sobre a vida, porque, sendo Deus, guarda a criação no Pai pelo Filho (56).

704. «Quanto ao homem, foi com as suas próprias mãos (quer dizer, com o Filho e o Espírito Santo) que Deus o moldou [...] e sobre a carne moldada desenhou a sua própria forma, de modo que, mesmo o que havia de ser visível, tivesse a forma divina» (57) .

Catecismo

Jörg Breu, o Velho, 1528 - O suicídio de Lucretia. A5

Francesco Waldambrino, 1406 - San Crescencio, Museo dell'Opera del Duomo, Siena, Italy. 37

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segunda-feira, julho 15, 2013

OS RISCOS DA INTERNET. Charles Fonseca

OS RISCOS DA INTERNET
Charles Fonseca

A bisbilhotagem na internet feita por todos os países é tanta que recomendo só falar face a face, bem pertinho um do outro, aos sussurros, um olhar no fundo da retina, de vez em quando olhar na iris cor de mel, negra, castanha, verde, azul, cinzenta ou violeta como as de Elizabeth Taylor, uma raridade. No máximo um cochicho ao pé d'ouvido, cobrindo os lábios com a mão delicadamente aposta e lentamente retirada. Corre o risco de ter dito algo com a voz trêmula, entrecortada, balbuciante, um ou outro silêncio eloquente em si mesmo e em quem está ouvindo que de tal modo fique tão bem informada que emudeça, desça do céu, fique nas nuvens, os pés na terra mas com as pernas trêmulas ante o enunciado e por tanto tempo querido e aguardado. Aí, todo o mundo já sabe o assunto falado e em solidariedade silencia. Falam entre si os enamorados.

Roger Fenton

Ficheiro:Cavalry camp near Balaklava 1855.3a34625r.jpg

OLHARES. Charles Fonseca

OLHARES
Charles Fonseca

Se não me podes amar
Deixa então que sem demora
Fuja eu da prisão, senhora,
Do teu olhar verde mar.

Quero estar noutros espaços
Singrar até mar bravio
Cujas ondas tenham traços
De céus, de olhos de anil.

Ou, quem sabe, olhos castanhos
Olharão este vate errante
D'onde brotam entre versos,
Ternuras de um peito amante.

Que olhos negros até
Acompanhem os meus passos,
Contanto que clareiem
Deste vate os olhos baços.


domingo, julho 14, 2013

ELA. Charles Fonseca

RECASAMENTO. Charles Fonseca

Já recasei com a mesma mulher muitas vezes. O limite da dignidade mútua nunca foi ultrapassado. Sem esta, o casamento acaba ou nunca existiu.

Alvin Langdon Coburn

Arquivo: Alvin Langdon Coburn.jpg

Igreja. Cristianismo

702. Desde o princípio até à «plenitude do tempo» (50), a missão conjunta do Verbo e do Espírito do Pai permanece oculta, mas está atuante. O Espírito de Deus prepara o tempo do Messias: e um e outro, ainda não plenamente revelados, já são prometidos com o fim de serem esperados e acolhidos quando da sua manifestação. É por isso que, quando a Igreja lê o Antigo Testamento (51) perscruta nele (52) o que o Espírito, «que falou pelos profetas» (53), nos quer dizer acerca de Cristo.

Por «profetas», a fé da Igreja entende aqui todos aqueles que o Espírito Santo inspirou no anúncio vivo e na redação dos Livros santos, tanto do Antigo como do Novo Testamento. A tradição judaica distingue a Lei (os cinco primeiros livros ou Pentateuco), os Profetas (os livros ditos históricos e proféticos) e os Escritos (sobretudo sapienciais, em particular os Salmos) (54).

Catecismo

Caesar van Everdingen - Alegoria do Nascimento de Frederik Hendrik

EROS. Charles Fonseca

EROS
Charles Fonseca

Não te quero o corpo só despido,
Menos ainda vê-lo com vestido.
Quero-te nua além folha parreira
Cobrir-te quero à flor de laranjeira.

Corpo enquanto for, vou a ti erótico.
Desdenho o sempre nu ou o manto gótico.
Nunca só a nudez do corpo físico
Nem teu corpo em véu só metafísico.