O mais cândido dos homens. O mais belo. Meu pai. Jamais o vi olhando para outra mulher com cupidez. Com lascívia. Sempre muito respeitoso. Até reverente. Minha mãe uma bela mulher. O olhar de boneca. A chefe. Agente Postal Telegráfica. Os Correios eram na sala da frente da nossa casa. Nas três que me lembro. Em Ibicuí. Certo dia chegou um senhor e queria algo dos Correios. Se mal me lembro era mandar um dinheiro para alguém. Num envelope pardo. Não podia. Só num envelope semitransparente. Era a regra. Negado o pedido.
- Ah, D. Eroildes! Esta eu não engulo!
- Sentado numa poltrona, altivo, meu pai se levantou e cara a cara berrou:
- Pois se quiser engolir, engula, se não quiser vomite!
- Calma, Sr. Ataide. Não seja por isto. Me desculpe...
E foi embora.
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