MEU REVÓLVER

Ouvi muitos arroubos de defesas imaginárias o que me era circunstancial e frequente. Um meu colega plantador de cacau como eu me disse: você deve ter uma arma. Perguntei o porque e ele me disse: porque você é branco. Ele bem moreno com cabelos lisos. Um cabo verde. Cometi a bobagem de comprar um revólver. Exposto na vitrine da Mesbla, loja de rede hoje extinta. Nunca fiz curso de tiro. Só o usei cinco vezes atirando em árvores na floresta. Sempre acertava de raspão no caule das vítimas. Entreguei a arma na delegacia de polícia de Aracaju com dificuldade pois estava de bermuda, um traje indecente. Era a época do desarmamento. O governo prometia a quem se desfizesse da arma cem reais no Bradesco. Nunca fui lá ver se foi realmente cumprida a promessa.