Álvaro Alves de Faria |
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ESTAR
Esferográficas cortam palavras
no céu da boca, como facas:
assim, letras inertes cedem ao tempo
e calam sílabas agudas.
Pouco áspero
será o gomo de teu verso,
esse avesso do gesto,
a poesia na xícara de veneno.
Pouco o nítido sentir
o líquido
de teu pressentimento
como se fosse possível
calar para sempre.
Nada senão a gilete enfiada na pele,
a face neutra do olhar enfermo:
enfim a planta na raiz de teu pomar,
enfim
o fim da espera, do estar.
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