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domingo, agosto 15, 2021

UIVO. Allen Ginsberg. 238

 

Allen Ginsberg

Tradução: Cláudio Willer

 

UIVO

                                          (trecho inicial)


                     Para Carl Solomon


Eu vi os expoentes de minha geração destruídos pela
       loucura, morrendo de fome, histéricos, nus,
arrastando-se pelas ruas do bairro negro de madrugada em 
       busca de uma dose violenta de qualquer coisa,
"hipsters" com cabeça de anjo ansiando pelo antigo contato 
       celestial com o dínamo estrelado da maquinaria da noite,
que pobres, esfarrapados e olheiras fundas, viajaram fumando 
       sentados na sobrenatural escuridão dos miseráveis        apartamentos sem água quente, flutuando sobre os tetos        das cidades contemplando jazz,
que desnudaram seus cérebros ao céu sob o Elevado e viram 
       anjos maometanos cambaleando iluminados nos telhados        das casas de cômodos,
que passaram por universidades com os olhos frios e
       radiantes alucinando Arkansas e tragédias à luz de William        Blake entre os estudiosos da guerra, que foram expulsos        das universidades por serem loucos e publicarem odes        obscenas nas janelas do crânio,
que se refugiaram em quartos de paredes de pintura 
       descascada em roupa de baixo queimando seu dinheiro em        cestas de papel, escutando o Terror através da parede,
que foram detidos em suas barbas públicas voltando por Laredo 
       com um cinturão de marijuana para Nova York,
que comeram fogo em hotéis mal-pintados ou beberam 
       terebentina em Paradise Alley, morreram ou flagelaram        
seus torsos noite após noite,

(...)

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