COMANDO ESTRATÉGICO. Charles Fonseca

COMANDO ESTRATÉGICO

Era uma reunião nacional de profissionais da área. No alto da montanha, no aprazível Hotel das Paineiras, hoje desaparecido, onde se hospedava a seleção brasileira de futebol nas suas concentrações. O chefe do grupo, imperial, determinou um a um em que apartamento iria se hospedar ao lado de quem, duas camas de solteiro. E dizia bem alto: Fulano com Beltrano no apartamento “X”, nesta linha. Um do norte com um do sul, um do nordeste com um do sudeste, etc. Eu era o mais novo do grupo. O imperador bradou: “Charles com Paulino, o mais antigo, o mais influente, boa oratória, conhecedor dos membros do mais alto escalão da estatal.
Confesso que não gostei, queria ficar com colegas de idade semelhante à minha. O vetusto doutor foi capaz de ter ultrapassado uma a uma, na lábia, todas as barreiras operárias de uma greve geral de várias categorias, saiu de Santos e conseguiu chegar a São Paulo. No apartamento, ele uma eminência. Eu uma insignificância. Boa noite, Charles, disse-me, e foi dormir. Assim procedeu nas três noites.
Estive com um deus no Olimpo, no alto de uma montanha. Desci tendo aprendido a primeira aula prática de comando estratégico.

Charles Fonseca