Era uma empreendedora. A família em primeiro lugar. O belo marido pai de seus seis filhos um homem cândido. Deixado ainda criança com padrinho de tanto apanhar não aguentou os maus tratos e fugiu. Mas aí já é outra história. Voltemos. Em Jequié ela soube de uma casa velha de adobão à venda. Comprou. O chão era de barro batido. As paredes sem reboco. E vamos que vamos. Rebocar as paredes por dentro e por fora. Construir uma varanda na frente da casa. Fazer uma cozinha e um quarto atrás. Fazer o piso em cimento com nata avermelhada. E um banheiro e uma privada e acima um tanque de mil litros. Sem chuveiro elétrico. De onde tirava o dinheiro? Do trabalho como funcionária pública nos Correios. E do ensino como professora leiga no Instituto Batista Jequieense. E meu pai? A vagar de bico em bico até que um amigo lhe doou metade de sua fazenda na caatinga de Maracás onde só chovia de dezembro a março. E tudo era amarelo acinzentado. A seca. De verdes os periquitos os mandacarús e os umbuzeiros. Numa dessas chuva das águas meu pai havia plantado abóbora. A colheita foi grande. E toda a família durante três meses comeu abóbora no café da manhã no almoço e no jantar. Mudamos para Vitória da Conquista. Lá minha mãe comprou um terreno e construiu uma casa de dar inveja. Mudando pra Salvador após ter ajudado a família durante sete anos após formado me casei. As vacas magras voltaram. Ela comprou uma casa na Favela do Lobo na época a maior existente. Na beirada. A escritura de compra foi assinada por ela e por mim. Meu pai se recusou a assinar. Naquela favela não. Era demais para ele neto de uma família rica cuja mãe foi deserdada por fugir com meu avô aos catorze anos. Em 1905. Voltemos de novo. E bateu uma laje de cimento armado. Um sala e um quarto sanitário surgiram. E faleceu.
quinta-feira, novembro 21, 2024
A FALECIDA
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