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sábado, agosto 31, 2013

A IGREJA – INSTITUÍDA POR JESUS CRISTO

A IGREJA – INSTITUÍDA POR JESUS CRISTO
763. Pertence ao Filho realizar, na plenitude dos tempos, o plano de salvação do seu Pai; tal é o motivo da sua «missão» (163). «O Senhor Jesus deu início à sua Igreja, pregando a boa-nova do advento do Reino de Deus prometido desde há séculos nas Escrituras» (164). Para cumprir a vontade do Pai, Cristo inaugurou na terra o Reino dos céus. A Igreja «é o Reino de Cristo já presente em mistério» (165).
764. «Este Reino manifesta-se aos homens na palavra, nas obras e na presença de Cristo» (166), Acolher a palavra de Jesus é «acolher o próprio Reino» (167). O germe e começo do Reino é o «pequeno rebanho» (Lc 12, 32) daqueles que Jesus veio congregar ao seu redor e dos quais Ele próprio é o Pastor (168). Eles constituem a verdadeira família de Jesus (169). Aqueles que assim juntou em redor de si, ensinou uma nova «maneira de agir», mas também uma oração própria (170).
765. O Senhor Jesus dotou a sua comunidade duma estrutura que perma­necerá até ao pleno acabamento do Reino. Temos, antes de mais, a escolha dos Doze, com Pedro como chefe (171). Representando as doze tribos de Israel (172), são as pedras do alicerce da nova Jerusalém (173). Os Doze (174) e os outros discípulos (175) participam da missão de Cristo, do seu poder, mas também da sua sorte (176). Com todos estes actos, Cristo prepara e constrói a sua Igreja.
766. Mas a Igreja nasceu principalmente do dom total de Cristo pela nossa salvação, antecipado na instituição da Eucaristia e realizado na cruz. «Tal começo e crescimento da Igreja exprimem-nos o sangue e a água que manaram do lado aberto de Jesus crucificado» (177). Porque «foi do lado de Cristo adormecido na cruz que nasceu o sacramento admirável de toda a Igreja» (178). Assim como Eva foi formada do costado de Adão adormecido, assim a Igreja nasceu do coração trespassado de Cristo, morto na cruz (179).

Catecismo

MUITA ÁGUA JÁ ROLOU. Charles Fonseca


QUE FALTA QUE FAZ. Charles Fonseca

QUE FALTA QUE FAZ
Charles Fonseca

Que falta que faz um sonho acordado,
Lembro dos teus carinhos e gemo,
Temo perder-te, amiga, e tremo,
Que falta que faz, acordo cansado.

Que falta que faz um beijo roubado
Um abraço dado, um carinho pedido,
Beijar o teu colo, fingir ter dormido,
Colar ao teu corpo, dormir de cansado.

Gerrit Dou - O Charlatão, 1652. A9

sexta-feira, agosto 30, 2013

A CARTA. Charles Fonseca

A CARTA
Charles Fonseca

Há uma carta guardada
Outra há foi respondida
Uma há que foi negada
Outra que foi omitida

O símbolo assim passeia
De mão em mão à deriva
Muito há que ouvir de oitiva
Mentiras só verdadeiras

Morrem as coisas se são ditas
Sem palavras há fantasmas
Se afundam medram miasmas
Mil almas gemem aflitas

quinta-feira, agosto 29, 2013

Pierre Julien, 1786-87 - Amalthaea Musée du Louvre, Paris. XLI

ABOIO. Charles Fonseca

ABOIO
Charles Fonseca

Um pastor toca no vale
Docemente sua tuba
Quem o segue não se turba
Berra um, um outro bale.

Tange um contra espinhos
Outro cerca, desce a vara
Docemente e cara a cara
Se entendem há um caminho

A seguir há um horizonte
Os espera um beira rio
Ri o pastor, aboio é o fio
Condutor, adiante a fonte.

Ergue a fronte, vem a tarde
Todos seguem ao aprisco
Já cevados, longe o risco,
Põe-se o sol, a noite invade.

quarta-feira, agosto 28, 2013

O AFETO DO SOGRO. Charles Fonseca


Canaletto (Giovanni Antonio Canal), 1729 - Praça de São Marcos - lado Norte

SOBEJOS. Charles Fonseca

SOBEJOS
Charles Fonseca

Eu agora em não lugar
Os meus antes não sem mim
Mais adiante sós enfim
Eu ao fim quem vem de lá?

Quem é este vem sofrido
Tão alegre traz-me beijos
Quem aquela que sobejos
Traz-me ao termo entre sorrisos?

terça-feira, agosto 27, 2013

Igreja. Cristianismo

A IGREJA – PREPARADA NA ANTIGA ALIANÇA

761. A reunião do povo de Deus começa no instante em que o pecado destrói a comunhão dos homens com Deus e entre si. A reunião da Igreja é, por assim dizer, a reação de Deus ao caos provocado pelo pecado. Esta reunificação realiza-se secretamente no seio de todos os povos: «Em qualquer nação, quem O teme e pratica a justiça, é aceite por Ele» (Act 10, 35) (156).

762. A preparação remota da reunião do povo de Deus começa com a vocação de Abraão, a quem Deus promete que há-de vir a ser o pai de um grande povo (157). A preparação imediata começa com a eleição de Israel como povo de Deus (158). Pela sua eleição, Israel deve ser o sinal da reunião futura de todas as nações (159). Mas já os profetas acusam Israel de ter quebrado a aliança, comportando-se como uma prostituta (160). Eles anunciam uma Aliança nova e eterna (161). «Esta Aliança nova, instituiu-a Cristo» (162).

Catecismo

Niccolò di Piero Lamberti, c. 1410, Saint Mark Blessing Basilica de San Marco, Venice

PRECISO DE AJUDA. Charles Fonseca

PRECISO DE AJUDA
Charles Fonseca

Todos sabem, tenho um cão pastor alemão, filho e neto de campeões no Brasil e na Argentina. Virgem com 3 anos. 42 quilos. Tenho preocupações sobre os efeitos, digamos psíquicos, como uma amiga minha já me alertou várias vezes... Eis que um veterinário que o conhece desde bebê indicou a uma dona de uma pastora alemã a excelência do meu cão em porte, beleza, genealogia, pedigree, etc. A pastora tem lá um toque misto bem marcado da raça, mas há um passado não pastor de origem não sabida. Mas isto não está me importando muito uma vez que não pretendo ser dono de canil para povoar o meu Estado através do mais belo cão pastor de toda a redondeza. A noiva também é donzela. Ainda não sabe, como nós sabemos, os efeitos salutares de um orgasmo. Não sei se o meu cão ao sentir o odor inebriante, enlouquecedor, antropofágico de fartar-se ante a fome genésica, ante a sede de onde manna o mais puro mel, haverá de imediato de acertar o rumo certo, atravessar docemente o vestibular, de fazer gol sem bola na trave, essas coisas. O que ele vai deixar na cadela em cio, será certamente o de melhor qualidade. Agora, o meu problema, já que o dele haverá de se sair, ou melhor, de entrar muito bem. Não sei quanto vai entrar no meu bolso por tamanha efeméride. De graça, só a do nosso Salvador. Tenho despesas mensais com ele em torno de 250 reais: ração de primeira, banho mensal no pet shop, vermífugo, anti-pulga adulta, anticoncepcional anti-pulga, atingindo os 3 ciclos evolutivos das impertinentes, vacinação periódica. Face aos títulos nobiliárquicos dele, às despesas mensais, à prole com ancestral de origem nobre, ao meu homem hora de cuidar dele todos os dias, varrer o canil de 50 metros quadrados, colher o cocô, escová-lo duas a três vezes por semana, etc., quanto vocês acham que devo cobrar por tão auspicioso evento logo antes de noiva entrar no harém? Dinheiro em espécie? Em sacas de ração?

Jacques Laurent Agasse, 1830 -O parque infantil

SOTURNAMENTE. Charles Fonseca. Poesia.

SOTURNAMENTE
Charles Fonseca

Tangem sinos lá bem longe
Os de perto me acompanhem
Meus adeuses meus réquiens
Às intrigas, invejas aos montes

Aos tão culpados contritos
De tão avaros tão pródigos
Odiosos quão piedosos
Badalem zumbis seus guizos

Nas horas das noites caladas
Das algazarras, das festas,
Espiem fantasmas nas frestas
Gemam bruxas desalmadas.


segunda-feira, agosto 26, 2013

Limpo de mãos e puro de coração

Igreja. Cristianismo

A IGREJA – PREFIGURADA DESDE A ORIGEM DO MUNDO

760. «O mundo foi criado em ordem à Igreja», diziam os cristãos dos primeiros tempos (153). Deus criou o mundo em ordem à comunhão na sua vida divina, comunhão que se realiza pela "convocação" dos homens em Cristo, e esta "convocação" é a Igreja. A Igreja é o fim de todas as coisas (154). Até as próprias vicissitudes dolorosas, como a queda dos anjos e o pecado do homem, não foram permitidas por Deus senão como ocasião e meio de pôr em acção toda a força do seu braço, toda a medida do amor que queria dar ao mundo:

«Assim como a vontade de Deus é um acto e se chama mundo, do mesmo modo a sua intenção é a salvação dos homens e chama-se Igreja» (155).

Catecismo

ACOLHIMENTO. Charles Fonseca


Veit Stoss, 1516 - Tobias and the Angel Germanishes National Museum, Nuremberg, Germany


Não vou na onda de publicar as bobagens postadas pela midia ainda que as comentando. Quem não aparece não é lembrado. Só posto o que acho bom, justo e belo. Do contrário estarei pondo em evidência os ptralhas, apaniguados, cooptados e safados. Não faço o jogo dos imbecis. Mil mentiras divulgadas passam a ser tomadas como verdades.

PALHAÇO. Charles Fonseca

PALHAÇO
Charles Fonseca

Essa dor que me constrange
Qual dardo no meu estômago
Faz de mim qual um sonâmbulo
Entre mágoas e sem sangue

Dos socos dos solavancos
Dos punhais sobre meu dorso
Tapa na cara em decoro
Mascarado saltimbanco

Sorrio e dentro só choro
Flores alegres de enterro
Farfalham as folhas pro erro
Sementes no mundo afora

Jazem mortas inda vivas
Só os meus amores não morrem
Atores sãos de mim correm
Saltitam falsos convivas.

domingo, agosto 25, 2013

Jakob Alt, 1845 -O mosteiro de Melk junto ao rio Danúbio

A BORRA. Charles Fonseca. Poesia

A BORRA
Charles Fonseca

Tenho segredos na alma
Negra me é a solidão
Por dentro é contra mão
Por fora o junto vergasta

A minh’alma rumo ao céu
O meu corpo ao fim descansa
Sobre a terra e em fiança
Desfaz-se esperança ao léu

Que ficou zanzando à toa
À espera, à socapa
De remir o trauma, o tapa
O soco, o cuspe, a borra.

Petrus Scheemaekers, the elder - Memorial of the van Delft and Keurlinckx Families O.L. Vrouwekatedraal, Antwerp, Belgium

sábado, agosto 24, 2013

ANTOLHOS. Charles Fonseca

ANTOLHOS
Charles Fonseca

Sinto em tua voz todo o fracasso
De teu gesto louco, do passo em falso.
Que te fez assim, tão presunçosa?
Faltou-te o devir, te ponho em glosa.

Não viste o além, viste o encandeado
Da imanente moeda, o fogo fátuo.
O doirado metal te alumiou os olhos
A queimar-te a mente, a te ser antolhos.

sexta-feira, agosto 23, 2013

NA ROTA DOS VENTOS, Charles Fonseca

NA ROTA DOS VENTOS
Charles Fonseca

Na rota dos ventos vagueio ao relento,
Nas rosas dos prados, desertos, montanhas,
Na crista das ondas que quebram, que bramam,
Que espumam nas praias, balanço ao vento.

Nos mares, nos ares, além no infinito,
De estrelas cadentes, de novas que surgem,
Em minh’alma carente, eterna, ressurgem
Amores, ardores, em versos, em ditos.

Acima dos mares profundos, no escuro,
Do além, do fundo dos tempos eis que surge
Um bem, nova estrela vem logo que urge
Brilhar em minh’alma, vem logo, futuro!

James Archer - A morte do rei Arthur

quinta-feira, agosto 22, 2013

Aos colegas médicos. A qualquer ato de imprudência, negligência, imperícia e charlatanismo, bem documentado, fazer boletim de ocorrência na polícia e denunciar ao Conselho Regional de Medicina.

RÓSEO CORAÇÃO. Charles Fonseca

RÓSEO CORAÇÃO
Charles Fonseca

Em teu colo acorrentado
Pende róseo coração
Prende o olhar, rosa em botão,
Os meus olhos nele cravo.

Este róseo coração
Por que pende assim de lado?
Sob cenho arqueado
Tens do vate olhar pidão.

Pende ele só prum lado
Está só à sua esquerda
Tremo os dedos, mão direita,
Quero ele empalmado.

Teu colo ele tem por cama
Olho ele e cavalgo
Tu me olhas só de lado
Se de frente tremo bamba.

Juan Martinez Montanés, São Domingos Penitente Museu de Sevilha. Escultura

quarta-feira, agosto 21, 2013

Nota de Esclarecimento do Conselho Federal de Medicina. CFM

Nota de Esclarecimento do CFM

Manutenção dos vetos à Lei do Ato Médico não amplia competências e atribuições de outras categorias profissionais da saúde

ALERTA À POPULAÇÃO

Brasília, 21 de agosto de 2013.
Para evitar equívocos de interpretação, assegurar o bom atendimento e informar à população sobre seus direitos, o Conselho Federal de Medicina (CFM) esclarece que:
1) A manutenção dos vetos ao projeto de Lei do Ato Médico não implica em ampliação das competências e atribuições das outras 13 categorias da área da saúde;
2) Os médicos continuam a ser responsáveis pelo diagnóstico de doenças e prescrição de tratamentos, sendo que os outros profissionais atuarão unicamente dentro do escopo de suas respectivas legislações, conforme jurisprudência dos Tribunais Superiores;
3) As únicas exceções possíveis para que os demais profissionais da saúde realizem alguns tipos de diagnóstico e de prescrição ocorrem em situações determinadas em programas de promoção da saúde, combate e prevenção a doenças;
4) Pessoas que realizem estes atos de diagnóstico e prescrição de doenças fora destes contextos específicos devem ser denunciadas às autoridades por exercício ilegal da Medicina, crime previsto no Código Penal com penas que vão de seis meses a dois anos de prisão;
5) Os pacientes devem ficar tranquilos, confiar sua saúde aos médicos, que têm assumido papel chave na assistência, e cobrar dos gestores o investimento necessário para qualificar os serviços públicos de saúde;
6) Os Conselhos de Medicina ressaltam que estão atentos às possíveis irregularidades, como parte de sua missão de defender a qualidade da assistência, a boa prática médica e a proteção e segurança da vida e da saúde dos pacientes.
Conselho Federal de Medicina (CFM)

MOINHO. Charles Fonseca

MOINHO
Charles Fonseca

As águas passadas após o moinho
Antigas são elas, moveram a roda
Do tempo, da vida, e vão-se embora
E agora eu fico a cismar no caminho.

Virá nova água, o tempo não pára,
Tampouco a vida, há sempre algo novo,
Nas voltas que a vida nos dá há tesouros
Que movem meu peito, moinho sob águas.

terça-feira, agosto 20, 2013

Carleton E. Watkins

AMADA MINHA. Charles Fonseca

AMADA MINHA
Charles Fonseca

Beijo-te a mão, minha amada,
A tua dá-me, vem, te quero,
Pura, terna, em paz te espero,
Dou-te minha mão, é madrugada.

Já é manhã, a treva é finda,
Vem, amada, foi-se a alva,
Quero teu corpo, tua é minh’alma,
Volta a noite, quero-te ainda.

Ludolf Backhysen, 1673 - Amsterdam visto do pier de Müssel

segunda-feira, agosto 19, 2013

SÓ UM POUQUINHO. Charles Fonseca

SÓ UM POUQUINHO
Charles Fonseca

É doce ver a face de Deus
Disse o pai em desalento
Ao ver-se só, ao relento,
Quase a dizer adeus.

É doce ver teu rosto
Pensei comigo, emoção,
Ter-te por pai, uma bênção,
Ver-te partir, um desgosto.

Fica mais, só um pouquinho,
É cedo, eterno é o além,
Teus filhos choram também,
Choram por ti todos cinco.

domingo, agosto 18, 2013

Johann Baptist Straub, 1762 - St. Barbara Public Collection. E41

ATAIDINHO. Charles Fonseca

ATAIDINHO
Charles Fonseca

Há tanto tempo, a meio caminho,
Havia um pilar, sustinha a ponte,
O meu irmão nela bateu, arfante,
Na ponte morreu Ataidinho.

Morreu, foi-se meu solidário irmão,
Ainda vive em mim sua lembrança.
Qual passarinho, foi-se a esperança
De ainda tê-lo estendendo a mão.

Era um tico-tico rasteirinho
Alegre, o amavam seus irmãos.
O nome herdou do pai, desolação,
Resta só saudade, choro baixinho.

sábado, agosto 17, 2013

Alfred Steiglitz

Igreja. Cristianismo

II. Origem, fundação e missão da Igreja

758. Para perscrutar o mistério da Igreja, é conveniente meditar primeiro sobre a sua origem no desígnio da Santíssima Trindade e sobre a sua progressiva realização na história.

UM DESÍGNIO NASCIDO NO CORAÇÃO DO PAI

759. «O eterno Pai, que pelo libérrimo e insondável desígnio da sua sabedoria e bondade, criou o universo, decidiu elevar os homens participação da vida divina», para a qual a todos convida em seu Filho: «E, aos que crêem em Cristo, decidiu convocá-los na santa Igreja». Esta «família de Deus» constituiu-se e realizou-se gradualmente ao longo das etapas da história humana, segundo as disposições do Pai: de facto, a Igreja «prefigurada já desde o princípio do mundo e admiravelmente preparada na história do povo de Israel e na antiga Aliança, foi constituída no fim dos tempos, e manifestada pela efusão do Espírito Santo, e será gloriosamente consumada no fim dos séculos» (152).

Catecismo

Marco d'Oggiono, 1491-1494 - Ressurreição de Cristo com os santos Leonardo e Lucy. A8

MADREPÉROLA. Charles Fonseca.

MADREPÉROLA
Charles Fonseca.

Entre a onda e o rochedo
Por fora é só uma ostra.
Dura, pétrea como as outras,
O seu núcleo é só brilho.

Entre a onda e o rochedo,
Maré alta, fundo ao mar,
Maré baixa, o luar
A beijá-la em segredo.

sexta-feira, agosto 16, 2013

Gregório Hernandez, Pietà (Detalhe) Museu de Valladolid

NA CRUZ. Charles Fonseca

NA CRUZ
Charles Fonseca

Bradava um de um lado
O outro em agonia
Clamava, ao centro pedia
Perdão, Salvador, me salva!

De um lado o ódio espumava,
Do outro humilde pedia
Centro do amor, alumia
O meu coração, me salva

De todo o mal que minh’alma
Fez também retribuía,
Tu que és o centro da vida
Perdão, Salvador, me salva!

O dia já se findava
Só, sobre si toda a dor,
Disse-lhe o Salvador
Só, meu amor te salva!

quinta-feira, agosto 15, 2013

APAIXONADAMENTE. Charles Fonseca

APAIXONADAMENTE
Charles Fonseca

Quando a ti chegarem filhos
Como os que a outros vieram
Tão carentes ao desamparo
E tão fortes se fizeram
Que ancestrais os esperem
Que não os ponham em trilhos

Que os mostrem antiquários
Daqueles que te foram novos
Campanários que bimbalhem
De alegria fogosos
Que da vida os afastem
Das chaves dos claviculários

Com que fechastes as portas
Das janelas tirem trancas
Que circulem como os ventos
Pelas margens das barrancas
Dos rios que cata-ventos
Girem que movam comportas

Daquelas que prendem as águas
Que alagam os ribeirinhos
Que afugentam os bichos
De pêlo os cordeirinhos
Que te amem sem ter nichos
Que prendem teus pais, sem mágoas.

Giovanni Bellini, 1475-1479 - Ressurreição de Cristo

quarta-feira, agosto 14, 2013

Igreja. Cristianismo

OS SÍMBOLOS DA IGREJA

753. Na Sagrada Escritura, encontramos grande quantidade de imagens e figuras ligadas entre si, mediante as quais a Revelação fala do mistério inesgotável da Igreja. As imagens tomadas do Antigo Testamento constituem variantes duma ideia de fundo, que é a de «povo de Deus». No Novo Testamento (129), todas estas imagens encontram um novo centro, pelo facto de Cristo Se tomar «a Cabeça» deste povo (130) que é, desde então, o seu corpo. A volta deste centro, agrupam-se imagens «tiradas quer da vida pastoril ou agrícola, quer da construção ou também da família e matrimónio» (131).

754. «Assim a Igreja é o redil, cuja única e necessária porta é Cristo (132). E também o rebanho, do qual o próprio Deus predisse que seria o pastor (133) e cujas ovelhas, ainda que governadas por pastores humanos, são contudo guiadas e alimentadas sem cessar pelo próprio Cristo, bom Pastor e Príncipe dos pastores (134), o qual deu a vida pelas suas ovelhas (135)» (136) .

755 «A Igreja é a agricultura ou o campo de Deus (137). Nesse campo cresce a oliveira antiga, de que os patriarcas foram a raiz santa e na qual se realizou e realizará a reconciliação de judeus e gentios (138). Ela foi plantada pelo celeste Agricultor como uma vinha eleita (139). A verdadeira Videira é Cristo: é Ele que dá vida e fecundidade aos sarmentos, isto é, a nós que, pela Igreja, permanecemos n'Ele, e sem o Qual nada podemos fazer (140)» (141).

756. «A Igreja é também muitas vezes chamada construção de Deus (142). O próprio Senhor se comparou à pedra que os construtores rejeitaram e que se tornou pedra angular (Mt 21, 42 par.: Act 4, 11; 1 Pe 2, 7; Sl 118, 22). Sobre esse fundamento é a Igreja construída pelos Apóstolos (143), e dele recebe firmeza e coesão. Esta construção recebe vários nomes: casa de Deus (144), na qual habita a sua família; habitação de Deus no Espírito (145); tabernáculo de Deus com os homens (146); e, sobretudo, templo santo, o qual, representado pelos santuários de pedra e louvado pelos santos Padres, é com razão comparado, na Liturgia, à cidade santa, a nova Jerusalém. Nela, com efeito, somos edificados cá na terra como pedras vivas (147). Esta cidade, S. João contemplou-a "descendo do céu, da presença de Deus, na renovação do mundo, como esposa adornada para ir ao encontro do esposo" (Ap 21, 1-2)» (148).

757. «A Igreja é também chamada "Jerusalém do Alto" e "nossa mãe" (Gl 4, 26) (149); é também descrita como a Esposa imaculada do Cordeiro sem mancha (150), a qual Cristo "amou, pela qual Se entregou para a santificar" (Ef 5, 25-26), que uniu a Si por um vínculo indissolúvel, e à qual, sem cessar, "alimenta e presta cuidados" (Ef 5, 29)» (151).

Catecismo

Rudolph Schadow, c. 1819 A Esculpido mármore branco figura de uma donzela Sentada Colecção privada. 40

METAMORFOSE. Charles Fonseca. F10

METAMORFOSE
Charles Fonseca

Entrei em metamorfose
Larguei a casca já velha
Do anseio que foi quimera
Foi canga pesada ao cangote.

Cifrado o destino estava
Sofri querendo primícias
Queria do amor as delícias
Perfídias ao fim só restava.

Aquém, passado obscuro
Além jardim a florar
Desejo rosa amar
Adeus ao velho casulo.

terça-feira, agosto 13, 2013

Carleton E. Watkins

SEGREDO. Charles Fonseca

SEGREDO
Charles Fonseca

Um disse ao outro: sei um segredo dela que o marido me falou. Silêncio do outro.

Ortolano, 1522 - Luto Cristo Morto. A8

segunda-feira, agosto 12, 2013

JACARÉ. Charles Fonseca

JACARÉ
Charles Fonseca

Neste mundão brasileiro descobri que tem um município chamado Jacaré dos Homens. Ainda bem. Estamos salvos.

Anders Zorn, 1920 Den Sonderslagna Krukan Colecção privada

ALFAZEMA. Charles Fonseca

ALFAZEMA
Charles Fonseca

Um cheiro de alfazema
pós banho na tenra idade
te ninar só tua vontade
depois berço cantilena

tu dormias eu sonhava
acordavas eu sorria
se choravas correria
choro agora ante nada

pois que és pra mim herdade
o meu filho tu criança
eu idoso em esperança
em ti, neto, que saudade!

domingo, agosto 11, 2013

Dia dos pais. 2013.

As formigas e o gafanhoto. Esopo

As Formigas e o Gafanhoto
Esopo

Num brilhante dia de outono, uma família de formigas se apressava para aproveitar o calor do sol, colocando para secar, todos os grãos que haviam coletado durante o verão.
Então um gafanhoto faminto se aproximou delas, com um violino debaixo do braço, e humildemente veio pedir um pouco de comida.
As formigas perguntaram surpresas: "Como? Então você não estocou nada para passar o inverno? O que afinal de contas você esteve fazendo durante o último verão?"
E respondeu o gafanhoto: "Não tive tempo para coletar e guardar nenhuma comida, eu estava tão ocupado fazendo e tocando minhas músicas e modinhas, que sequer percebi que o verão chegava ao fim."
As Formigas encolheram seus ombros indiferentes, e disseram: "Fazendo música, todo tempo você esteve? Muito bem, agora é chegada a hora de você dançar!"
E dando às costas para o gafanhoto continuaram a realizar o seu trabalho.

Antepassados presentes

Igreja. Cristianismo.

751. A palavra «Igreja» («ekklesía», do verbo grego «ek-kalein» = «chamar fora») significa «convocação». Designa as assembleias do povo em geral de carácter religioso. É o termo frequentemente utilizado no Antigo Testamento grego para a assembleia do povo eleito diante de Deus, sobretudo para a assembleia do Sinai, onde Israel recebeu a Lei e foi constituído por Deus como seu povo santo (125). Ao chamar-se «Igreja», a primeira comunidade dos que acreditaram em Cristo reconhece-se herdeira dessa assembleia. Nela, Deus «convoca» o seu povo de todos os confins da terra. O termo « Kyriakê», de onde derivaram «church», «Kirche», significa «aquela que pertence ao Senhor».

752. Na linguagem cristã, a palavra «Igreja» designa a assembleia litúrgica (126), mas também a comunidade local (127) ou toda a comunidade universal dos crentes (128). Estes três significados são, de facto, inseparáveis. «A Igreja» é o povo que Deus reúne no mundo inteiro. Ela existe nas comunidades locais e realiza-se como assembleia litúrgica, sobretudo eucarística. Vive da Palavra e do Corpo de Cristo, e é assim que ela própria se torna Corpo de Cristo.

Catecismo

HOMENAGEM AO MEU PAI. ANTES DO SOL POSTO.

Alcance do blog nos últimos 30 dias

Gráfico dos países mais populares entre os visualizadores do blog
Brasil
3311
Estados Unidos
2074
Rússia
510
Alemanha
265
Ucrânia
184
Polônia
76
Portugal
56
Espanha
30
Dinamarca
28
Romênia
28

PENSANDO NELA. Charles Fonseca

PENSANDO NELA
Charles Fonseca

Na janela pensativo
Nada vejo ou acontece.
Dormitei e ela aparece
De Morfeu tirou-me o siso.

Alisou-me as cãs revoltas,
Seu sorriso enternece.
Ah, se a outra aqui estivesse!
Que bobagem, rio à toa.

Todo dia penso nela
Dia claro, noite escura
No poente a procuro,
Nasce o sol, volto à janela.

Fra Angelico, 1437-1440 - Deposição da Cruz (detalhe)

sábado, agosto 10, 2013

DORMIAS. Charles Fonseca

DORMIAS
Charles Fonseca

Lá no alto de Ondina
Com o vento a farfalhar
Coqueiros de beira mar
Onde a vista descortina

Em meu colo te velava
Tu sonhavas, eu sorria.
Ondas beijavam a praia,
Beijos te dava, dormias.

Antico, Busto de um homem Museu de Belas Artes de Budapeste. Escultura

quinta-feira, agosto 08, 2013

Belo Monte. Alagoas.

AS DUAS RÃS. Esopo

AS DUAS RÃS
Esopo

Num tempo de calor fora do comum, um brejo secou e as rãs que lá moravam viram-se obrigadas a ter de se mudar dali para uma outra região. Duas delas peregrinaram até que chegaram a um poço profundo, onde ainda havia água.
— Hei! Veja só! Exclamou uma delas. "Por quê continuarmos? Vamos mergulhar aqui!"
— Peraí! Respondeu a outra, "pra baixo todo santo ajuda, mas, se o poço secar, como é que você vai poder sair dele?"

O que você aproveita hoje pode lhe prejudicar amanhã, por isso, pense bem antes de agir.

Albrecht Altdorfer, 1512 - Cristo na cruz entre Mary e St. John. A8

PROSEANDO. Charles Fonseca

PROSEANDO
Charles Fonseca

Sigo a ordem sequencial da minha produção artística. Subo ao cimo, desço aos vales. Atualmente publicáveis, 853. Um por dia. O que dá cerca de 2 anos e meio sem repetições, a não ser no final da lista. Como esta cresce, é possível que o primeiro da série só seja repetido daqui a 3 anos. Quem os ler haverá de concluir que há uma inflexão cada vez maior dos dolorosos, aos líricos, passando pelos eróticos, que não deixam de assomar, já aos 68 anos. A pulsão erótica nunca acaba. Este ano comecei a experimentar a prosa, coisa que não tinha experiência, com um certo temor cerimonioso. Digamos, uma prosa poética, muita vez.

Evandro Teixeira.

BARALHO. Charles Fonseca

BARALHO
Charles Fonseca

Uma rainha de copas
Falou pra dama de paus:
De espada tange o valete
Pra longe do ouro o hás
Pra ter canastra real
Aceita a minha proposta

O rei está decadente
Rainha sou orgulhosa.
Dama de paus leviana
Levou a cabo sestrosa
Encenação com insana
Miséria baniu o valente

Das cartas do seu baralho
Em seu lugar pôs curinga
Do morto cavou vicário
Manchou a canastra e ainda
Pôs longe valete que vário
Se rindo virou espantalho!

quarta-feira, agosto 07, 2013

Antonio Raggi, 1668-1669, Angel com a coluna (vista frontal) Coleção pública

Igreja. Cristianismo.

748. «A luz dos povos é Cristo: por isso, este sagrado Concílio, reunido no Espírito Santo, deseja ardentemente iluminar todos os homens com a sua luz que resplandece no rosto da Igreja, anunciando o Evangelho a toda a criatura» (120). É com estas palavras que começa a «Constituição Dogmática sobre a Igreja» do II Concilio do Vaticano. Desse modo, o Concílio mostra que o artigo de fé sobre a Igreja depende inteiramente dos artigos relativos a Jesus Cristo. A Igreja não tem outra luz senão a de Cristo. Ela é, segundo uma imagem cara aos Padres da Igreja, comparável à lua, cuja luz é toda reflexo da do sol.

749. O artigo sobre a Igreja depende também inteiramente do artigo sobre o Espírito Santo, que o precede. «Com efeito, depois de ter mostrado que o Espírito Santo é a fonte e o dador de toda a santidade, nós confessamos agora que foi Ele quem dotou de santidade a Igreja» (121). A Igreja é, segundo a expressão dos Padres, o lugar «onde floresce o Espírito» (122).

750. Crer que a Igreja é «santa» e «católica», e que é «una» e «apostólica» (como acrescenta o Símbolo Niceno-Constantinopolitano), é inseparável da fé em Deus Pai, Filho e Espírito Santo. No Símbolo dos Apóstolos fazemos profissão de crer a Igreja santa («Credo... Ecclesiam»), e não na Igreja, para não confundir Deus com as suas obras e para atribuir claramente à bondade de Deus todos os dons que Ele próprio pôs na sua Igreja (123).

Catecismo

Andrea di Bartolo, 1415-1420 - Cristo na estrada para o Calvário

HÁ Charles Fonseca


Charles Fonseca

Há mentiras nos vivos não reveladas,
Há verdade escondida nos cemitérios,
Há vivas versões de muitos mistérios,
Há loucas paixões em castiçais veladas.

Há acertos cabais que foram erros,
Há os erros confessos não perdoados,
Há perdões impossíveis não consumados,
Há mortos vivos, vivos mortos em enterros.

Há silêncios que falam há gritos roucos,
Há cegos videntes há olhares turvos,
Há caminhos retos que ao longe são curvos
Há carentes de afetos, sem eles loucos.

Lewis Carroll

AS DUAS CACHORRAS. Esopo

AS DUAS CACHORRAS
Esopo

Numa casa havia duas cachorras. Uma falsa e mentirosa, a outra, sincera e de muito bom coração. Um dia a falsa foi pedir ajuda à amiga e companheira de moradia.
- Comadre, meus filhos estão pra nascer. Será que você me cederia um cantinho da sua casa para que eu possa tê-los em segurança?
Comovida, a cachorra generosa permitiu que a outra se instalasse.
-Como minha casa não é grande, você fica sozinha com ela e eu me ajeito por aí até que seus filhos nasçam.
- Obrigada, minha amiga -agradeceu falsamente comovida a falsa.
A dona da casa dormiu três dias na rua. No quarto dia, ela voltou.
- Agora que seus filhos nasceram, eu quero minha casa de volta.
-Oh, mas veja como eles estão fraquinhos. Deixe-me ficar mais uma semana.
- Está bem, mas só mais uma semana.
Decorrido o prazo, lá veio outra desculpa esfarrapada:
- Meus filhos ainda estão muito pequenos, dê-me mais um mês. E cada vez que a cachorra boa voltava, a malandra pedia mais tempo até que um dia, quando voltou a pedir que devolvesse sua casa, deu de cara com sete cães enormes que lhe arreganharam os dentes. Eram os filhotes da cachorra má que já haviam crescido.
- Você quer sua casa? Pois venha tomá-la.
E pularam no pescoço da cachorra boa, sangrando-lhe até a morte.
MORAL DA HISTÓRIA
Expulsa o mal da tua casa e da tua vida antes que ele se fortaleça.

http://charlesfonseca.blogspot.com.br/

terça-feira, agosto 06, 2013

BAIÃO DE DOIS. Charles Fonseca

Jerome Dusquenoy, São Jerônimo Victoria and Albert Museum, em Londres

Igreja. Cristianismo.

742. «E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: "Abbá!" Pai!» (Gl 4, 6).

743. Desde o princípio até à consumação do tempo, quando Deus envia o seu Filho, envia sempre o seu Espírito: a missão dos dois é conjunta e inseparável.

744. Na plenitude dos tempos, o Espírito Santo realiza em Maria todas as preparações para a vinda de Cristo ao povo de Deus. Pela acção do Espírito Santo n 'Ela, o Pai dá ao mundo o Emanuel, «Deus connosco» (Mt 1, 23).

745. O Filho de Deus é consagrado Cristo (Messias) pela unção do Espírito Santo, na sua Encarnação (118).

746. Pela sua morte e ressurreição, Jesus foi constituído Senhor e Cristo na glória (119). Da sua plenitude, Ele derrama o Espírito Santo sobre os Apóstolos e sobre a Igreja.

747. O Espírito Santo, que Cristo-cabeça derrama sobre os seus membros, constrói, anima e santifica a Igreja. Ela é o sacramento da comunhão da Santíssima Trindade com os homens.

Catecismo

Miklós Barabás - Retrato do imperador Franz Joseph I, 1853

Carleton Watkins

Coast View

domingo, agosto 04, 2013

As cabras montanhesas e o cabreiro. Esopo

AS CABRAS MONTANHESAS E O CABREIRO
Esopo

Levou um cabreiro a pastar as suas cabras e de pronto viu que as acompanhavam umas cabras montanhesas. Legada a noite, levou todas a sua gruta.
Na manhã seguinte caiu uma forte tormente e não podendo levá-las, cuidou lá mesmo. Porém, enquanto dava a suas próprias cabras um punhado de forragem, às montanhesas servia muito mais, com o propósito de ficar com elas. Terminou por fim o mau tempo, e sairam todas ao campo, porém as cabras montanhesas escaparam para a montanha. Acusou-as o pastor de ingratas, por abandoná-lo depois de tê-las atendido tão bem, mas elas lhe responderam:

- Maior razão para desconfiar de ti, porque se a nós recém chegadas nos tratou melhor que a tuas velhas e leais escravas, significa isto que se logo vierem outras cabras, tu nos depreciaria por elas.

MORAL: Nunca confíes em quem pretende tua nova amizade a ponto de abandonar a que já tinha.

sábado, agosto 03, 2013

Sede da Secretaria de Saúde. Belo Monte. Alagoas.

Igreja. Cristianismo.

737. A missão de Cristo e do Espírito Santo completa-se na Igreja, corpo de Cristo e templo do Espírito Santo. Esta missão conjunta associa, doravante, os fiéis de Cristo à sua comunhão com o Pai no Espírito Santo: o Espírito prepara os homens e adianta-se-lhes com a sua graça para os atrair a Cristo. Manifesta-lhes o Senhor ressuscitado, lembra-lhes a sua Palavra e abre-lhes o espírito à inteligência da sua morte e da sua ressurreição. Torna-lhes presente o mistério de Cristo, principalmente na Eucaristia, com o fim de os reconciliar, de os pôr em comunhão com Deus, para os fazer dar «muito fruto» (116).

738. Assim, a missão da Igreja não se acrescenta à de Cristo e do Espírito Santo, mas é o sacramento dela: por todo o seu ser e em todos os seus membros, é enviada para anunciar e testemunhar, actualizar e derramar o mistério da comunhão da Santíssima Trindade (será este o objecto do próximo artigo):

«Nós todos, que recebemos o único e mesmo Espírito, quer dizer, o Espírito Santo, fundimo-nos entre nós e com Deus. Porque, embora sejamos numerosos separadamente, e Cristo faça com que o Espírito do Pai e seu habite em cada um de nós, este Espírito único e indivisível reconduz pessoalmente à unidade os que são distintos entre si [...] e faz com que todos apareçam n'Ele como sendo um só. E assim como o poder da santa humanidade de Cristo faz com que todos aqueles em quem ela se encontra formem um só corpo, penso que, do mesmo modo, o Espírito de Deus, que habita em todos, único e indivisível, os leva todos à unidade espiritual» (117).

739. Uma vez que o Espírito Santo é a unção de Cristo, é Cristo, a Cabeça do corpo, quem O derrama nos seus membros para os alimentar, os curar, os organizar nas suas mútuas funções, os vivificar, os enviar a dar testemunho, os associar à sua oferta ao Pai e à sua intercessão pelo mundo inteiro. É pelos sacramentos da Igreja que Cristo comunica aos membros do seu corpo o seu Espírito Santo e santificador (será este o objecto da segunda parte do Catecismo).

740. Estas «maravilhas de Deus», oferecidas aos crentes nos sacramentos da Igreja, dão os seus frutos na vida nova em Cristo, segundo o Espírito (será este o objecto da terceira parte do Catecismo).

741. «Também o Espírito Santo vem em auxílio da nossa fraqueza, porque não sabemos o que pedir nas nossas orações; mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis» (Rm 8, 26). O Espírito Santo, artífice das obras de Deus, é o Mestre da oração (será este o objecto da quarta parte do Catecismo).

Catecismo

Lucas van Uden - Paisagem com a Fuga para o Egito, 1654

ITACARÉ. Charles Fonseca. J10

ITACARÉ
Charles Fonseca

Volte sempre a Itacaré
Dizia a nina morena
A mim, a minha pequena,
Que pena que não dá pé

Ficar pra sempre aqui
Pra ver as ondas do mar
No ir e vir ao luar
Por nós, fiquemos aqui.

Pós tanto caminho ínvio
Oh que saudades que tenho
Dos mimos franzo meu cenho
Não tenho mais o carinho

Da nina estripulia
Do doce olhar do meu nino
De mim pra eles arrimo
De nós, quanta agonia!

Agora só restam histórias
Dos tempos que já não voltam
Da minha vida se soltam.
Prisões, saudades, memórias.

Alfred Steiglitz

sexta-feira, agosto 02, 2013

Igreja. Cristianismo

733. «Deus é Amor» (1 Jo 4, 8.16) e o Amor é o primeiro dom, que contém todos os outros. Este amor «derramou-o Deus nos nossos corações, pelo Espírito Santo que nos foi dado» (Rm 5, 5).

734. Uma vez que estamos mortos, ou pelo menos feridos pelo pecado, o primeiro efeito do dom do Amor é a remissão dos nossos pecados. E é a comunhão do Espírito Santo (2 Cor 13, 13) que, na Igreja, restitui aos baptizados a semelhança divina perdida pelo pecado.

735. Ele dá-nos então as «arras» ou as «primícias» da nossa herança (111): a própria vida da Santíssima Trindade, que consiste em amar «como Ele nos amou» (112). Este amor (a caridade de que se fala em 1 Cor 13) é o princípio da vida nova em Cristo, tornada possível graças ao facto de termos «recebido uma força vinda do alto, a do Espírito Santo»(Act 1, 8).

736. É graças a esta força do Espírito que os filhos de Deus podem dar fruto. Aquele que nos enxertou na verdadeira Vide far-nos-á dar «os frutos do Espírito: caridade, alegria, paz, paciência, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, auto-domínio» (Gl 5, 22-23). «O Espírito é a nossa vida»: quanto mais renunciarmos a nós próprios (113), mais «caminharemos segundo o Espírito» (114):

«Pela comunhão com Ele, o Espírito Santo torna-nos espirituais, recoloca-nos no paraíso, reconduz-nos ao Reino dos céus e à adoção filial, dá-nos a confiança de chamar Pai a Deus e de participar na graça de Cristo, de ser chamados filhos da luz e de tomar parte na glória eterna» (115).

Catecismo

Alonso Berruguete, 1526-1532, St. Christopher, madeira, Museu Nacional de esculturas religiosas, Valadolid

RODA D'AGUA. Charles Fonseca. D9

RODA D'AGUA
Charles Fonseca

As águas passadas após o moinho
Antigas são elas, moveram a roda
Do tempo, da vida, e vão-se embora
E agora eu fico a cismar no caminho.

Virá nova água, o tempo não pára,
Tampouco a vida, há sempre algo novo,
Nas voltas que a vida nos dá há tesouros
Que movem meu peito, moinho das águas.

Hans von Aachen - Alegoria, 1598. A7

quinta-feira, agosto 01, 2013

COLIBRI. Charles Fonseca

COLIBRI
Charles Fonseca

Há esperança no futuro
Se teu amor, mel de uruçú,
Me adocica o passado fel
E o meu céu se torna azul.

Adoça, mulher amada,
Minha vida de acauã.
Faz-me terno colibri
A beijar-te, cada manhã!