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terça-feira, maio 29, 2018

No dia em que fui tatuado. Charles Fonseca. Prosa.

No dia em que fui tatuado
Charles Fonseca

Na praia o sol a bater nos costados deste que queria ser mais escuro e não branquelo de dar dó. Passa um índio pataxó e me oferece suas gravuras. Que não, agora não. Pataxó de onde, amigo. De Ilhéus, Bahia. Alegrei-me. Perto, de Itacaré, numa aventura que não repetiria, lembrei-me da fazenda em que plantei cacau sob a mata atlântica até que militontos petistas implantaram na região a praga vassoura de bruxa só existente no Equador e na Amazônia para quebrar a arrogância dos barões do cacau, como disseram em depoimento na Polícia. Não deu em nada a não ser milhares de trabalhadores rurais sem trabalho a inchar as periferias da outrora rica região do cacau. Elogiei o conterrâneo quando, de súbito, tirou da mochila uma caneta e pediu pra me tatuar no braço. Este troço sai, amigo? Se não, nada feito. Sai, sim. É de graça? Sim. Terminada sua obra de arte com Hena que as mulheres usam nas sombrancelhas, agradecido, embelezado, o presenteei com dedicatória meu livro POEMAS que ele pediu que esta fosse para o filho de catorze anos.

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