CAATINGA
Charles Fonseca
Aí minha mãe trabalhava nos Correios. Aí eu estudava inglês com ela que tomava aulas e me repassava o que aprendia. Aí ela sustentou a casa sozinha durante algum tempo quando meu pai, agente de tributos, resolveu prender duas ou três boiadas, até que o proprietário pagasse ao Estado o imposto de circulação da mercadoria. Mas o proprietário era o prefeito da cidade, vindo a ser depois governador do Estado. Ele pagou o tributo. Meu pai foi demitido antes de que ele viesse a ser governador logo a seguir. Foi nessa época que todos os dias saia com ele para a caatinga caçar nambú, juriti, rolinha, siriema, teiú. De vez em quando ele apontava o cano da espingarda para o chão e dizia: olhe o rastro dela; dela quem meu pai? Da suçuarana. Eu morria de medo da onça aparecer. Mas ele dizia, que nada, ela é mansa, é como um gato do mato... Fim da caçada, a carne estava assegurada para a mulher e os cinco filhos. Aí começou meu amor pela caatinga.
sábado, julho 15, 2017
Caatinga. Charles Fonseca. Prosa
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