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sexta-feira, setembro 12, 2014

"Os donos do poder – formação do patronato político brasileiro".. Raymundo Faoro

“Nesta dança, orquestrada pelo estamento, não entra o povo: quem seleciona, remove e consolida as chefias é a comunidade de domínio, num ensaio maquiavélico de captação do assentimento popular. (...) Aqui está o ponto de contato da classe dirigente com o estamento, força, este, aparentemente de reserva, depositário, na realidade, das energias políticas. Por via desse circuito, torna-se claro que elite e estamento são realidades deversas, articulada a primeira no serviço da segunda, que a define, caracteriza e lhe infunde a energia. Há, todavia, situações em que as funções da sociedade se desenvolvem por via do estamento, não perfeitamente caracterizado ou confundido com a elite, despida esta de sua individualidade conceitual. Uma longa herança – herança social e política – concentrou o poder minoritário numa camada institucionalizada. Forma-se, desta sorte, uma aristocracia, um estamento de caráter aristocrático, do qual se projeta, sem autonomia, uma elite, um escol dirigente, uma ‘classe’ política.”
- Raymundo Faoro, em "Os donos do poder – formação do patronato político brasileiro". Vols. 1 e 2., Porto Alegre: Editora Globo, 1977, p. 92.

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