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quarta-feira, agosto 20, 2014

O teatro da política. Marcelo Madureira. Prosa

O TEATRO DA POLÍTICA
Marcelo Madureira

Política é teatro: tem drama, tem comédia (de erros), vários canastrões em cena e, pior, muitas vezes acaba em tragédia. Política tem pathos, conflito. Na maior parte das vezes, conflitos de interesses, quando deveria ser de ideias.

Nós, o populacho, somos a plateia: assistimos, torcemos, procuramos nos identificar com algum personagem e, principalmente, torcemos pelo retorno do “herói”, que vem para nos redimir.

Não me canso de dizer que a grande “contribuição” dos governos do PT ao Brasil foi consolidar na sociedade o descrédito na atividade política. Por isso mesmo, os eleitores não se mostravam muito motivados com as eleições de outubro próximo. O espetáculo estava chato. Um fracasso de público e de crítica. Espectadores entediados abandonavam a sala de espetáculo em busca de algo mais interessante para fazer.

Mas eis que surge o inesperado. Tal e qual um Deus Ex-Machina, o jato tenta um pouso, arremete e, qual um bólido, despedaça a candidatura de Eduardo Campos, propondo uma virada radical no enredo eleitoral.

Marina Silva, com todas as suas particularidades e idiossincrasias, vem à boca de cena para ocupar o papel de protagonista na trama. Marina é um personagem interessante. De origem muito humilde, educou-se, estudou, lutou muito e tem um ar de madona renascentista, sem deixar de ser cabocla. Marina é uma espécie de Madre Teresa de Calcutá, acriana, difícil não despertar a simpatia de uma boa parte do eleitorado. Confesso que admiro muito a pessoa Marina e, apesar de discordar de boa parte de suas posições políticas, acredito que sua candidatura só engrandece a disputa eleitoral.

As primeiras pesquisas indicam um ponto positivo em toda esta tragédia. O resgate de milhões de eleitores que não pretendiam votar ou votariam em branco ou, ainda pior, votariam nulo. Os fatos reaproximaram os eleitores do teatro político e isso é bom.

Um dos aspectos positivos da democracia são as eleições. Não pela simples disputa de quem perde e de quem ganha, mas pelo debate político que uma eleição enseja.

O processo eleitoral desperta a conversa política entre a população: entre amigos, parentes, colegas de trabalho, na fila do banco e na sala de espera do hospital. As eleições estimulam o debate, o confronto de pontos de vista, elevando o nível de politização da sociedade e, independente do resultado das urnas, a democracia sai fortalecida.

Neste sentido, o trágico sacrifício de Eduardo Campos não terá sido em vão.

E tenho dito.

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