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quarta-feira, março 20, 2013

Lagoa da Conceição. Charles Fonseca.

LAGOA DA CONCEIÇÃO
Charles Fonseca

Tenho uma amiga que me chama rouxinol. Não vou decodificar esta sincopada palavra. Não sabe ela que sou mais crocitante que as gralhas azuis do meu jardim interno. Quem sabe disto é a minha rolinha, a minha pombinha, o meu beija-flor que me cercam e que amenizam tanta dor! Porque não fora assim e nada seria jardim, tudo uma boca do inferno, um pé na cova, um céu nublado eu que olho a silenciosa marcha dos astros, das estrelas fulgentes, brancas, azuis ou avermelhadas, novas, maduras ou envelhecidas. Que tenho o carinho sempiterno do meu cão pastor, pra ele, coitado, sou o mais belo, o mais cheiroso, o mais protetor, ele que tanto me protege de hipotéticos invasores nesta ilha da magia, nesta lagoa da conceição pra onde a providência me trouxe, uma vez trinta e sete anos atrás e de novo há quase três anos. Daqui não saio, daqui só o amor me tira.

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